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Brasília

Cemitérios do Gama e de Taguatinga têm vida útil esgotada

Arquivo Geral

01/03/2018 7h00

Atualizada 28/02/2018 23h17

Conceito de cemitérios-parque foi adotado porque até três corpos são enterrados no mesmo jazigo. Foto: Myke Sena

João Paulo Mariano
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Não há vagas. Essa é a situação dos cemitérios do Gama e de Taguatinga. Segundo a concessionária que administra os espaços, a Campo da Esperança, a vida útil dos locais está esgotada e não há possibilidade de usar novos espaços, apenas as vagas em jazigos já parcialmente ocupados. Para amenizar o problema, exumações são feitas nos corpos que obtiveram enterro social. A solução é paliativa, uma vez que ocorrem 900 sepultamentos mensais na capital.

Os outros quatro cemitérios do DF também estão perto do fim. Um exemplo é o de Planaltina, com utilização estimada de apenas seis meses e uma média de dois enterros por dia. As unidades de Brazlândia e Sobradinho têm mais tempo: 6 e 7 anos, respectivamente. Já o Campo da Esperança da Asa Sul, que conta com a maior área – 1,2 milhão m² –, tem previsão para mais dois anos e meio de uso.

A Campo da Esperança assegura que, desde 2002, quando assumiu a administração dos cemitérios do DF, tenta aumentar o tempo de uso das unidades com a adoção dos cemitérios-parque – onde há o enterro de até três pessoas em gavetas diferentes, mas no mesmo jazigo. Apesar disso, o espaço é finito e a população do DF, que já ultrapassou os 3 milhões, continua a crescer. Isso sem contar que esses espaços ainda recebem os corpos dos falecidos na Região Metropolitana.

Alternativa

O meio encontrado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) para aumentar o número de vagas foi a realização das exumações. No ano passado, os restos mortais de cerca de 600 corpos, sepultados por meio do enterro social, foram retirados das covas e colocados em ossário.

O chefe da Unidade de Assuntos Funerários, Manoel Antunes, explica que nos próximos 15 dias mais 600 cadáveres devem ser exumados nos cemitérios do Gama e de Taguatinga. Uma comissão supervisora vai ser nomeada para o acompanhamento desses trabalhos.

“Tudo é previamente comunicado à família por correspondência particular e por Diário Oficial. A família, que antes não teve condições de pagar pelo enterro, pode ter melhorado de condições financeiras e querer colocar os restos mortais em uma cova paga”, esclarece.

Para ele, essa é a alternativa mais viável para desafogar o espaço. Uma outra possibilidade apontada por Antunes é o uso mais intenso de ossários que são verticais, acima do solo – o que não traria problemas ambientais ao lençol freático – e é, inclusive, mais econômico. O gestor assegura que todos os corpos exumados são identificados, lacrados e colocados no ossário coletivo da forma mais respeitosa possível.

O JBr. conversou com funcionários de funerárias de Taguatinga e do Gama para saber se a questão tem atrapalhado os serviços nessas regiões. Todos disseram que, até o momento, conseguem enterrar os corpos “tranquilamente”, até porque as famílias têm usado as gavetas de jazigos que já são utilizados. Porém, só seria possível conseguir vaga quando ocorre o óbito: não é mais possível comprar um espaço ainda em vida, como era comum antigamente.

Terrenos privados: ideia empaca

Em 2017, ainda durante a gestão de Arthur Bernardes (PSB), a Sejus elaborou um projeto para que fosse permitida a criação de cemitérios em terrenos privados. A ideia era crescer o número de vagas com a presença de atores externos, já que, desde 2002, os terrenos são do governo, com licença de exploração pela empresa Campo da Esperança.

A proposta saiu da pasta no dia 2 de maio do ano passado com destino à Casa Civil para que ocorresse uma avaliação e, assim, pudesse ser encaminhada à Câmara Legislativa, onde precisa ser votada pelos deputados. De lá para cá, já se passaram nove meses e o projeto ainda não cruzou o Eixo Monumental, rumo à CLDF. Por nota, a Casa Civil informou apenas que o projeto está em análise jurídica, mas não explicou o porquê da demora, nem deu prazo.

O chefe da Unidade de Assuntos Funerários, Manoel Antunes, acredita que a ideia é uma boa iniciativa, pois a cultura brasileira preza pelo enterro e, por isso, o espaço vai ser cada vez menor.

Saiba mais

A inciativa da criação de cemitérios particulares foi apresentada após análise de um relatório da Controladoria Geral do DF, que apontou a presença de inúmeros problemas nos espaços.

Havia covas de sepultamento social que recebiam até três corpos, na vertical, jogados diretamente na terra. Reservatórios com água parada também existiam aos montes. À época, a Campo da Esperança respondeu que informações do relatório estavam desatualizadas, mas que corrigia o que fosse necessário.

Segundo a empresa, cerca de 90 mil sepulturas já completaram 5 anos e, portanto, podem ser exumadas. Além disso, há mais de 80 mil gavetas arrendadas ou adquiridas que ainda não foram usadas.

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