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Brasília

Dia da Mulher: JBr. relembra os casos das 28 vítimas de feminicídio em 2018

Arquivo Geral

08/03/2019 7h03

Reprodução

Ana Karolline Rodrigues
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De janeiro a dezembro de 2018, o Distrito Federal registrou 28 casos de feminicídio, dez a mais que em 2017. Segundo a Secretaria de Segurança do DF, em todo o ano foram contabilizadas 14.985 ocorrências de violência contra a mulher. Nesta sexta-feira (8), data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, o Jornal de Brasília mostra o que aconteceu com os agressores destas vítimas e chama a atenção para a importância da denúncia sempre que ocorrer qualquer forma de violência.

Para identificar todos os casos, a Polícia Civil do DF foi procurada para informar os dados sobre os crimes, vítimas e agressores. Porém, por questões de sigilo, as informações repassadas se resumiram às iniciais dos nomes, faixas etárias, armas dos crimes e locais onde ocorreram, sem detalhes. Dessa forma, todas as informações adicionais expostas na maioria destes casos pelo JBr. foram obtidas após apuração da própria reportagem.

Segundo a SSP-DF, em 2018, foram 63 tentativas de feminicídio registradas no DF, uma a menos que em 2017. No ano passado, em 6 dos 28 feminicídios o agressor se suicidou após cometer o crime. Confira, a seguir, os 28 casos registrados ao longo de 2018:

Janeiro

Dia 9 – Com um tiro na cabeça, Clésia de Souza Andrade, 28 anos, foi morta pelo namorado, o policial militar Bruno Viana de Almeida, de 37 anos. Na data, o autor do feminicídio entrou na casa da mãe da mulher, localizada na quadra 11 de São Sebastião, disparou contra Clésia e se matou em seguida. Ele já havia agredido a vítima, mas o casal continuou o relacionamento. Clésia estudava dança e deixou um filho de oito anos.

Na madrugada do mesmo dia, Palloma Lima, 18 anos, morreu com um tiro na cabeça no Gama. Segundo informações preliminares, o disparo teria sido feito pelo namorado da vítima, Leonardo Leone de Oliveira, de 27 anos, em um “jogo” de roleta-russa. Na época, tanto Leonardo, quanto um outro suspeito, Fabrício Mateus Pereira, de 20 anos, foram presos. Leonardo foi detido por homicídio qualificado, e Fabrício, autuado por tráfico de drogas, posse de munição e favorecimento pessoal. À polícia, o último admitiu que deixaria o namorado da vítima em Valparaíso (GO) e fugiria após o crime. Segundo dados recentes da Polícia Civil repassados ao Jornal de Brasília, porém, o autor do feminicídio foi o próprio Fabrício. No Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), o homem não possui processos em seu nome e, portanto, não se sabe se ele seguiu preso. Palloma deixou um filho de três anos.

Palloma Lima. Foto: Reprodução

Dia 19 – Nesta data, a servidora pública Isa Mara Dantas Longuinho Floriano, 52 anos, foi vítima do homem com quem estava casada há 18 anos. Alessandro Ferreira Floriano, 47 anos, que temia um divórcio, empurrou a mulher das escadas da casa em que viviam, em Santa Maria, levou o corpo da vítima até um matagal à beira da BR-060, e ateou fogo. Buscando disfarçar o crime, ele ainda comunicou o desaparecimento da mulher na 33ª DP (Santa Maria). No entanto, após apurações da polícia, o mesmo foi interrogado e acabou se entregando. Ele levou os policiais até o local onde o corpo tinha sido queimado e confessou ter discutido com Isa por uma compra de um videogame feita no cartão de crédito dela, motivo que levou ao feminicídio. Desde o dia 22, ele segue em prisão preventiva.

Fevereiro

Dia 3 – Uma mulher identificada pelas iniciais L.N.T.G. foi assassinada com uma arma branca pelo agressor E.T.G. em Sobradinho II. Mesmo após apuração, o JBr. não conseguiu encontrar mais detalhes sobre o caso.

