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Brasília

‘Destruiu a minha família’, diz pai de adolescente linchado no Parque da Cidade

Arquivo Geral

10/07/2018 10h55

Victor foi linchado em uma festa ilegal no Parque da Cidade. Foto: Reprodução/TV Globo

Jéssica Antunes
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Linchado em uma festa ilegal no Parque da Cidade, Victor Martins Melo, de 16 anos, morreu por conta de uma perfuração no coração causada, possivelmente, por um golpe de faca. Na manhã desta terça-feira (10), quatro pessoas foram presas suspeitas de participarem do crime e nove adolescentes são investigados. A Polícia Civil busca agora individualizar a participação de cada um.

Pai da vítima, o comerciante Iris de Melo, 47 anos, comemora a prisão. “Nada vai trazer meu filho de volta, mas pelo menos afasta a sensação de impunidade. Esses monstros vão ter que ir a julgamento, sentir um pouco de justiça”, afirmou ao Jornal de Brasília. O homem deve ir a delegacia ainda nesta segunda e espera ver os quatro apontados como algozes do filho. “Quero saber mais sobre o caso. Só quem passou por isso sabe o quanto dói. Destruiu a minha família”, desabafa.

Os quatro mandados de prisão e 12 de busca e apreensão foram cumpridos pela operação Thanatus no Paranoá, em Sobradinho 2 e em Samambaia Sul. Vinícius Moreira de Melo, 20 anos, Marcela Sabrina da Silva, 24, Wellington Silva Alves, 23, e Alan Luiz da Silva Júnior, 23 anos ficarão presos por 30 dias para que a polícia continue a apuração do inquérito e colete mais provas relacionadas ao crime. A prisão pode ser postergada por igual período.

Todos negam participação no crime, mas João Ataliba Nogueira, chefe da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), acredita que um deles tenha desferido o golpe fatal em Victor. “O objeto do crime foi buscado em todas as casas alvo de mandado de busca. Alguns objetos foram apreendidos e passarão por perícia”, diz o investigador. Imagens gravadas por testemunhas ajudam a identificar o envolvimento dos suspeitos.

As identidades foram descobertas com a ajuda de denúncias anônimas, depoimentos e provas coletadas na investigação. Os agentes também investigam a participação de nove adolescentes. A maior parte dos envolvidos, segundo a Polícia Civil, é estudante do Centro de Educação de Jovens e Adultos Asa Sul (Ceja Cesas), mesma escola que Victor frequentava.

Os envolvidos devem responder pelos crimes de homicídio, lesão corporal seguida de morte e rixa qualificada. Se condenados, poderão ficar reclusos por até 30 anos.

Reviravolta

A festa Cala a Boca e me Beija teve início às 14h de sábado, 25 de maio, no estacionamento público 11 do Parque da Cidade, sem a presença de seguranças, policiais ou socorristas. Victor foi acusado de roubar o celular de uma jovem, mas as investigações chegaram a outro infrator: um colega da vítima, de 16 anos, que também foi encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente.

Por conta da suspeita, houve briga. Victor foi achado caído, ensanguentado, com marcas de violência e com a camiseta furada, rasgada e suja, sem carteira, celular, tênis e bermuda. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas o estudante não resistiu aos ferimentos.

Conforme o laudo pericial elaborado pelo Instituto de Medicina Legal (IML), Victor foi atingido por socos, pontapés e objeto perfurocortante, que seria a principal causa da morte do rapaz. No peito, foi constatada uma perfuração de 4,5 cm.  Ele também sofreu perfurações na cabeça e na virilha. A suspeita é que uma garrafa de vidro também tenha provocado ferimentos.

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