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Brasília

Mulher que invadiu embaixada desmaiou dentro da casa 

São cerca de oito funcionários da embaixada, além de suas famílias, que vivem na casa oficial

Redação Jornal de Brasília

13/11/2019 17h10

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Vítor Mendonça
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Uma das integrantes do grupo que invadiu a embaixada da Venezuela na manhã desta quarta-feira (13), desmaiou dentro da casa Venezuelana em Brasília. Ela foi levada dentro da viatura ambulatorial pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal por volta das 15h40.

Pelo menos vinte pessoas invadiram a residência do corpo diplomático venezuelano. São cerca de oito funcionários da embaixada, além de suas famílias, que vivem na casa oficial.

A última representante de Guaidó na embaixada saiu da casa, mas não da embaixada. Há uma esperança de que todos os representantes consigam sair em breve. 

Hoje à tarde o deputado Eduardo Bolsonaro publicou em seu Twitter um suposto vídeo do organizador da rebelião. Veja:

Restrição de entrada e saída 

Em meio ao impasse na embaixada venezuelana, a Polícia Militar do Distrito Federal entrou no prédio da representação diplomática e passou a proibir a entrada e saída de pessoas do local. Os deputados do PSOL e do PT, que acompanham a crise, afirmam que a atitude é “ilegal” e fere os tratados diplomáticos assinados pelo Brasil.

“Toda a ação que não siga em respeito ao escritório de negócio do senhor Freddy Meregote (encarregado de Negócios da Venezuela no Brasil) é uma ação ilegal atuando dentro de um espaço que não é brasileiro”, afirmou o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que está dentro da embaixada e acompanha a crise ao lado de outros parlamentares brasileiros.

Os primeiros policiais brasileiros entraram no prédio da embaixada por volta das 7h30. De acordo com relatos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, assessores do encarregado de negócios da Venezuela no Brasil convidaram os militares a entrarem para ajudar na remoção dos cerca de 20 invasores que ocuparam a embaixada na madrugada desta quarta-feira, 13.

Os policiais restringiram o acesso e a saída de pessoas na entrada principal da embaixada às 8h30, quando os primeiros grupos se formaram para protestar a favor e contra a tomada do prédio. Contudo, os convidados autorizados por Meregote e outros membros do corpo diplomático venezuelano podiam usar a entrada lateral.

Às 11h30, por ordem do major da Polícia Militar Rodrigo Campos, que comanda a operação, o acesso auxiliar também foi fechado.

De acordo com o Glauber Braga, o militar comunicou que estava “respondendo a ordens do governo brasileiro” e que “não sabia dizer quem era o embaixador venezuelano no momento”.

“Aqui, quem tem que dar orientação daquilo do que deve ou não deve ser feito, ou de que pode ou não pode, não são as autoridades brasileiras. Quem tem que fazê-lo é o encarregado de negócios, que é o principal representante diplomático do governo brasileiro na embaixada. É ele que determina, orienta. Está havendo um desrespeito flagrante por parte de autoridades brasileiras a esse que é um princípio que rege as relações internacionais”, afirmou Braga.

O Brasil é signatário de tratados diplomáticos que garantem a inviolabilidade das missões diplomáticas, de repartições consulares e representações de Organismos Internacionais e de seus arquivos e funcionários. Apesar de estar em Brasília, a área da embaixada é considerada território venezuelano e a polícia militar ou nenhuma outra força de segurança do País pode agir no local sem autorização do corpo diplomático.

A regra foi estabelecida na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, que afirma que são “prerrogativas especiais” para que esses consigam exercer plena e livremente suas funções no país em que cumprem missão, sem a interferência indevida do “país receptor”, no caso, o Brasil.

Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República afirmou que o presidente Jair Bolsonaro “jamais tomou conhecimento” ou incentivou a invasão da embaixada. A nota diz ainda que, “como sempre”, “indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade”. O texto diz ainda que as forças de segurança, da União e do Distrito Federal estão tomando providências para que a situação se resolva “pacificamente”.

Procurada, a Polícia Militar ainda não se manifestou.

Bolsonaro critica invasão 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, usou suas contas no Twitter e Facebook para criticar a invasão à embaixada venezuelana em Brasília por apoiadores do presidente autodeclarado da Venezuela, Juan Guaidó. Bolsonaro escreveu que o governo brasileiro repudia a interferência de atores externos, sem deixar claro quem seriam esses atores.

“Estamos tomando as medidas necessárias para resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, completou o presidente.

Duas pessoas detidas

Após a Embaixada da Venezuela ter sido invadida, do lado de fora cerca de 100 pessoas protestam contra a invasão.

Por volta de 11h30, duas pessoas foram detidas pela Polícia Militar (PMDF). Uma é apoiadora de Juan Guaidó, outra de Nicolás Maduro, políticos venezuelanos que protagonizam briga pela presidência do país. A apreensão ocorreu após alguns manifestantes pró-Maduro tentarem expulsar pessoas contrárias a eles, dando início a uma troca de tapas.

Os manifestantes entoam gritos de “Fascistas não passarão”, “Maduro não está só” e “Juan Guaidó miliciano, Bolsonaro miliciano”. Por volta de 11h15, eles fizeram um cordão humano em frente ao portão da embaixada.

No momento em que os invasores adentraram a embaixada eles tomaram conta de uma parte onde estavam alojadas várias pessoas, dentre elas crianças e mulheres. Segundo informações, os suspeitos agiram com violência, utilizando de socos, empurrões e truculência.

Um representante do Itamaraty, Maurício Correa, que está no local, considerou que o território pode, sim, ser adentrado pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Havia a dúvida quanto a permissão, uma vez que o local, teoricamente, é território internacional. O batalhão Rio Branco, unidade da corporação destinada a proteger representações diplomáticas, atua na operação.

Com informações do Estadão Conteúdo. 

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