Dia 22 – Por “questões financeiras”, Fernando Lino de Souza, 33 anos, assassinou a própria mãe, Isabel Lino de Souza, de 60 anos, na QS 6 do Riacho Fundo 2. Testemunhas relataram que Fernando bateu cinco vezes na cabeça da mãe com o guidão de uma bicicleta. Após o crime, Fernando permaneceu no local e foi preso em flagrante. A PM informou ainda que já havia atendido vários chamados de violência doméstica no endereço. Após julgamento, a Justiça determinou que o autor do crime fosse internado em ala psiquiátrica do Presídio Feminino do Distrito Federal, a Colmeia.

“Estou arrependido”, declarou Fernando à reportagem do Jornal de Brasília, preso na delegacia. Foto: Breno Esaki

Março

Dia 4 – Morta de forma brutal, a capoeirista Sandra Rodrigues, 36 anos, foi agredida e teve seu corpo carbonizado, encontrado dentro de um contêiner na QE 11 do Guará I. O autor do crime foi seu companheiro, Márcio do Nascimento Batista. Ele já tinha passagem por furto e pela lei Maria da Penha. Segundo os laudos periciais, a morte da mulher foi causada por asfixia. Após ser agredida, Sandra desmaiou. Em seguida, Márcio ateou fogo no local em que estava e a trancou. No dia 5, o agressor foi preso por homicídio qualificado, feminicídio e destruição de cadáver. Desde o dia 6, ele segue em prisão preventiva.

Dia 6 – Tiros seguidos de suicídio e duas crianças deixadas. No dia 6 de março, Elson Martins da Silva, 39 anos matou a esposa, Romilda Torres de Souza, consultora do Sebrae de 42 anos. Ele deu quatro tiros nela e cometeu suicídio na Asa Sul. Os filhos, de 3 e 4 anos, estavam em um cômodo ao lado no momento do crime, mas não assistiram ao assassinato.

Romilda Souza. Foto: Reprodução/Facebook

Dia 16 – Da mesma forma, no dia 16, Júlio César dos Santos, 39 anos, matou a esposa, Mary Stella Maris Gomes Rodrigues dos Santos, de 32 anos, com dois tiros enquanto ela tentava fugir. O crime ocorreu na QNN 04 de Ceilândia e o autor também se matou em seguida. O filho do casal de apenas dois anos presenciou todo o momento. O outro filho, de sete anos, estava na escola durante o assassinato.

Mary Stella Gomes. Foto: Reprodução.

Abril

Dia 3 – Valdivino Ambrósio de Alcântara, 42 anos, esfaqueou pelo menos quatro vezes a empregada doméstica Maria Adeles Nunes Pereira, de 45 anos, no Setor P Norte, em Ceilândia. Ele era inquilino da vítima e teria deixado de arcar com os custos do aluguel da casa de fundos por cinco meses. Segundo policiais, as cobranças pelos atrasos no pagamento, então, podem ter motivado o assassinato. Maria Adeles chegou a ser socorrida, levada, em estado grave, à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia e transferida ao Hospital Regional da cidade, mas não resistiu aos ferimentos. No dia 5, Valdivino se entregou e disse aos policiais que estava arrependido. No mês seguinte, foi determinada sua prisão preventiva.

Dia 9 – Cinco dias após ser vítima de tentativa de feminicídio, a advogada Jusselia Martins de Godoy, 50 anos, morreu no Instituto Hospital de Base, onde estava internada desde o dia 5. Ela levou três tiros efetuados pelo ex-marido, Evandro Alves de Faria, 56 anos, em Planaltina. Após matar a advogada, Evandro atirou contra a própria cabeça. Ele foi encaminhado ao Hospital de Base, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo Angelita Michele de Lima Soares, amiga da advogada, no pouco tempo em que a mesma pôde conhecer Jusselia, ela conseguiu percebê-la como uma mulher “extremamente guerreira”. “Ela era o conceito de empoderamento feminino”, afirmou. A também advogada afirmou que não sabia muito sobre a relação de Jusselia com Evandro, mas que os dois estavam separados há cerca de um ano e que a vítima possuía medida protetiva contra o ex-marido.

