Menu
Brasília

‘Quero justiça’, diz filha de mulher morta após defender namorado

Arquivo Geral

03/12/2018 19h29

Foto: Arquivo Pessoal

Rafaella Panceri
[email protected]

Morta com um tiro na testa após tentar proteger o namorado durante um assalto no Itapoã na madrugada desta segunda feira (3), a diarista Aparecida Pereira da Silva, de 40 anos, é definida por familiares e amigos como protetora. No último domingo (2), conheceu o filho do namorado e estava emocionada, como relata o pedreiro Gildemar Pereira Dias, de 44 anos, homem com quem Aparecida se relacionava há oito meses.

Eles estavam em um bar e, ao deixarem o local, foram rendidos por três homens armados. Aparecida estava dentro do carro e, quando viu uma arma de fogo apontada para Gildemar, reagiu e foi alvejada. Ao chegar ao Hospital Regional do Paranoá, porém, já estava sem sinais vitais. Ela deixa uma filha de 18 anos e uma neta de um mês. O velório e o sepultamento acontecem na cidade de Taiobeiras (MG), onde ela nasceu, nos próximos dias.

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o caso por meio da 6ª Delegacia de Polícia. Os autores do crime de latrocínio — roubo seguido de morte — são desconhecidos. Nesta tarde, policiais colhiam imagens de câmeras de segurança do Bar do Galego, localizado na QL 1 do Condomínio Itapoã II. O local foi visitado por Aparecida, Gildemar e pelos filhos dele minutos antes de o crime ser consumado.

Namorado da vítima, Gildemar Pereira Dias, 44, dá detalhes sobre sua última noite com Aparecida Pereira da Silva, 40. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

‘Ela estava muito alegre’
“Chegamos por volta da meia-noite. Já tínhamos ido ao bar outras vezes. Ela estava muito alegre porque meu filho tinha ido à casa dela pela primeira vez. Então pediu para ficar um pouquinho. Tomamos duas cervejas e, como tinha música, dançamos. Uma hora depois fomos embora”, lembra Gildemar. Ele tinha estacionado o carro em frente ao bar. Quando girou a chave e tentou dar a partida, percebeu que a gasolina tinha acabado.

Aparecida decidiu esperar dentro do veículo e o filho de Gildomar foi ao posto de combustível mais próximo. O pai ficou do lado de fora, junto com a nora. Foi quando o trio armado se aproximou. “Um deles sussurrou no meu ouvido: ‘Fica quieto, senão eu meto bala. Isso aqui é um assalto’”, conta. “Levaram o celular da Aparecida, que estava no meu bolso, e uma carteira”.

De dentro do carro, Aparecida viu que Gildemar tinha uma arma apontada para si. Imediatamente, saiu do veículo e estapeou um dos bandidos. A reação custou a própria vida. “Quando a vi caída no chão, não sabia o que fazer. Chamei o Corpo de Bombeiros, mas achei melhor levá-la para o hospital quando o meu filho chegou com a gasolina”, afirma Gildemar.

Crime ocorreu na rua em frente ao Bar do Galego, na QL 01 do Condomínio Itapoã II. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

“O médico me chamou em um canto e disse: ‘Sinto muito, mas ela não resistiu’”, recorda. “Estou sem chão. Fiquei sem poder fazer nada. Agora, sou só saudade. É uma dor que não sara nunca”, lamenta.

Justiça
A filha de Aparecida, Tatiane da Silva Lobo, estudante de 18 anos, soube da morte da mãe por telefone, por um amigo da família. “Achei que era piada, mas quando ele disse que era sério, meu coração quase parou. Minha mãe era toda doida, mas era o jeito dela. A gente brigava, mas ela sempre cuidou de mim. É uma pessoa que marcou a todos”, define.

Aparecida é natural de Taiobeiras (MG), mas deu à luz à filha na capital federal. As duas moravam juntas no Itapoã. “O mais triste é que ela nem pôde curtir a neta recém-nascida. Teve apenas um mês para isso e já era quem mais protegia e cuidava dela”, relata Tatiane. “Quero justiça. Quem fez isso desse jeito não pode ficar impune”, dispara.

Dono do bar reclama da criminalidade no local, mas garante que a situação tem melhorado com a atuação frequente da polícia. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

O dono do Bar do Galego, onde o grupo passou cerca de uma hora, recebeu investigadores na tarde de ontem e cedeu as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento. Ele, que prefere ter o nome preservado, diz que o ponto comercial está em uma boa fase.

“Antes da atuação mais próxima da polícia, estava difícil trabalhar. Tinha muito vagabundo nas calçadas, muita droga. Mas não vou bater de frente com eles. Prezo pela minha vida”, explica.

“O crime não aconteceu dentro do meu estabelecimento, mas esse tipo de situação incomoda. Eles estão em todo lugar e, quando dá meia-noite, procuram pessoas para roubar. O casal curtiu a noite aqui e foi embora. Eles acabaram sendo vítimas”, lamenta.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado