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Brasília

Enterro de primeira mulher nascida em Brasília é marcado por grande comoção

Arquivo Geral

11/09/2016 17h54

Atualizada 12/09/2016 0h58

Foto: Kleber Lima/JBr

Corpo de Brasília Góis foi sepultado em cemitério de Taguatinga (foto: Kleber Lima)

Foi enterrado na tarde deste domingo (11), às 16h, no cemitério Campos da Esperança de Taguatinga, o corpo de Brasília Maria Costa Góis, a primeira pessoa nascida na capital federal. A pioneira morreu na madrugada de sábado (10), aos 56 anos, após não resistir a uma parada cardiorrespiratória no Hospital Regional de Santa Maria, onde estava internada desde o último dia 7. Ela, que foi diagnosticada recentemente com uma doença pulmonar crônica, era também diabética e hipertensa. Afilhada do ex-presidente Juscelino Kubitschek e paparicada no passado por políticos e veículos de imprensa, Brasília deixa dois filhos, uma moça de 21 anos e um adolescente, 15.

O velório de Brasília começou pontualmente às 12h. A cerimônia foi marcada por forte comoção, mas também por sentimento de revolta. Familiares e amigos lembraram da luta da brasiliense para conseguir tratamento em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com suporte dialítico. A gravidade do caso era visível. Brasília precisava fazer hemodiálise o quanto antes. Porém, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas, onde esteve internada até quarta-feira, antes de ser transferida, o procedimento não foi possível. À espera por vaga em uma UTI durou quatro dias. A família precisou ir à justiça contra a Secretaria de Saúde do DF para ter o pedido atendido.

“Ela adorava Brasília. Contava com orgulho que tinha sido a primeira criança nascida na capital. Minha mãe dedicou mais de 30 anos de sua vida ao serviço público, trabalhou na Saúde [como auxiliar administrativo no hospital público de Ceilândia], mas não teve o retorno e o reconhecimento que merecia. Vai fazer muita falta”, desabafou Grazielle Gois Brandão, 21, filha da pioneira.

Brasília Maria Costa Góis (à esquerda) com a filha Grazielle Góis. Crédito: arquivo pessoal

Brasília Maria Costa Góis (à esquerda) com a filha Grazielle Góis. Crédito: arquivo pessoal

Problemas psiquiátricos

A ilustre brasiliense, que era aposentada, sofria com problemas psiquiátricos e tomava três tipos de remédios controlados, diz a filha: “Ela tinha esquizofrenia, transtorno bipolar e de ansiedade”. O tratamento teria sido interrompido há três anos, por falta de vaga no Hospital Pronto Atendimento Psiquiátrico (HPAP), onde era atendida.

Com dores nas costas, Brasília procurou a UPA do Recanto das Emas, onde mora com os dois filhos, o marido e uma sobrinha. “Quando falei que achava que poderia ser nos rins, ela ficou agitada”, revelou, anteontem, a filha, lembrando que a mãe era fumante há mais de 30 anos e foi diagnosticada recentemente com doença pulmonar obstrutiva crônica, além de ser diabética e hipertensa.

Faltam vagas na rede pública

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que Brasília Góis estava internada na sala vermelha da Unidade de Pronto Atendimento, onde recebia atendimento com suporte semelhante ao de uma UTI, enquanto aguardava transferência para leito de terapia intensiva “que atenda às necessidades do quadro clínico”.

A pasta reconhece que a mulher aguardava uma vaga desde o dia 3, quando entrou na fila de regulação de leitos de UTI. “Desde então, a Central de Regulação tem feito buscas ativas para atender a demanda”, diz o texto.

Conforme a nota, a pasta alegou que ampliou a busca por leito de UTI também na rede privada não contratada, seguindo a recomendação judicial que foi recebida.

A secretaria informou ainda que Brasília Góis seria encaminhada ao leito de terapia intensiva tão logo houvesse disponibilidade de vaga com as especificações necessárias.

Ordem judicial

Já passava das 20h da última quarta-feira (7), 50 horas depois de a ordem judicial ser expedida, quando uma viatura do Samu fez a transferência da paciente, segundo a Secretaria de Saúde informou. O relatório médico, que foi entregue à família, indicava que Brasília Góis estava com quadro de “choque séptico com foco urinário e pulmonar”.

O laudo, expedido no início desta semana, indicava a necessidade de UTI “com suporte dialítico” com urgência.

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