De acordo com Angelita, o feminicídio ocorreu no trabalho dela. “Ele entrou na contabilidade, que fica no térreo, abaixou a porta e atirou nela. Eu e outra sócia estávamos na advocacia no primeiro andar e ouvimos um tiro, mas achávamos que era briga de rua e trancamos a porta. Até que a sobrinha dela bateu na porta do escritório chorando avisando que ele havia atirado contra ela. Planaltina parou no dia. Ela era uma pessoa muito querida”, narrou.

“Ele tinha aquela sensação de estar perdendo o domínio dela, então pensou que não ficaria mais nem ela nem ele”.

Como um alerta, Angelita chamou também atenção para a importância de procurar ajuda. “A agressão começa com um xingamento, com a violência moral, psicológica. Então é importante que a mulher não deixe que o homem seja dono da vida dela, que ela tenha uma vida e entenda que essa vida é dela. Que ela entenda que ela pode sim se proteger e pedir por socorro”, ressaltou.

Jusselia Martins de Godoy. Foto: Reprodução/Facebook.

Maio

Dia 4 – Com cinco tiros disparados pelo ex-namorado, o policial militar Ronan Menezes do Rego, 27 anos, Jéssyka Laynara da Silva Souza, de 25 anos, foi morta no dia 4 de maio em Ceilândia. Após o assassinato, o policial militar seguiu para uma academia e atirou no professor de educação física Pedro Henrique da Silva Torres, 29, que trabalhava na academia em que Jéssyka malhava. O policial foi preso e, em novembro, o juiz Lucas da Costa, do Tribunal do Júri de Ceilândia, decretou a manutenção de Ronan na prisão. No dia 29 de abril de 2019, ele irá a júri popular no Tribunal do Júri de Ceilândia.

Jessyka foi morta pelo ex-namorado, Ronan Menezes. Foto: Reprodução/Facebook.

No mesmo dia, uma mulher identificada com as iniciais L.C.M. morreu agredida com uma arma em Brasília. A polícia não identificou o nome do suspeito e nem informou detalhes do caso.

Dia 14 – O corpo de Talita Silva Martins, 29 anos, foi encontrado carbonizado com sinais de tortura dentro do banheiro de uma residência no Conjunto 5 da QR 205, em Samambaia. O autor do crime foi o namorado, citado com as iniciais C.B.S.. A suspeita inicial é de que mulher tenha sido morta no quintal e, como há marcas de sangue até o banheiro, policiais relataram que a vítima foi arrastada até o local após ter a cabeça esmagada. A PCDF também não informou se o agressor foi detido.

Junho

Dia 6 – Três dias antes do crime ele havia sido detido por agressão e tentativa de homicídio contra ela, mas foi solto em audiência de custódia. Inconformado com o fim do relacionamento, Vinícius Rodrigues de Sousa, 24 anos, matou a estudante Tauane Morais dos Santos, de 23, a facadas em Samambaia Norte no dia 6 de junho. Na audiência ocorrida um dia antes do assassinato, ele foi posto em liberdade provisória com medidas cautelares e protetivas à vítima. No momento do assassinato, o filho do casal de dois anos estava no local e presenciou a cena. Depois do feminicídio, ele tentou se matar com diversos golpes de faca no tórax e ficou em estado grave no hospital. Pelo crime, no dia 14 de novembro, Vinícius foi condenado a 30 anos de prisão. Atualmente, os dois filhos de Tauane vivem com a mãe dela.

Segundo a irmã da vítima, Nakécya Morais, 28 anos, Tauane era uma mulher “muito guerreira”. A manicure conta que Tauane e Vinícius estavam juntos há pelo menos cinco anos e que a vítima já havia tentado se separar do companheiro duas vezes, mas acabava reatando. Apesar de desconfiar das diversas formas de violência que a irmã sofria, Nakécya afirma que nunca denunciou o cunhado porque “não sabia como reagir”. Hoje, ela se arrepende e diz que, se pudesse voltar no tempo, faria diferente. “Ele conseguia convencê-la de que aquilo acontecia porque ele era muito nervosa e ele não se controlava. Na época, eu não sabia como reagir, resolvi não interferir. Mas eu aprendi da pior forma, a pior experiência da minha vida foi essa”, relata.

