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Brasília

Para lidar com crise, comerciantes improvisam e reinventam negócios

Internet se transforma em espaço alternativo para vendas e prestação de serviços

Redação Jornal de Brasília

01/04/2020 17h30

Mayra Christie
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Criatividade. Essa será a ferramenta principal de comerciantes, pequenos empresários e prestadores de serviços que não podem suspender suas atividades neste momento de crise. A necessidade de se reinventar e buscar novas formas de seguir com seu negócio é o que está tirando o sono dessas pessoas que precisam seguir trabalhando para pagar as contas e também sobreviver.

Loiane Brandão é dona de uma loja de roupas e acessórios em Planaltina (DF). A empresária conta que, devido a necessidade de fechar as portas, está realizando suas vendas via redes sociais e encaminhando as peças para a casa do cliente. “Mando foto das peças e levo até 10 peças para eles provarem e busco, em casa,  as que a pessoa não irá ficar”, explica a empresária. É uma forma de tentar minimizar os danos ao comércio. “Até agora, está dando certo, mas não é a mesma coisa que estar com a loja aberta. Não podemos deixar o comércio 100% inativo pois as contas não irão parar de chegar”, completa. 

A internet é a principal aliada também de Bruna Soares nesse momento. A professora de balé clássico é proprietária de um estúdio de dança, também em planaltina. Ela ministra suas aulas por vídeos chamadas, e conta que, a forma encontrada por ela, tem como objetivo contribuir para a saúde física e mental dos seus alunos, além de manter seus rendimentos e amor pela dança. “Essa forma que encontrei de não parar é também para manter minhas alunas incentivadas e contribuir com a saúde mental delas”, explicou a professora. A iniciativa é uma forma de manter as matrículas no estúdio para o próximo mês. 

Bruna Soares acrescenta que não pretende abandonar essa nova forma de trabalho quando a situação normalizar. “Pretendo continuar com a plataforma online para algumas disciplinas dentro da dança. Provavelmente algo mais teórico”.

Entregas e drive thru

“Isolamos o bar e ficamos só com a parte de mercearia”

Se os clientes não podem ir até eles, eles vão até os clientes. Evitando aglomerações, como manda o decreto publicado pelo GDF, Maria Gorete e Carlos Ferreira, donos de bares em Sobradinho II e Planaltina, trouxeram novidades para seus estabelecimentos para não perderem seus clientes. 

“Nossa inscrição nos dá o direito de trabalhar com a parte de mercearia. Isolamos o bar e ficamos só com essa atividade. Estamos fazendo entregas e trabalhando também com drive thru”, disse o comerciante Carlos Ferreira. “É lógico que a gente não consegue atingir um faturamento satisfatório como antes. Foi uma forma de minimizar os efeitos da crise para podermos pagar os encargos, os boletos, os fornecedores das mercadorias e os funcionários, sem falar nas contas de água e luz”, acrescenta. 

Maria Gorete está trabalhando de forma parecida em seu bar em Sobradinho II. “Por um tempo, trabalhamos com grade, entregando as coisas por ela, mas essa semana a fiscalização já está forte. Estamos atendendo por telefone e whatsapp para entregar para pessoas que moram aqui por perto”, explicou. Quanto ao faturamento, a proprietária do estabelecimento conta não ter conseguido contabilizar ainda, e que, apesar de já terem pagado alguns fornecedores, não sabe como será daqui pra frente. 

“Não temos mais a mesma média de faturamento de antes. Estamos usando as redes sociais e buscando outras alternativas, como promoções”, afirma Gorete. 

Dono de uma fábrica de salgados no Guará II, André Lobo, que faturava principalmente com festas, também optou por trabalhar com entregas, além de ter improvisado um drive thru. “Estamos com estoque correndo risco de vencer e já tivemos uma diminuição no quadro de funcionários”. Apesar de não ter o mesmo retorno financeiro, André conta que essa solução já minimiza os prejuízos. “Vivo disso. Não podemos parar, temos que nos reinventar” completou o empresário. Ele garante que, mesmo após a situação normalizar, continuará trabalhando com as entregas. “Temos que estar com todas as possibilidades disponíveis para os clientes”.

Dificuldades

“Estou torcendo pra que tudo isso passe” Keilla Tinôco

As novas formas de trabalho não funcionaram para todos. Pequenos comerciantes como Keilla Tinôco, que tem um carrinho de cachorro-quente no Noroeste, conta que tentou trabalhar com entregas, mas que os gastos estavam sendo maiores que os faturamentos. “Tentei fazer entregas mas meu carrinho fica no Noroeste, logo meus clientes também, e eu moro na Candogolândia. Não estava conseguindo obter lucro”, explica.

Keilla também relata que teve que dispensar dois funcionários por não ter como pagá-los, e que não sabe como fará no próximo mês, visto que não tem outra fonte de renda. “Estou torcendo para que tudo isso passe. Bate um desespero por que, se continuar assim, não sei como vou fazer”, finalizou. 

Estar preparado

Para a psicóloga Marina Crispim, que atua na área de recursos humanos, buscar aprender novas formas de empreendedorismo em vídeos, livros ou podcasts é uma solução. “Esse é o momento que devemos aproveitar para adquirir novos conhecimentos e nos desenvolver” sugere. A psicóloga atenta a importância da internet nesse momento. “Ela (a internet) pode, e muito, contribuir com a execução de nossos trabalhos e inovar na forma como o fazemos”, afirmou Marina.

Diante disso, Marina Crispim alerta sobre a importância de ter fundos de reserva e educação financeira. “A possibilidade de ter esse suporte financeiro faz com que, passar por esses momentos, seja menos sofrido. É importantíssimo termos a consciência de que devemos nos preparar para situações como essa” afirmou. A psicóloga ainda aponta que, o impacto da crise vai variar para cada tipo de empresário, e que isso vai depender da sua capacidade de inovação. “Acredito que a diferença está naquele que primeiro tenha uma boa organização de seu financeiro, seja ele pequeno ou grande, e segundo aquele que tiver resiliência para enfrentar de forma criativa, ou seja, buscando inovar a forma com que trabalha” finaliza. 

Contatos de estabelecimentos:
Bar de Planaltina: (61) 3388-4128
Fábrica de salgados no Guará II: (61) 3039-5702

 

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