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Brasília

“Papel da escola é educar para reverter machismo”, diz secretária

Número crescente de assassinatos de mulheres soa o alarme no governo, que estuda formas de prevenção

Catarina Lima

17/01/2020 5h00

Atualizada 16/01/2020 23h31

Na contramão da queda da violência no Distrito Federal, os casos de feminicídio só aumentam. Num período de apenas 15 horas, três mulheres foram assassinadas no Distrito Federal — mais especificamente em Samambaia —, na última segunda-feira. Os crimes fizeram soar o alerta para as autoridades dos poderes Legislativo e Executivo da Capital. A Secretaria de Segurança Pública assegura que casos dessa natureza devem ser tratados como questão de Estado e não apenas de Segurança Pública, devido à complexidade de suas características.

“Em quase 70% dos casos de feminicídio havia histórico de violência doméstica, porém não havia registro que permitisse ao Estado interferir de alguma forma. Pior ainda: 72% dos casos aconteceram dentro da residência da vítima, local inacessível para as forças de segurança se não houver um acionamento prévio”, disse o secretário de Segurança, Anderson Torres, ao Jornal de Brasília. “Ao denunciar a violência doméstica, a sociedade dá uma chance de sobrevivência à mulher em risco de feminicídio”, frisou Torres.

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Feminicídio da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) vai realizar uma reunião extraordinária, durante o recesso parlamentar, na próxima quinta-feira, dia 23 de janeiro, para debater sobre o assunto. A vice-presidente da Comissão, deputada Arlete Sampaio (PT), disse que o objetivo da reunião é avaliar o material recebido até o momento para que seja possível levar sugestões concretas de combate à violência ao Executivo local.

Para lidar com esse crime de fácil elucidação e de difícil prevenção, as secretarias de Segurança, da Mulher e do Trabalho estão unindo esforços. A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, disse que políticas transversais — que perpassam por toda a estrutura do Goverdo do Distrito Federal — estão sendo implementadas. Às escolas da rede pública, segundo ela, caberá a desconstrução do machismo. “As escolas têm um papel importante na formação dos alunos, que muitas vezes carregam a cultura do machismo. O papel da escola é educar para reverter isso”, explicou a secretária.

Denúncia é a arma mais eficaz contra a violência

Anderson Torres insiste na importância da denúncia. “A prevenção do feminicídio passa obrigatoriamente pela conscientização da importância da denúncia, ele não surge do nada. Um homem não mata sua ex-mulher, namorada ou companheira de uma hora para outra. O crime é, na verdade, o resultado final de uma escalada de violência da qual a segurança pública, o Estado em geral, não têm conhecimento”. Segundo o secretário, é importante que se dê a oportunidade de o Estado interferir nesse crescente de violência, e isso somente será possível, de acordo com ele, por meio da denúncia.

A secretária Ericka Filippelli enfatizou a necessidade de apresentar às mulheres os equipamentos que estão à disposição delas caso sofram qualquer tipo de violência. Hoje já existe o projeto Empreende Mais Mulher, que em parceria com Senac promove cursos profissionalizantes e de aperfeiçoamento para que mulheres entrem no mercado de trabalho e deixem de depender financeiramente de seus companheiros. Também estão em construção quatro centros de apoio à mulher vítima de violência nas regiões administrativas do Sol Nascente, Sobradinho II, Recanto das Emas e São Sebastião.

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