“Às vezes eu me culpo porque não denunciei. Hoje, se eu tivesse esse entendimento, as coisas seriam diferentes. Essas coisas começam com pequenas palavras, um empurrão, mas num piscar de olhos deixa uma morte. Então, para as mulheres eu falo assim: não aceite. Você tem que se amar e não aceitar nada diferente disso”, alertou.

Vinícius assassinou Tauane e tentou suicídio. Foto: Reprodução/Facebook.

Julho

Dia 14 – Janaína Romão Lúcio, 30 anos, era funcionária do Ministério dos Direitos Humanos (MDH) e tinha duas filhas de 2 e 4 anos com Stefanno Jesus Souza de Amorim, 21 anos. No dia 14 de julho, ela foi assassinada pelo ex-marido com cinco facadas, em Santa Maria. Segundo uma testemunha, os dois haviam discutido por ciúmes antes do crime. Contra o agressor, Janaína já havia registrado duas ocorrências na polícia, uma por ameaça, em 2014, e outra por lesão corporal, em 2017. Nas duas vezes ela pediu medidas protetivas, mas depois retirou o pedido na Justiça. No dia 17, Stefanno foi preso no Recanto das Emas, após uma denúncia anônima, e segue detido.

Janaína Romão. Foto: Reprodução/Facebook.

Agosto

Três feminicídios em três dias. O mês de agosto foi marcado pelos três crimes bárbaros que ocorreram em sequência no DF, além do assassinato hediondo de uma empregada doméstica morta com 20 facadas no final do mesmo mês.

Dia 5 – Nesta data, o taxista Edilson Januário de Souto, 61 anos, matou a ex-esposa na garagem de casa, na quadra 405 do Recanto das Emas. A vítima, Marília Jane de Souza Silva, 58 anos, foi morta a tiros pelo homem que não queria aceitar o divórcio. Após o assassinato, Edilson fugiu, mas se entregou à Polícia dois dias depois. Ele segue detido.

Dia 6 – No dia seguinte ao feminicídio de Marília Jane, Jonas Zandoná, 44 anos, jogou a esposa Carla Graziele Rodrigues Zandoná, 37 anos, do terceiro andar do bloco T da 415 Sul. Ele foi preso em seguida. À polícia, o assassino disse não lembrar do que aconteceu e que não tinha ideia dos motivos dos arranhões em seu corpo. O homem, no entanto, confirmou que havia ingerido bebida alcoólica durante o dia e revelou que é alcoólatra. A vítima já havia denunciado o companheiro por agressão duas vezes. No dia seguinte ao crime ele foi preso preventivamente.

Dia 7 – Aniversário de 12 anos da criação da Lei Maria da Penha. Neste dia, o policial militar Epaminondas Silva Santos, 51 anos, assassinou a tiros a esposa, Adriana Castro Rosa Santos, 40 anos, e se suicidou em seguida. O crime aconteceu por volta das 10h, na casa da mãe de Adriana, localizada na QN 7 do Riacho Fundo II. Segundo relatos, Epaminondas chegou ao local em uma moto, chamou a vítima até o portão da casa e disparou contra a mulher. Vizinhos ainda informaram que o casal estava se divorciando. Eles deixaram dois filhos, de 11 e 8 anos.

Adriana Rosa e Epaminondas Silva Santos. Foto: Reprodução/Facebook.

Dia 26 – Outro feminicídio que gerou revolta foi o assassinato de Maria Regina Araújo, 44 anos. No dia 26, o marido da vítima, Eduardo Gonçalves de Sousa, 34 anos, a matou com 20 facadas em frente a filha, de 8 anos, no Itapoã. A empregada doméstica já havia denunciado o autor por violência doméstica. Dez dias antes do crime, Maria Regina procurou a Justiça para pedir medidas protetivas contra o marido, porém, teve o pedido negado. No dia 30, ele se entregou à polícia e foi julgado no dia 13 de setembro. Na oportunidade, foi convertida em preventiva a prisão temporária do acusado.

