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Brasília

Governador do DF quer reabertura ‘sem restrições’: ‘Vamos tratar (a covid-19) como uma gripe’

Embora tenha sido o primeiro governador do país a adotar medidas de isolamento, Ibaneis declarou que a covid-19 deveria ter sido tratada como uma gripe desde o início

Redação Jornal de Brasília

30/06/2020 8h13

No mesmo dia em que decretou estado de calamidade pública pela pandemia da covid-19, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse estudar a reabertura total, até o começo de agosto, de bares, restaurantes, escolas e outras atividades. Em entrevista ao Estadão nesta segunda-feira, 29, Ibaneis afirmou que “restrições” já não servem para nada, pois se esgotou o “limite” da população. “(A covid-19) Vai ser tratada como uma gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início.”

O governador foi o primeiro entre os 27 do País a adotar medidas de isolamento para restringir a circulação de pessoas. Antes mesmo da confirmação do primeiro caso confirmado da doença no Distrito Federal, Ibaneis decretou emergência no dia 28 de fevereiro. No dia 11 de março, suspendeu aulas e proibiu eventos.

Ibaneis afirma não temer aumento de casos e óbitos após a retomada de atividades. “Não adianta querer colocar nas minhas costas o sofrimento dos outros”. O número de internações no DF tem aumentado. Segundo dados do governo local, estão ocupados 91,32% dos 219 leitos de UTI para a covid-19 da rede privada. Já em hospitais públicos, 61,4% dos 500 leitos reservados estão ocupados.

Segundo boletim de segunda-feira, 28, do governo local, o DF tem 47.071 casos da covid-19 e 559 mortos. Ao declarar estado de calamidade pública, o governo admite precisar de mais recursos públicos da União para enfrentar a pandemia. Ibaneis, no entanto, disse que medida foi meramente burocrática. O governador também elogiou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, com quem disse que jantará na terça-feira. “Pandemia é guerra. Guerra se trata com general. O general Pazuello tem de ser confirmado como ministro da saúde. Ele vai ser o maior ministro da história do Brasil.”

O senhor está estudando cronograma de retorno de mais atividades. No cenário atual, quando os serviços devem reabrir?

Pedi para o pessoal fazer o estudo. Até início de agosto eu deixaria tudo aberto.

Com restrições…

Nem seria com restrições, não. Restrição não serve mais para nada. Você não consegue mais fazer com que as pessoas fiquem em casa. O limite do isolamento já chegou. Ninguém fica em casa mais.

O senhor não teme que os hospitais lotem?

Vai lotar nada. Vai ser tratado como uma gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início.

O senhor acha que houve exagero no tratamento?

Acho que houve falta de atenção no tratamento. (Em nova ligação, o governador finalizou as respostas). Essa doença foi tratada no início como se o Brasil fosse regionalizado. Totalmente equivocado.

São Paulo é a porta de entrada de qualquer tipo de pessoa no Brasil porque tem o maior aeroporto do Brasil. Tinha de ser sido tratado de forma individual. O Rio de Janeiro tinha um carnaval que se aproximava com todos os estrangeiros que estavam chegando…

Pegaram a doença e largaram ela por aí como se não fosse responsabilidade de ninguém. Cada um saiu tomando a sua decisão. Então começou tudo errado. Por isso estamos sofrendo o que estamos sofrendo. Agora, não adianta querer colocar nas minhas costas o sofrimento dos outros.

Eu tomei as medidas que eu entendi naquele momento necessárias. Por isso achatei a curva, obriguei a população do Distrito Federal a ficar restrita durante 72 dias, o que não se consegue fazer em lugar nenhum.

Agora chegou minha hora de reabrir. Com população já educada, com leitos hospitalares, que os outros não têm a quantidade de leitos que eu tenho. Então, não adianta querer misturar a quizumba que foi criada no Brasil com o que eu fiz aqui.

Tenho 200 leitos de UTI sobrando. Tenho 170 leitos na UTI que, se eu quiser, dou uma canetada, já combinado com eles, estou pagando, e coloco à disposição da população. Estou montando mais 200 leitos de UTI daqui para a próxima semana.

O governo do DF assinou um decreto de calamidade pública…

A Câmara Legislativa, pela lei orgânica do DF, só ela pode decretar calamidade. Ela foi, decretou calamidade há 90, 100 dias. Mas o decreto da Câmara não serve para receber verbas federais. Tem de ter um decreto do governo estadual ou distrital.

Foi simplesmente para atender um requisito legal. Eu era o único Estado que não estava recebendo verbas da Defesa Civil, que são importantes. É uma coisa mais formal do que por necessidade.

O governo federal está se omitindo em algum ponto no combate à pandemia?

Não, governo federal hoje está tratando de maneira correta. Pazuello está fazendo da forma correta. Levando equipamentos para onde precisa. Se tivesse sido feito dessa maneira lá no início, o Brasil não teria a quantidade de mortos que está.

Pandemia é guerra. Guerra se trata com general. O general Pazuello tem de ser confirmado como ministro da saúde. Ele vai ser o maior ministro da história do Brasil.

Não atrapalhou o Ministério ter deixado de se manifestar sobre necessidade de distanciamento social, ainda que cada estado tenha regras próprias?

Acho que isso é o seguinte: nós temos uma população que tem uma divergência muito grande de formação individual, educacional. Aqui em Brasília vivo muito isso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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