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Brasília

Enfermeiros relatam atuação durante pandemia

Projeto do curso de Enfermagem da UnB abriu espaço para que os profissionais compartilhem experiências no combate à covid-19

Larissa Galli Malatrasi

03/08/2020 18h00

Já faz quase cinco meses que a pandemia da covid-19 chegou ao Brasil. Nesse tempo, todo mundo experimentou um impacto diferente na rotina. Os profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus certamente sentiram de perto o efeito da pandemia. Pensando em abrir espaço para que esses profissionais relatem suas experiências, estudantes de vários semestres do curso de Enfermagem da Universidade de Brasília (UnB) estão entrevistando enfermeiros que atuam no combate à covid-19 em todo o país.

A ação faz parte do projeto Enfermeir@s Incríveis na linha de frente da pandemia de covid-19, que busca valorizar a atuação desses trabalhadores no contexto de avanço da doença. Os estudantes da UnB são orientados pela professora Mariana Franzoi, da Faculdade de Ciências da Saúde (FS). Até agora, 36 enfermeiros já deixaram depoimentos sobre as mudanças e os desafios que têm enfrentado no cotidiano, além do impacto da pandemia em suas vidas.

A iniciativa já conta com vídeos no youtube, áudios no spotify e textos no blog do projeto sobre relatos coletados. “Queremos desconstruir essa imagem do herói. Muitos enfermeiros estão vulneráveis, muitos profissionais foram infectados e faleceram. Queremos mostrar o lado humano, que eles têm desafios e medos e que eles devem ser valorizados pelo que fazem”, diz a professora Mariana Franzoi, coordenadora do projeto.

Entre os entrevistados, há enfermeiros de diversas áreas: atenção básica, vigilância de saúde, cardiologia, saúde mental, oncologia, obstetrícia, unidade de terapia intensiva, emergência e trauma, gestão de políticas públicas, home care, sistema prisional e também da fiscalização do exercício profissional.

A enfermeira Jéssica dos Santos Guedes, que atua como residente do programa de Oncologia pelo IGES-DF no Hospital de Base, no setor de Hematologia, compartilhou como ela lidou com o primeiro paciente com suspeita de covid-19 que ficou sob seus cuidados. “Uma equipe enorme do hospital precisava ser mobilizada para o deslocamento e transferência desse paciente. Todo lugar que ele passava, a equipe de limpeza especial acompanhava realizando a higienização do local”, relatou. ” Por ser uma doença nova, os protocolos são atualizados constantemente e vivemos na incerteza de qual é a melhor assistência para o paciente”, completou.

Jéssica contou ainda que as coisas ficaram mais difíceis quando a situação agravou. “Pouco a pouco sentimos que as coisas estavam agravando e entrávamos em contato cada vez mais com infectados e casos suspeitas na internação. Após passar pelo estágio de cuidado com pacientes infectados, vimos diariamente pessoas da equipe sendo contaminadas e necessitando serem afastadas de seus postos de trabalho, inclusive eu”, disse. A enfermeira destacou a importância de seguir as regras de isolamento.

“Isso diz respeito à responsabilidade coletiva. Doenças pandêmicas são sérias e podem levar à morte de grande parte da população. Respeitar as medidas de isolamento social é essencial. Não esqueçam de higienizar as mãos como uma prática constante, usem máscara se necessitarem sair de casa e se cuidem e cuidem do próximo; esse é um momento que a empatia deve sobressair”, finalizou.

A enfermeira Creuza Gomes Ferreira Neta, residente da Atenção Básica na UBS 5 de Taguatinga, relatou a preocupação dos profissionais de saúde com a possibilidade de levar o vírus para casa. “Me sinto responsável em evitar o contágio das pessoas ao meu redor e sempre há o medo de estar infectada e de estar disseminando a doença, então vivo diariamente essa…

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