Setembro

Dia 3 – Simone de Sousa Lima, 26 anos, que estava grávida de dois meses, foi a 20ª vítima de feminicídio no ano passado. Ela morreu após ser esfaqueada com um facão pelo ex-marido, Josias Sacramento dos Santos, 40 anos, na residência dele, em Santa Maria. Na data do crime, os dois teriam audiência marcada na Justiça relacionada à denúncia de violência doméstica. No dia 11, o agressor foi preso em Salvador (BA). Tanto no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), quanto no TJDFT, porém, não há processos contra o homem. Simone deixou um filho de 2 anos.

Simone de Sousa Lima. Foto: Reprodução.

Dia 25 – Com 10 tiros foi assassinada a catadora de materiais recicláveis Lauryelle Máximo Moreira, 21 anos. Na manhã seguinte, seu corpo foi localizado sem roupas numa mata próxima ao Parque Olhos D’Água, entre a 614 e a 814 Norte. O principal suspeito era o namorado, Leandro Barreto da Silva. Lauryelle e ele moravam em um barraco de lona improvisado na mata e viviam da venda de materiais recicláveis. O local fica a cerca de duzentos metros de onde ela foi encontrada. Na noite do dia 25, o companheiro da jovem acionou a PMDF relatando o desaparecimento da mulher no parque e contou que havia escutado barulhos de tiros. No dia 26, Leandro foi preso após policiais descobrirem um mandado de prisão em aberto contra ele, expedido na Bahia. No TJDFT, porém, não há processo contra o homem, o que indica que o mesmo pode não ter permanecido detido.

Outubro

Dia 10 – No Dia Nacional de Luta Contra Violência à Mulher, Maria Júlia de Alvim, 44 anos, foi morta pelo ex-marido com três facadas na frente da irmã e de três filhos no Itapoã. O flanelinha Orlando de Souza Alves, 61 anos, foi preso momentos depois do crime, após ter sido espancado por vizinhos na QL 6 da região. Ele já tinha passagens por ameaça e tentativa de homicídio contra uma idosa em 2010. No dia 11, sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva.

Dia 12 – Nesta noite, mais um feminicídio seguido de suicídio foi registrado no DF. Leandro Barbosa de Jesus, 61 anos, matou a mulher, Maria das Graças Peres de Oliveira, 45, a pauladas e se matou em seguida. Na manhã do dia seguinte, a vendedora foi encontrada morta em sua cama, no Recanto das Emas. Em 2013, ela procurou a delegacia para denunciar injúrias, ameaças e lesões corporais praticadas pelo homem e pelo enteado, Romário de Sousa Barbosa, 30, e relatou ter sido espancada com chutes e pauladas. Segundo a Polícia Civil, ela tentava se separar do marido, que não aceitava a ideia.

Dia 22 – Lucileide dos Santos Carvalho, 45 anos, foi encontrada morta dentro de casa, no Setor de Mansões de Sobradinho II. Ela levou um golpe de faca e seu corpo foi encontrado pelo filho, no chão do quarto. O principal suspeito é o namorado da vítima, identificado pelas iniciais A.A.S.. Segundo vizinhos, Lucileide e o namorado discutiram durante a madrugada e o homem teria saído da casa. O casal estava junto há cerca de quatro meses e, em setembro, o suspeito foi preso por ter agredido Lucileide, mas após pagamento de fiança na audiência de custódia, o mesmo foi liberado. A polícia não informou se o rapaz foi preso.

Dia 29 – Crime que chocou o DF, o feminicídio cometido no dia 29 de outubro se destacou dentre os 28 cometidos no ano de 2018 por ter como vítima uma bebê de apenas seis meses de idade, Esther de Araújo Costa. Na noite do mesmo dia, ela foi internada em estado grave no Hospital Regional de Sobradinho (HRS), mas não resistiu aos ferimentos causados pelos próprios pais, Anderson Gustavo de Araújo Barbosa, de 29 anos, e Elizana Pereira da Costa, de 23. O caso foi investigado como feminicídio pelo fato de o crime ter sido cometido contra uma pessoa do sexo feminino no âmbito familiar. O pai da bebê foi transferido da carceragem da polícia até a Papuda. E a mãe, que confessou as agressões, foi levada ao presídio feminino da Colmeia, no Gama. Ambos foram presos preventivamente no dia 30 de outubro.

