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Brasília

Educação confirma que merenda não tem mais carne bovina, mas garante equilíbrio na dieta dos alunos

Arquivo Geral

22/11/2017 7h00

Lanches limitados a biscoito com leite ou suco são cada vez mais comuns, o que provoca reclamações de professores e também de nutricionistas. Foto: Antônio Cruz/ABR

Francisco Dutra
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Desde julho de 2017, a carne bovina in natura não participa dos pratos de merenda das escolas públicas do Distrito Federal. Segundo a secretaria de Educação, hoje a oferta de proteína animal para crianças e adolescentes é de peixe, frango e ovo. Mesmo assim, o governo garante o equilíbrio da dieta. Contudo, professores e nutricionistas criticam o cardápio e a gestão da alimentação estudantil. Denúncias de lanches constantes de biscoito com leite ou suco são semanais. A ausência da carne gera ainda mais revolta e preocupação.

De acordo com o governo Rollemberg (PSB), a falta da carne vermelha é momentânea, mas ainda não há uma data para o retorno dos cortes para as escolas. Desde 2014, a carne bovina chegava nas merendas a partir de contrato firmado com empresa JBS. No discurso do Buriti, a peça venceu em julho deste ano e não foi prorrogado, por recomendação da Procuradoria-Geral do DF, cumprindo recomendação do Tribunal de Contas da União.

Para suprir a ausência da carne vermelha, o governo apostou no controverso peixe Mapará, alvo de questionamentos dentro e fora das escolas. Diretores relatam que teria havido um excesso da oferta do pescado nos lanches.

“O peixe é tão rico em proteínas quanto a carne bovina. Portanto, substituir a carne de boi ao menos duas vezes por semana pelo pescado significa fornecer ao organismo os mesmos nutrientes. Além disso, o peixe tem grande quantidade de minerais (como cálcio e fósforo), vitaminas e ômega-3. Desta forma, ajuda a controlar a pressão, reduz o risco de doenças cardíacas, arteriosclerose e o nível de colesterol e triglicérides”, argumenta a secretaria de Educação, por nota.

O contrato do Mapará orbita em R$ 17 milhões, enquanto o contrato para a compra de Merluza é de R$ 2 milhões. Conforme a versão da pasta, o custo do Mapará é menor do que a Merluza, por isso teria sido respeitado o princípio da economicidade e a orientação dos órgãos de controle fiscal. Segundo a secretaria, em função de problemas de logística e entrega, houve uma diminuição pontual na oferta do frango. Para cobrir os pratos, peixes e ovos foram cozinhados.

Faltam nutricionista e enfermaria

Hoje, 450 mil alunos estudam na rede pública de ensino brasiliense, distribuídos em 677 escolas conduzidas por 28 mil professoras e professores. Nesse universo, existem apenas 78 nutricionistas na secretaria de Educação, com a responsabilidade de fiscalizar e orientar a formulação da merenda. Segundo as equipes, o número fica muito abaixo do necessário para proporcionar alimentação de qualidade.

Outra deficiência da rede é a falta de enfermarias. “Frequentemente colhemos relatos de alunos passando mal com sinais de fome. Mas infelizmente não tem enfermaria nas escolas para termos uma estatística”, comenta o diretor do Sindicato dos Professores do DF, Samuel Fernandes.

A gerente técnica do Conselho Regional de Nutricionistas da 1ª Região, Janaína Marques Baiocchi, aponta falhas estruturais na alimentação da rede, na gestão e no planejamento. “As crianças com necessidades especiais, como por exemplo aquelas com sonda. Elas enfrentam um problema de deglutição. E recebemos informações da dificuldade para a aquisição dos suplementos adequados. Muitos vezes, elas comem bolacha amolecida no leite”, relata a especialista.

Para a Secretaria de Educação, não há problema algum. Segundo a pasta, a gestão segue as recomendações do Funda Nacional de Desenvolvimento da Educação. Compra, distribuição e a formulação de cardápios são formulados conforme os padrões estabelecidos.

“Os produtos perecíveis são entregues diretamente nas unidades escolares pelas empresas contratadas. Os produtos não perecíveis são entregues no almoxarifado central e posteriormente distribuídos às unidades escolares. As visitas técnicas dos nutricionistas às escolas são feitas periodicamente”, escreveu a pasta em nota.

Sobre os alunos com necessidades especiais, o governo alega que cada escola faz as adaptações a partir de cardápio especial, a partir de orientações dos nutricionistas. Um levantamento de 2015, apontou a existência de 145 na rede.

Saiba mais

  • O Conselho Regional de Nutricionistas alega que o governo nunca apresentou resultados de teste de aceitação dos alimentos, como recomenda o PNAE, Programa Nacional de Alimentação Escolar
  • Questionada, a Secretaria de Educação afirmou que faz o procedimento, conforme as recomendações federais.
  • Professores alegam que ha falta de feijão e excesso de ovos nas merendas. O governo nega a queda na oferta da leguminosa. Quanto ao ovo, a pasta argumenta que as quantidades ofertadas não são prejudiciais à saúde.

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