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Brasília

Forças de segurança retiram seis toneladas de drogas das ruas do DF

Arquivo Geral

14/12/2018 7h00

Divulgação

Jéssica Antunes
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Mais de seis toneladas de drogas foram retiradas de circulação no Distrito Federal neste ano. O número, referente às apreensões das forças de segurança, ainda se soma a outras 20.904 unidades de drogas sintéticas confiscadas entre janeiro e novembro. Ao mesmo tempo, a quantidade de ocorrências de tráfico não para de crescer: no período, os casos aumentaram 11%. Ontem, a Polícia Militar interceptou a maior carga dos últimos dois anos e a Polícia Civil desarticulou um bando que aterrorizava o Guará.

Somente a Polícia Militar foi responsável pela apreensão de 2.263,1 quilos de drogas, entre maconha, cocaína e crack, conforme o último Balanço da Segurança Pública divulgado no início do mês. Além disso, 18.572 unidades de sintéticos, sendo LSD, ecstasy e rohypnol, foram colhidos nas ruas. Já a Polícia Civil, em operações, contabiliza 3.737 quilos de maconha, 83 kg de cocaína, 60 kg de crack e 7 kg de haxixe. Com relação às sintéticas, foram 1.666 comprimidos de ecstasy e 702 micro-selos de LSD.

Apesar de os números serem altos, a apreensão de entorpecentes, alucinógenos e estimulantes apresenta queda em relação ao mesmo período do ano passado. Aquelas medidas em quilos tiveram redução de 30%. Já as unidades caíram 77%. Na ponta do lápis, em 2017, foram 8,8 toneladas de maconha, cocaína e crack e 92 mil unidades de LSD, ecstasy e rohypnol.

Divulgação/PMDF

Na madrugada de ontem, a Polícia Militar interceptou um caminhão carregado de drogas que passava pela BR-060 no DF. O veículo saiu de Ponta Porã (MS), um dos principais pontos de entrada de entorpecentes no Brasil, e tinha como destino a cidade baiana de Itapetinga. Disfarçada na carga de ração para cachorro, havia 2.460 toneladas de maconha.

A apreensão ainda não entra nas estatísticas do ano, mas é considerada pela corporação a maior dos últimos dois anos em território distrital. Além disso, também havia 2,5 kg de cocaína. O motorista foi preso em flagrante e levado à Polícia Federal.

Alimentador de delitos

Uma grande operação da Polícia Civil de combate ao tráfico de drogas prendeu 11 pessoas na manhã de ontem. Entre eles, Erivaldo Pereira da Silva, policial militar da reserva, suspeito de manter um ponto de tráfico em casa, ocultar e facilitar a comercialização dos ilícitos – incluindo armas e munições. O soldado teria sido expulso da PMDF por conta do vício. A ação do grupo, conforme as investigações, fomentava uma rede de crimes menores.

De acordo com o delegado da 4ª DP (Guará), Johnson Kenedy, o grupo se aproveitava dos matagais do Guará, Lucio Costa, SOF Sul e Riacho Fundo para vender maconha e crack. “Muitos moradores de rua e assaltantes abordavam as vítimas e subtraíam celulares e outros pertences. Depois, entravam no mato e trocavam os objetos por drogas. Era o principal trajeto dos objetos roubados, especialmente nas quadras ímpares do Guará”, diz.

Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília

Tecnologia, efetivo e lei dificultam

Diretor da Divisão de Repressão às Drogas da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) há mais de 12 anos, o delegado Leonardo de Castro defende que, apesar da diminuição da quantidade apreendida, as prisões cresceram. De acordo com ele, as corporações têm enfrentado obstáculos com tecnologias da comunicação.

“Hoje em dia, as transações acontecem muito por aplicativos de mensagens e, por muitos anos, a principal ferramenta para localizá-los foi a interceptação telefônica. Novos métodos conseguem atingir, mas ainda não é efetivo como antes”, diz. Há ramificações de investigações por meio de informações colhidas dos traficantes presos. Um trabalho de formiguinha, que segue os rastros até os grandes líderes dos grupos.

Entre as dificuldades, o delegado aponta a legislação branda que liberta os traficantes e o baixo efetivo da PCDF. A coordenação, por exemplo, foi criada há dez anos com 90 policiais. Hoje, são pouco mais de 50. “Como não diminuir a repressão se cai a mão de obra em um terço? Tentamos superar os obstáculos e este ano foi bastante produtivo. Apesar da diminuição na quantidade de drogas, houve mais prisões em flagrante”, relata.

O número de ocorrências de tráfico de drogas cresceu 11% neste ano. Conforme o Balanço Criminal do programa Viva Brasília – Nosso Pacto Pela Vida, divulgado pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, subiu de 2.352 para 2.624 a quantidade de registros nas delegacias da capital entre janeiro e novembro deste ano, comparado aos mesmos 11 meses de 2017. Só no Guará, neste ano, foram 99.

“Grande parte dos homicídios de Brasília são ligados a tráfico, principalmente acerto de contas e tentativa de eliminação da concorrência. Além disso, usuários viciam e passam a cometer roubos e furtos, fomentando crimes patrimoniais por conta do tráfico de drogas”, aponta Leonardo de Castro, delegado da Cord. A Polícia Militar não disponibilizou fonte para entrevista.


Enfrentamento

O atendimento a dependentes químicos na rede pública é feito nos nove Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD). Em Sobradinho, Santa Maria, Guará, Ceilândia, Itapoã, as unidades funcionam como acolhimento. Os Caps-AD tipo III, em Samambaia e na Rodoviária, oferecem também atendimento noturno com oito leitos para suporte. Há, ainda, a modalidade Caps AD I, em Taguatinga e em Brasília, que atende público infantojuvenil.

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