Novembro

Dia 5 – Arlete Campos de Oliveira, 49 anos, já havia registrado oito ocorrências de agressão ou ameaça contra o companheiro Alexon Bezerra Rocha, de 33 anos. Destas queixas, três delas foram ao TJDFT e Alexon foi processado por violência contra a mulher, mas permaneceu em liberdade provisória. No dia 5 de novembro, a violência praticada contra Arlete foi além. Na Quadra 803 do Recanto das Emas, Arlete foi morta com uma facada no abdômen pelo assassino que, friamente, dormiu ao lado do corpo da mulher durante aquela noite. Pela manhã, o suspeito avisou a filha de Arlete, de 13 anos, que ela ‘havia se suicidado’. Após investigações, o autor foi preso e, no dia 7 de novembro, sua prisão temporária foi convertida em preventiva.

Dezembro

Dia 10 – Mônica Benvindo da Costa, 26 anos, deixou seis filhos. A facadas, Wdson Luiz Santos de Souza, 23 anos, matou a companheira na QNM 20 de Ceilândia Norte, apartamento do casal, após uma briga motivada por um celular. Wdson desferiu diversas facadas em Mônica e fugiu; retornou em seguida e, enquanto ela era socorrida por familiares, desferiu mais três facadas e fugiu novamente. No dia 12 de dezembro, ele foi preso na rodoviária de Águas Lindas (GO), Entorno do DF, numa tentativa de fugir para a Bahia. Ele segue preso.

Dia 25 – O dia 25 de dezembro de 2018 foi o último natal de Natacha Cristina Rocha dos Santos, 22 anos. A 28ª vítima de feminicídio no DF foi morta a facadas pelo ex-namorado, Ricardo Rodrigues Souza Lopes, 21 anos, com quem tinha um filho de 5 meses, na Estrutural. Após uma crise de ciúmes, além de matá-la, Ricardo também feriu a ex-cunhada Natânia Aparecida dos Santos. Um homem chamado Antônio de Castro Carneiro, 34 anos, também acusado de participação no crime, teria levado Ricardo ao local e facilitado a fuga do autor do crime. Os dois foram levados até a Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) da Polícia Civil. No dia 27, Ricardo foi preso.

Natacha foi pelo companheiro. Foto: Reprodução.

Em 2017, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) implementou o protocolo para que todas as mortes violentas de mulheres sejam, inicialmente, registradas como feminicídio. Somente após a conclusão das investigações, caso se confirme que não se trata de feminicídio, a hipótese é descartada e o boletim de ocorrência é alterado. O DF é a primeira unidade da Federação a adotar este protocolo específico.

Vítima conhece agressor na maioria dos casos

O feminicídio é um crime que geralmente apresenta características em comum, especialmente uma relação interpessoal entre vítima e agressor. Segundo levantamento da Subsecretaria de Gestão da Informação (SGI), da SSP-DF, em 2018, 36% dos feminicídios foram cometidos por ex-companheiros, outros 36% por cônjuge ou companheiro, 7% por namorado, 7% por ex-namorado, 4% por pai, 3% por filho, 4% por inquilino da vítima e 3% por vizinho. Como mostram os dados, em quase todos os casos ocorridos autor e vítima se conheciam.

Em 2017, foram registrados 18 casos de feminicídio. Em 50% dos casos os autores eram cônjuges ou companheiros; em 22% eram ex-companheiros. Em 17% dos casos as vítimas foram mortas pelo namorados e em 11% por ex-namorados. Entre março de 2015 (quando a Lei do Feminicídio entrou em vigor) e todo o ano de 2016, ocorreram 19 casos de feminicídio. Do total de ocorrências, em 48% dos crimes o autor era cônjuge ou companheiro; em 24% eram namorados; 12% eram ex-companheiros e em 16% eram filhos, genros, enteados ou ex-namorados.

Serviço

Para realizar denúncias, disque 180.

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