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Brasília

DF lidera ranking de teletrabalho e tem 322 mil desempregados

Os dados mostram que, em outubro, 262 mil profissionais atuavam de forma remota na capital

Redação Jornal de Brasília

04/12/2020 6h49

Mayra Dias
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O teletrabalho, hoje, é a realidade de mais de 200 mil brasilienses, de acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). João Portel Fernandes, de 23 anos, é um dos trabalhadores que, desde o início da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, tiveram que se ajustar a esse novo formato. “Adaptaram todo o trabalho que era feito manualmente por mim para o modelo digital”, afirma o jovem.

Divulgada essa semana, a análise do IBGE que contempla a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostrou que o Distrito Federal registra o maior número de pessoas em teletrabalho quando comparado aos outros estados brasileiros. Os dados mostram que, em outubro, 262 mil profissionais atuavam de forma remota na capital, o que corresponde a 21% do total.

O balanço, que é realizado mensalmente desde maio, reúne dados do comportamento da população de todo o país durante a pandemia. A análise confirma que, desde agosto, período em que houve a liberação de diversas atividades, o índice vem apresentando uma queda. No primeiro mês, o percentual era de 25%. “Agora em dezembro ou janeiro, acredito que já teremos uma previsão relativa de quando vamos poder voltar ao trabalho presencial”, explica João.

Ainda sobre os dados divulgados na análise, no mês de outubro, 14,5% da população empregada no DF que não foi afastada do trabalho (seja realizando atividade presencial ou remota), afirma ter trabalhado menos que em sua jornada habitual. O número representa 180 mil trabalhadores. “Agora tenho um pouco mais de tempo livre, uma vez que, para trabalhar, basta ligar o computador de casa. Estou trabalhando o mesmo período que quando estava no presencial, mas o número de coisas que eram feitas por mim diminuiu”, conta João Portel. Apenas 5,4% dos empregados afirmaram ter trabalhado mais do que antes da pandemia (67 mil).

Desemprego

Também conforme o levantamento do IBGE, o número total de pessoas desempregadas alcançou 233 mil em outubro, o que, desde maio, representa o maior número registrado (14,9% da força de trabalho).

Aos 42 anos, Adenilson da Silva Cruz, é uma das pessoas que compõem esse grupo. Sem retorno financeiro de trabalho desde janeiro, ele conta estar se mantendo de doações.

O senhor que costumava trabalhar como ambulante vendendo marmitas, foi proibido, pela Agência de Fiscalização do DF (Agefis), de continuar atuando até que apresentasse o seu alvará. “Me notificaram e disseram que se me encontrassem lá novamente eu pagaria uma multa, podendo retornar apenas com o alvará. Mas logo em seguida veio a pandemia”, conta o desempregado.

Desde 2015, Adenilson vendia marmitas em frente ao Hospital Universitário de Brasília (HUB). Quando iniciou seu trabalho como vendedor de ‘’quentinhas’’, ele levava para o local um total de 40 marmitas, cujo custo unitário saía a R$ 5,00, já descontadas despesas como gás, água, luz e a gasolina da moto que transportava o seu “ganha-pão”. Ele as vendia por R$ 10,00. “Só tirava mesmo o mínimo para me manter e pagar o aluguel”, conta.

Quando a pandemia surgiu, no início de março, Adenilson já trabalhava com uma média de 100 marmitas por dia, no Ambulatório 1 do HUB. “Desse total, vendia em média 70 e doava o restante”, explicou o trabalhador.

Tendo recebido apenas duas parcelas do auxílio emergencial do governo, Adenilson conta que já teve sua luz cortada três vezes desde que foi obrigado a parar de trabalhar, e que está com aluguel e água atrasados. “Me cadastrei no auxílio emergencial do governo mas só recebi duas parcelas. As demais foram bloqueadas e estão retidas lá”, conta o ex ambulante.

Desde o início da pandemia, outubro corresponde ao mês com o maior número de trabalhadores na informalidade no DF, diz a pesquisa. São 384 mil pessoas, correspondendo a 28,8% do total.

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