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Brasília

Covid-19: qualidade de vida de paciente será estudada

UnB vai avaliar ex-pacientes de covid-19 até seis meses após a recuperação

Pedro Marra

17/06/2020 6h57

Um estudo idealizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) vai analisar a qualidade de vida de 300 pacientes que contraíram o novo coronavírus após se internarem no Hospital Universitário (HUB). Os participantes do projeto, nomeado de QualiCOVID-19, serão avaliados em três etapas: durante a doença, após três meses e após seis meses de recuperação.

Entre os coordenadores da pesquisa está a médica Juliana de Souza Lapa e o professor Gustavo Romero, ambos da Faculdade de Medicina (FM/UnB). Os docentes vão usar dois instrumentos para levantar dados, um questionário com 36 perguntas sobre aspectos psicológicos, físicos e emocionais, e outro que irá medir a independência funcional, ou seja, autonomia para realizar hábitos rotineiros como tomar banho, vestir-se e locomover-se.

“O nosso objetivo é ver como as pessoas vão ficar depois do novo coronavírus. A gente reconhece que em outras epidemias do coronavírus foram feitos estudos que mostram que as pessoas tiveram sequelas físicas, psicológicas, emocionais e até perda de emprego. Vamos verificar se o paciente saiu com alguma dependência como de oxigênio, de hemodiálise, home care, se ficou com alguma incapacidade”, explica a professora Juliana Lapa, coordenadora do estudo.

De acordo com a médica, a recuperação da doença varia em cada caso. “Isso tudo vai depender da gravidade da pessoa e quem ela era previamente. Um paciente que tem um quadro leve e fica em casa, de 7 a 14 dias deve ficar bom. Uma pessoa em estado grave, a gente prevê um período de internação no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de 20 dias e ainda com um tempo de recuperação em enfermaria. Se a gente fala de um idoso, ele vai precisar de fisioterapia, auxílio de profissional de educação física. Uma pessoa jovem vai precisar caminhar e tomar sol, por exemplo. Quando essa pessoa volta à vida normal, ela perde muita massa muscular. Então elas vão precisar de uma recuperação gradual para voltar ao nível que ela estava antes”, pontua.

Juliana cita as principais consequências de pessoas internadas com covid-19. “A mais comum para pacientes que ficam acamados é a questão física, a caquexia [perda de peso marcante]. Alguns podem ter perda da qualidade pulmonar por conta da inflamação que tiveram. O resto vai depender da gravidade. Pacientes que precisem ficar em hemodiálise podem se tornar renais crônicos, ou seja, dependentes de hemodiálise. Tudo vai depender do grau de gravidade e do quanto o corpo é capaz de se recuperar”, esclarece a professora de medicina.

Muita dor de cabeça

A corretora de imóveis Rosilaine da Rocha Bueno, 28 anos, é uma das pacientes que recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HUB, mais precisamente no dia 28 de maio. Ela ficou 13 dias internada com covid-19, mas antes já havia sido levada ao Hospital Regional do Gama (HRG) no dia 14 de maio. Rosilaine precisou ser transferida para o Hospital Universitário de Brasília, pois ficou em estado grave.

“Tive muita dor de cabeça na primeira semana, mas depois não tive mais dor no corpo. Tenho me alimentado melhor, mas ainda não posso fazer atividade física porque o médico ainda não liberou. Tanto que também não posso ingerir bebida alcoólica. Mas ainda preciso fazer acompanhamento médico durante esses seis meses”, relata.

Sequelas após alta

Segundo o levantamento do Jornal da Associação Médica Americana, cerca de 81% dos pacientes que contraíram a doença manifestam as formas leve a moderada da covid-19, 15% desenvolve doença grave e 5% são pacientes críticos, com insuficiência respiratória. Esses 5% que desenvolvem forma crítica podem evoluir sequelas futuras, como a necessidade de hemodiálise ou insuficiência respiratória.

Com a proposta enviada ao Comitê de Ética da UnB, o QualiCOVID-19 foi aprovado. Para a pesquisa brasiliense começar falta apenas a capacitação dos entrevistadores que farão os questionários. Para isso, os pesquisadores participaram de um edital da UnB pleiteando uma verba de R$ 41 mil que será destinada ao pagamento dos entrevistadores e publicação de artigos.

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