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Brasília

Mais uma morte no DF engrossa estatísticas

Arquivo Geral

14/11/2016 7h19

Reprodução

Jéssica Antunes
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Pelo menos 15 mulheres foram assassinadas em contexto de violência doméstica neste ano no Distrito Federal. No último fim de semana, Tatiane Leal Ribeiro, de 38 anos, foi morta a facadas pelo ex- companheiro em frente à filha de 12 anos, em Samambaia. Ela havia passado na casa dele para buscar a caçula de três anos, que, horas antes, teria sido levada da residência dela à força. Além deste caso, na sexta-feira, uma mulher foi internada em estado grave após ser queimada pelo marido durante uma discussão. Em ambos os casos, ninguém foi preso.

Segundo informações da Polícia Civil, o ex-marido da mulher assassinada, Ronaldo Andrade Almeida, 36, foi até a casa dela, em Samambaia, por volta das 2h. Ele arrombou a porta, pegou a filha que o casal tem em comum e a levou para a casa dele, perto dali. Uma hora e meia depois, Tatiane chegou à casa do ex com a filha de 12 anos, pedindo que devolvesse a criança mais nova. Neste momento, o homem teria aberto o portão e atacado quando a vítima entrou.
A menina que a acompanhava presenciou a mãe ser morta e ainda tentou fazer Ronaldo parar com os golpes, sem sucesso. Após o crime, ele fugiu de carro.

Brigas e separação

A casa onde Tatiane morava está vazia. A família foi para uma cidade no interior de Minas Gerais, onde o corpo da vítima deve ser velado. A porta, que mal fecha direito, indica o arrombamento feito pelo ex- companheiro. Segundo familiares, o casal brigava muito, e o homem saiu de casa há dois meses.

“Eu a conhecia bem. Veio do interior para tentar uma vida melhor, mas acabou se envolvendo com esse homem. Ela era mãe responsável. Cuidava, protegia. Antes de se separarem, ele não a deixava trabalhar”, contou uma vizinha , que não quis se identificar por medo.

Em dezembro de 2012, Tatiane fez uma declaração para o marido no Facebook. “Ronaldo, você é o presente que Deus me deu”, publicou. No ano seguinte, ela fez uma denúncia relativa à Lei Maria Penha.

Indignação

Nas redes sociais, familiares e amigos lamentam e demonstraram indignação com o crime. Os parentes postam fotos de luto e um irmão de Tatiane escreveu uma mensagem se despedindo: “Vai com Deus, irmã. Vai deixar muita saudade”. O caso é investigado pela 26ª DP (Samambaia).

Queimaduras de 3º grau

Elisângela Mendes, 37 anos, teve a cabeça, o rosto e o tórax queimados pelo companheiro na noite de sexta-feira, no Setor Sol Nascente, em Ceilândia. A vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), mas, na manhã seguinte, o estado se agravou e ela foi transferida, de helicóptero, ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
O homem, com identidade não revelada, jogou um líquido inflamável contra Elisângela e depois ateou fogo. Ela teve queimaduras de 2º e 3º graus, o cabelo queimado e o rosto comprometido. Uma amiga tentou socorrê-la durante a agressão, mas também foi atingida. Lauriana Vieira, 34 anos, teve lesões de 1º e 2º graus. Consciente, a colega fez os primeiros socorros e relatou a agressão aos bombeiros. Não há informações sobre o estado de saúde das duas mulheres.

Ocorrências

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, entre janeiro e julho de 2016 foram registrados 12 casos de feminicídio. Depois desse período, houve pelo menos mais três ocorrências: o de uma mulher assassinada a tiros em 12 de setembro no Itapoã, depois de ser xingada de “vagabunda”; o de uma mulher de 42 anos agredida a facadas pelo marido em Ceilândia no dia 20 de setembro, e o deste sábado.

Em março, dados do Atlas da Violência 2016 mostraram que o número de feminicídios subiu 15,4% entre 2004 e 2014 no DF.

Memória
Casos no DF

A primeira condenação por feminicídio na capital aconteceu em dezembro passado, no Riacho Fundo. O réu foi condenado a 34 anos de prisão por assassinar a companheira e o vizinho do casal a tiros.

Em março, a estudante de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) Louise Ribeiro morreu em um laboratório da instituição. O ex-namorado teria dopado a jovem com clorofórmio. Dois dias depois, Jane Carla, 20 anos, morreu ao ser baleada pelo ex-namorado, que não aceitava o término, em Samambaia.

Em abril, Edinalva Cardoso da Silva, 47, foi morta a facadas pelo marido, em Sobradinho, em uma discussão. A vítima teria registrado ocorrências por violência doméstica. Em agosto, Dalvânia Correira da Silva, 20 anos, foi atingida por golpes de faca pelo marido, na Estrutural.

Em setembro, Eliane Vieira, 42, foi esfaqueada pelo marido durante discussão em Ceilândia Norte, e outra mulher morreu com três tiros, no Itapoã.

Saiba mais

Em vigor desde o ano passado, a Lei 13.104 alterou o Código Penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando o crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.

Por “razões da condição de sexo feminino”, a lei explica em duas hipóteses: a) violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Além disso, a legislação aumentou a pena para o crime de feminicídio.

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