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Brasília

DF registrou mais de 250 incêndios domésticos só neste ano

Arquivo Geral

16/05/2018 7h46

João Stangherlin

Rafaella Panceri
[email protected]

Moradores do Bloco M da 110 Norte poderão voltar aos apartamentos a partir de amanhã, segundo a Defesa Civil. O prédio foi afetado por um incêndio, iniciado por volta das 15h30 dessa segunda-feira e que atingiu todo o sexto andar. Foi a 255ª ocorrência de incêndio doméstico neste ano. Duas mulheres ficaram presas e tiveram de ser resgatadas, com auxílio de grua, pelo Corpo de Bombeiros. Dezoito cabos de sustentação das vigas, localizados no apartamento 603, foram derretidos pelo calor das chamas. Caso as intervenções não sejam feitas, o edifício corre o risco de desabar.

A principal providência do condomínio foi contratar um engenheiro para coordenar a operação de escoramento, por recomendação da Defesa Civil. O subsíndico Luiz Antônio Tizoco, 54, relata que o profissional foi procurado com urgência para avaliar se houve danos graves na laje. “O seguro do prédio arcará com as despesas”, afirma.

Segundo o tenente- coronel Sinfrônio Lopes, coordenador de operações da Defesa Civil, o escoramento será feito por meio de torres. “Não se sabe se partirão do quinto andar ou do térreo”, admite.

Ele compara as torres a andaimes e adianta que elas ficarão dentro dos apartamentos. A previsão é de que os cabos danificados sejam substituídos em até 30 dias. “Até lá, os moradores vão viver uma situação de reforma, mas isso é irrisório numa situação como essa”, opina.

Ele explica que o Bloco M não entrou em colapso no dia do incêndio porque foi construído com uma boa margem de segurança. “Tanto na armação mínima quanto no coeficiente de carga da estrutura. Mesmo assim, foi uma situação de alta gravidade”, explica.

Apoio da vizinhança

Ontem, um dia depois do incidente, os moradores voltaram ao prédio para buscar roupas e alimentos. Duas portarias estavam abertas para a circulação de pessoas — controlada pelo Corpo de Bombeiros. A portaria que dá acesso ao epicentro do incêndio (apartamento 603) segue interditada.

Enquanto não podem voltar a viver em suas casas, os condôminos contam com a ajuda de amigos. A psicóloga Sônia Serpa, 56, mora no número 204. Foi ao prédio na tarde de ontem para esvaziar a geladeira, fez as malas e voltou para a casa de um amigo, no Sudoeste. “A solidariedade das pessoas tem sido incrível”. Ela relata que o cheiro de fumaça é intenso na casa. “Tem bastante fuligem. Quando voltar, vou precisar fazer uma boa faxina”.

Situação do prédio é insalubre

Segundo a moradora Sônia Serpa, o monóxido de carbono chegou ao apartamento pelo fosso de ventilação do banheiro. “É uma rede de ventilação interligada, então foi tudo para lá. O odor é insuportável. Não dá para ficar lá. Além de ser tóxico”, relata. O coordenador de operações da Defesa Civil confirma que a situação do edifício é insalubre. Os últimos andares tiveram acesso permitido ontem só em casos excepcionais. “De moradores que precisaram de remédios”, diz.

Outra moradora, a aposentada Antonieta Turini, 65, resolveu doar os alimentos da geladeira aos funcionários da manutenção do prédio. “Dei leite, ovos e manteiga aos meninos”, conta, ao se referir ao porteiro e ao zelador. “Só coisa boa. Eles ficaram muito agradecidos”, conta. “Não quis desperdiçar nem levar para outro lugar. Eles precisam mais do que eu”, conta.

O clima de solidariedade no condomínio se estendeu à família do proprietário do apartamento queimado, Adhemar Sprenger Ribas. Filha do militar reformado, Luana Melo Ribas criou uma lista de presentes on-line na loja Etna, onde qualquer pessoa pode ajudar a família a reconstruir a vida. Eles pedem itens para casa como louças, talheres, panelas, roupa de cama, de mesa e de banho. Na seção de móveis, constam duas camas, dois pufes e três mesas pequenas.

Saiba mais

– Houve aumento no número de incêndios domésticos registrados no Distrito Federal entre os anos de 2016 e 2017, de acordo com o Corpo de Bombeiros

– Em 2017, houve 1.227 incêndios — contra 1.776 no ano passado

– Até o último dia 13 de maio, o Corpo de Bombeiros atendeu a 254 incidentes domésticos em casas, chácaras e no comércio

– As principais causas dos incêndios são vazamento de gás de cozinha e fenômenos elétricos, como curto-circuito.

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