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Brasília

Quase 1 ano após crime, vítima de lesbofobia em Formosa luta por justiça

Moradora de Formosa (GO), Thaylanne é lésbica e foi atacada por dois homens de madrugada

Agência UniCeub

17/09/2020 20h00

Evellyn Luchetta
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Um facão, uma barra de concreto e um pedaço de pau. Quatorze dentes arrancados, o maxilar quebrado, um corte profundo na nuca e o traumatismo craniano. Essas foram as sequelas que essas armas deixaram no corpo de Thaylanne da Costa. Moradora de Formosa (GO), Thaylanne é lésbica e foi atacada por dois homens de madrugada. Xingamentos como “sapatão dos infernos” foram proferidos antes do ataque. O caso ocorreu em outubro do ano passado e, quase um ano depois, ninguém foi preso. Não houve flagrante e o crime foi registrado pela Delegacia de Formosa como lesão corporal.

Imagem de Thaylanne no hospital. Arquivo pessoal

“As vítimas procuram a polícia e muitas vezes são ofendidas, principalmente quando falam que são gays, lésbicas, travestis, transexuais, muitos riem, debocham de nossa cara, e tudo isso é uma maneira absurda de muitos lgbtqia+ se silenciarem”. A fala é do ativista Robherio Lima, fundador do Movimento Lute Como Ele, destinado a dar voz a essas vítimas, “Atuamos através de campanhas, de histórias que nos chegam sobre possíveis vítimas. É feito uma averiguação do caso, monta-se uma campanha baseado no que mais esta vítima necessita”.

Imagem: divulgação.

Thaylanne só foi encontrada horas depois da agressão, em estado grave, foi levada ao hospital em um helicóptero. Hoje, carrega sequelas psicológicas da agressão, quase não sai de casa e busca recuperar os dentes que foram arrancados durante a agressão.

O caso é um dos divulgados pelo movimento, para ajudar com os gastos em remédio e tratamento, a rifa de uma televisão está sendo feita, para doar clique aqui. Robherio conta que há uma luta também do movimento por recursos para ajudar as vítimas. “Estamos com um projeto de abrir um espaço físico, a fim de acolher pessoas da comunidade que estejam em situações de ruas e vulnerabilidades psicossocial”.

Risco

O Brasil é o país que mais mata travestis e transsexuais no mundo, segundo dados da ONG Transgender Europe divulgados em 2016, dados que ultrapassam países onde se é proibido por lei ser LGBTQIA+, a expectativa de vida desses alvos é de apenas 35 anos.

Quando se trata de mulheres lésbicas, como o caso de Thaylanne. “Do ano 2000 até 2017, o aumento foi de 2700%, considerando que no ano 2000 foram registrados 2 casos de lésbicas assassinadas e no ano de 2017, 54 casos”. Os dados são do primeiro dossiê sobre lesbocídio no Brasil, o projeto busca dar visibilidade a essas mortes, as análises são feitas apenas em casos divulgados na mídia.

Saiba aqui como ajudar

“Falar é necessário, foi por isso que eu criei o movimento lute como ele, mas como uma forma de falar, de gritar, de não silenciar. Precisamos abrir a boca tanto porque a comunidade LGBTQI+ é excluída e marginalizada historicamente em diversas áreas”, afirma Robherio, integrante dessa luta por espaço e direitos desta comunidade.

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