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Brasília

Empresas de bufês criam protocolo contra covid-19

Retorno de eventos corporativos no DF promete animar mercado abatido

Redação Jornal de Brasília

25/09/2020 7h36

Buffet Renata La Porta foto :Divulgação

Tatiana Py Dutra
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O mais recente decreto de flexibilização das atividades coletivas editadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF), na segunda-feira (21), injetou ânimo a um setor muito afetado pelas restrições da pandemia: o de gastronomia para eventos.

“Se o faturamento dos restaurantes caiu para 25%, o nosso foi reduzido a zero. Tivemos que devolver valores de eventos que foram cancelados, sem falar de centenas que deixaram de ser contratados. Os prejuízos são incalculáveis”, conta Renata La Porta, a presidente da Associação de Buffets do Distrito Federal (ABDF), que reúne as 25 maiores empresas do setor, que estimam perdas da ordem de R$ 50 milhões.

A sangria deve ser estancada nos próximos meses, já que o decreto governamental autorizou a realização de eventos corporativos na capital a partir do próximo dia 6 de outubro. Isso amplia o espaço de atuação para as empresas desse mercado, que desde 15 de julho só operavam com a realização de eventos particulares.

Regras

Ainda que liberados para o serviço, os banqueteiros encontrarão um mercado com restrições. Os primeiros evento a serem realizados terão, no máximo 100 convidados – número que irá progredindo até mil quando dezembro chegar. Há ainda um conjunto de normas sanitárias a seguir para evitar a disseminação do novo coronavírus, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e da disponibilização de álcool em gel sobre todas as mesas.

Mas a ABDF foi além e criou seu próprio protocolo de segurança, com rigor ainda maior do que o elaborado pelo GDF. As normas incluem testagem das equipes e uso de máscaras e face-shields. Até a forma de servir os convidados será diferente.

“O protocolo do GDF não leva em conta as particularidades de festa, não fala da forma de se servir um salgado. Antigamente, a gente andava com uma bandeja no salão e as pessoas iam se servindo. No nosso protocolo, o cliente é proibido de ter qualquer contato com o alimento”, diz Renata.

Novo jeito de servir

A presidente conta que canapés, por exemplo, serão servidos pela equipe com uso de pinças. As longas mesas de bufê foram abolidas: os pratos são escolhidos pelos convidados e servidos de forma individual. Guardanapos e talheres serão disponibilizados embalados para evitar contaminação.

Se por um lado a adoção de um protocolo extra deu tranquilidade aos empresários, por outro é preciso contar com a boa vontade de anfitriões e convidados para que as normas sejam seguidas. Para isso, a ABDF está fazendo um trabalho de conscientização dos clientes, que, aos poucos, estão voltando.

“Se por um lado as pessoas realmente têm medo, por outro, [a covid-19] fez as pessoas valorizarem a vida mais do que nunca. É normal que queiram celebrar as pessoas que importam, a própria vida. Muitas estão celebrando o fato de terem sobrevivido”, revela Renata.

Recuperação das casas de festas só em 2022

Ainda não há dados oficiais, mas a pandemia afetará de forma irreversível dezenas de casas de festa de Brasília. Quem conseguiu se reinventar após quase 10 meses de portas fechadas, ainda terá de lidar com o fato de que os eventos que foram cancelados este ano e reagendados para 2021 não darão dinheiro extra.

“O ano de 2021 está perdido também, porque tudo o que estava marcado foi congelado e transferido. Não tem espaço físico, de agenda, data, nada. É uma visão que poucas pessoas tem sobre esse negócio”, comenta Carlos Henrique Caetano, gerente de uma conhecida casa da Asa Sul, que vendia pacotes de eventos com decoração, bufê e salão.

Quem sobreviver vai precisar de saúde financeira e um bocado de coragem. Isso porque o orçamento dos eventos é proporcional ao seu tamanho. E, por enquanto, de festas de aniversário a casamentos, as celebrações são “pocket”. E escassas.

“De março até a sexta-feira passada, fizemos dois aniversários para 40 pessoas. No salão, cabem de 800 a mil convidados”, revela outro gerente, que pediu para não ser identificado.

Estima-se que o setor de gastronomia em eventos tenha perdido R$ 850 milhões em faturamento este ano, com o cancelamento de 3 mil eventos. Esse vácuo também se traduziu em desempregos e menos 30 mil contratações temporárias.

“Foi uma coisa muito drástica. A gente tem de lidar com funcionários, com o mercado de freelancers, e não tivemos muito apoio. Tentamos via delivery, mas a gente é bufê, não é um restaurante. Por mais que tentássemos competir, não conseguimos espaço”, relata Carlos Henrique.

E ainda que as liberações de festas maiores esteja no horizonte desses estabelecimentos, recuperar o prejuízo perdido não está. Os preços praticados antes da pandemia devem se manter por muito tempo.

“Imagine. A gente realiza o sonho das pessoas. Muita gente perdeu o emprego ou as economias. Não dá para cobrar mais caro”, diz o gerente.

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