Marcha une milhares de mulheres contra a violência
Cartazes com os nomes das vítimas de feminicídio e com figuras como a de Marielle Franco foram erguidos
Catarina Lima e Vítor Mendonça
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Um total de 5 mil manifestantes, sendo 3,5 mil do Movimento das Trabalhadoras Sem-Terra (MST) e 1,5 mil de organizações e movimentos sociais participaram em Brasília de uma manifestação pelo Dia Internacional da Mulher. A concentração começou logo cedo, no pavilhão do Parque da Cidade; depois o grupo seguiu para a frente do Palácio do Buriti e, em seguida, para a Torre de TV, de onde dispersaram. Na passeata, as manifestantes gritavam palavras de ordem para o fim da violência contra as mulheres. Cartazes com os nomes das vítimas de feminicídio no último ano e com figuras como a de Marielle Franco foram erguidos.
A deputada distrital, Arlete Sampaio, vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Feminicídio, foi uma das participantes da caminhada de ontem.
“Essa marcha une as mulheres urbanas e as as trabalhadoras rurais e vai ser, portanto, marcante neste oito de março no Distrito Federal”, avaliou.
A parlamentar disse ainda que a comissão está analisando o fenômeno para apontar ao Governo do DF as políticas públicas necessárias para proteger a vida das mulheres. Arlete considera que os discursos por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro, colaboram com a violência.
“A fala do presidente exacerba a cultura machista e patriarcal que existe no País, servindo de estímulo para que os homens agridam as mulheres” avaliou. Em seu discurso na manhã de ontem na manifestação, a deputada afirmou que ao final dos trabalhos a CPI vai apresentar ao Executivo do Distrito Federal, ao Legislativo e ao Judiciário, sugestões de políticas públicas para coibir a violência contra as mulheres.
“Hoje não é dia de presente, nem de parabéns, é dia de luta”, ressaltou o também deputado Fábio Félix (Psol).
Luta em família
A advogada Daniela Custódio, de 41 anos, paulistana residente em Brasília há 4 anos, considera o dia 8 de março uma data simbólica. A manifestante levou a filha Maria Júlia, de um ano e cinco meses, para a marcha. Segundo ela, a disposição para lutar deve começar cedo. Na advocacia, sua área de atuação, Daniela considera que muito já se avançou, mas ainda há muito para se avançar.
“Temos igualdade numérica, mas falta igualdade de oportunidades. Ainda estamos vivendo numa sociedade que discrimina”, ponderou.
Saiba Mais
- Alguns itens da pauta das mulheres que participaram da manifestação de ontem:
- Luta contra o feminicídio;
- Reconhecimento das competências femininas nas relações de trabalho;
- Maior competência feminina nos espaços de relação e poder;
- Construção de políticas públicas efetivas para combater a violência
- Ampliar a participação feminina na sociedade.