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Brasília

Exposição em Brasília traz fotos em preto e branco, e reflexões sobre sexo e preconceito

O trabalho apresentado é uma parceria entre fotógrafos, artistas e modelos

Agência UniCeub

09/08/2019 16h14

João Paulo de Brito
[email protected]

“A quebra dos limites humanos em cada personalidade”. Assim pode ser definida a exposição “NusLimites – Por Trás da Barreiras Invisíveis”, que estará em cartaz na capital federal a partir desta sexta-feira (9/08), em Águas Claras. A mostra, que trata sobre preconceito em relação a orientação sexual, consiste em um ensaio fotográfico desenvolvido pelo artista Bruno Ferraz, 29 anos. Além das obras expostas, o evento de lançamento contará com a presença da atriz e poetisa Maria Léo Araruna, 24 anos, que realizará uma performance artística e citará um poema presente no livro autoral “Bricolagem Travesti”.

O trabalho apresentado é uma parceria entre o fotógrafo Bruno Ferraz, a atriz Clara Camarano e os modelos Diego Guaitá, Igor Gabriel Silva Alves e Mayk Lucas Medeiros de Souza. Segundo Bruno Ferraz, a apresentação das fotos em preto e branco reflete a procura por novas tonalidades em um ambiente marcado pela ausência de cor. “A opção pelo P&B busca a explosão de cores onde não há cores. Retrato os modelos como andrógenos. Gosto de desmistificar o ator, o sexo e colocar alma no meu trabalho. Afinal, cada ser humano pode ser o que quiser. A alma fala muito mais nesta exposição”, explica o artista plástico.

Bruno Ferraz gosta de desmistificar o ator, o sexo e a alma nas próprias produções. Foto: Divulgação

 A atração ficará em cartaz por dois meses e reúne 30 obras, nas quais os quatro modelos são representados nus a partir de aspectos individuais. “O estar nu, no entanto, não é agressivo. São fotos provocativas que levam à reflexão por meio da prisão atrás de vidros, de sacos plásticos e demais adereços”, destaca Bruno Ferraz.

Necessidade de fala

A performance “Enxergue as Travestis no Gerúndio”, desenvolvida pela atriz e poetisa Maria Léo Araruna, é uma das atrações do evento. A artista explica que ideia foi originada a partir de um desejo pessoal em se comunicar internamente e com outras transsexuais. “Surgiu da minha necessidade de falar sobre meus afetos com outras travestis e, principalmente, comigo mesma. Já vinha fazendo uma outra performance que possuía uma carga muito densa de crítica e denúncia contra a transfobia. Acabava se tornando uma experiência pesada tanto para mim, que a realizava, quanto para o público, embora bastante necessária. Com essa nova performance, eu queria trazer mais leveza e amor, acima de tudo. Mas, sem deixar de lado o visceral e a potência do discurso. Então, criei algo que funciona como um mosaico composto de: sons, canção, palavra e corpo.”

A atriz realizauma performance artística durante a exposição. Foto: Reprodução.  

Maria Léo relata que a participação na exposição surgiu após uma apresentação da artista em um bar local, no qual Bruno estava presente. Impressionado com o espetáculo, o fotógrafo a convidou para fazer parte do evento. “Tinha percebido que  precisaria dominar o espaço, pois com as apresentações anteriores, o público estava muito disperso. Comecei a performance e fui me locomovendo pelo espaço, subindo nos móveis, dialogando com as pessoas enquanto apresentava, isso trouxe um silêncio e uma atenção para o que eu estava executando. E, no final, uma pessoa da plateia, que é o Bruno Ferraz, me elogiou bastante e sentiu que minha arte poderia agregar com a exposição dele. Daí veio o convite que aceitei na hora.”

Por fim, a atriz conta que o espetáculo consiste em fazer o público se questionar sobre a forma como as pessoas observam o corpo alheio. “Espero conseguir modular o espaço e o imaginário das pessoas presentes naquela exposição sobre o mais importante: que tipo de olhar lançamos sobre um determinado corpo? Por que, as vezes, é tão difícil concebermos um corpo que está na nossa frente? Como estamos olhando as pessoas? Acredito que essa paisagem de questionamentos vai se encaixar muito bem com a proposta da exposição fotográfica: o nosso olhar sobre corpos com expressões dissidentes.”

 

Ficha Técnica:
Local: Ultra Violeta Art Gallery (Rua Pitangueiras Lt 6 – Edifício Easy – Águas Claras)
Horário: a partir das 20h
Ingressos: entrada gratuita
Classificação: recomendado para maiores de 18 anos

 

 

 

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