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Brasília

Falta de clientes ameaça o comércio

Conforme pesquisa do IBGE, o volume de vendas do terceiro setor nacional, que em fevereiro registrou alta de 0,5%, experimentou quedas de 2,1% em março

Olavo David Neto

24/06/2020 7h44

Lojas ferchadasfoto : claudio py

Mesmo com a reabertura do comércio, as lojas estão amargando a falta de clientes. O setor agoniza para manter os quadros de funcionários em meio à queda no faturamento. Para o Sindicato dos Comerciários do Distrito Federal (Sindicom-DF), o parco movimento nas lojas significa perigo de demissão, e, até agosto, cerca de 70 mil pessoas correm o risco do desemprego.

Para Geralda Godinho, secretária-geral do Sindicom-DF, o cenário à frente parece desalentador. “O comércio está muito fraco”, queixa-se a sindicalista. “Mesmo depois da reabertura (em 27 de maio), não houve melhora sensível”, completa. De acordo com a dirigente sindical, as demissões no setor seguirão a tendência de queda no volume de mercadorias vendidas.

Conforme a pesquisa do IBGE, o volume de vendas do terceiro setor nacional, que em fevereiro registrou alta de 0,5%, experimentou quedas de 2,1% em março, quando as primeiras infecções foram notificadas no país, e 16,8% em abril. No Distrito Federal, a variação positiva de 0,9% do segundo mês do ano caiu para 10,8% no encerramento do trimestre inaugural de 2020, e chegou a despencar 16,6% nos 30 dias seguintes. Em janeiro, mês em que funcionários temporários contratados para as festas de fim de ano geralmente são desligados das empresas, 1.140 funcionários homologaram demissões na entidade classista.

A conta chegou

Fevereiro representou 613 dispensas, enquanto março e abril, já com a pandemia presente no DF, perceberam 578 e 98 cortes, respec tivamente. Foi em maio, porém, que a conta chegou. Com 1.100 demissões num período de relativa estabilidade em anos anteriores, o mês aferiu como a baixa atividade no terceiro setor afetou o emprego no Distrito Federal. Ainda assim, o cálculo está defasado, segundo Godinho. “A realidade virá de agosto para frente”, lamenta a dirigente sindical. “Se não houver prorrogação dos auxílios a trabalhadores e empresas, mais de 50% dos funcionários da área estarão desempregados”, calcula.

Isto porque não foram contabilizados os afastamentos e suspensões de contrato, recurso dos comerciantes para conter os gastos sem perder colaboradores. Ainda conforme a conta do Sindicom, há entre 120 mil e 150 mil trabalhadores do setor na capital da República — número impreciso graças às mudanças na aferição de índices de emprego advindas com a Reforma Trabalhista. A queda nos rendimentos dos funcionários do comércio pode virar uma espécie de roleta russa, segundo a secretária-geral.

Ainda conforme a pesquisa do IBGE, entre 24 e 30 de maio a taxa de desemprego no Brasil chegou a 11,4%, com 4,6 milhões de trabalhadores afastados temporariamente do serviço, 8,8 milhões em regime de teletrabalho e mais 17,7 milhões de desempregados que sequer puderam sair à caça de um emprego no período.

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