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Brasília

Secretário de Meio Ambiente do DF se posiciona contra plantio de cana-de-açúcar na Amazônia

O decreto foi um dos fatores que tornou o etanol brasileiro em um diferencial para as exportações, justamente por proteger os biomas de desmatamento

Aline Rocha

07/11/2019 18h48

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Aline Rocha
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Nessa quarta-feira (6), o governo de Jair Bolsonaro revogou o decreto responsável por estabelecer o zoneamento agroecológico de cana-de-açúcar que impedia a expansão do cultivo por áreas sensíveis do país, como Amazônia e Pantanal. 

O decreto 6.961, de 2009, foi um dos principais fatores que tornou o etanol brasileiro em um diferencial para as exportações, justamente por proteger os biomas de desmatamento. O zoneamento da cana foi formalmente defendido até mesmo pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) no ano passado.

O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal (DF) e ex-ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, divulgou nota em repúdio ao decreto do zoneamento da cana-de-açúcar, do Governo Federal. Segundo ele, esse biomas “tiveram sua degradação acelerada nesse primeiro ano de gestão Bolsonaro, com desmates e queimadas estimulados pelo próprio Presidente da República, que adota um discurso desenvolvimentista, só defendido pela ala mais atrasada do ruralismo nacional”. 

Leia a nota na íntegra

“Mais um sinal do governo para o desmatamento
(7.12.2019)

No momento em que sinais e ações do Governo Federal promovem um acelerado desmonte dos órgãos e das políticas ambientais do Brasil, a revogação do Decreto de Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, liberando a expansão do cultivo na Amazônia e no Pantanal, significa uma permissão implícita para o desmatamento.

Esses biomas que, por sua vulnerabilidade, desde 2009 haviam sido protegidos pelo Decreto 9.961, tiveram sua degradação acelerada nesse primeiro ano de gestão Bolsonaro, com desmates e queimadas estimulados pelo próprio Presidente da República, que adota um discurso desenvolvimentista, só defendido pela ala mais atrasada do ruralismo nacional – que, embora minoritária, tem muita influência sobre o Planalto.

A frente de desmatamento aberta por esse ato não irá ater-se apenas a áreas já degradadas, sabemos disso! Além do que, mesmo se o plantio de cana se desse apenas em tais áreas, ocuparia o lugar da pecuária e, portanto, pressionaria nossas florestas para a criação de novas áreas de pastagem advindas, seguramente, de desmatamento ilegal.

Além da intolerável destruição dos nossos recursos ambientais, mais uma vez o Governo dá um tiro no pé, travando a lei que institui o Renovabio, pois suas ações deverão ter como consequência novas barreiras comerciais para o biocombustível brasileiro no mercado internacional.

Sarney Filho
Ex-Ministro de Estado do Meio Ambiente”

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