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Brasília

Corrida por seringas não existe

Representantes de farmácias do Distrito Federal indicam que busca pelo produto é “isolada” e “ilógica”

Vítor Mendonça

07/01/2021 5h59

“Não existe essa alta demanda de procura de seringas por conta da vacina que está chegando” afirmou Francisco Messias, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Distrito Federal (Sincofarma-DF). Em entrevista ao Jornal de Brasília, o representante do setor comercial das drogarias da capital ressaltou que não há com o que se preocupar quanto ao estoque do item tanto no mercado brasiliense quanto dentro da Secretaria de Estado de Saúde do DF (Ses/DF).

Na rua das farmácias, localizada nas quadras 102 e 302 da Asa Sul, o aumento nas vendas também não foi verificado nas lojas. Das 12 visitadas pela reportagem, apenas duas relataram uma procura além da comum pelo item. De acordo com três funcionários dos dois estabelecimentos que relataram presenciar tal procura, nas compras feitas, os clientes levaram pelo menos cinco seringas com agulha – em uma delas, a busca partiu de profissionais da saúde.

“O que podem existir são casos isolados, mas está tudo tranquilo, com tudo normal. A população não precisa se preocupar com relação a isso”, destacou. O único aumento de vendas de seringas que o presidente da entidade afirmou existir foi daquelas específicas para pessoas com diabetes e que precisam aplicar insulina em si mesmas, ou que possuam outros problemas de saúde.

“As que eles usam são seringas de aplicações de 1 ml, apenas. As que serão usadas na vacina contra a covid-19, são de até 3 ml. Eles compram em grande quantidade para terem o suficiente em casa durante dois ou três meses”, continuou Messias. A Secretaria de Saúde confirmou à reportagem a garantia de 1,2 milhão de seringas já em estoque pela pasta, e ainda a compra efetuada de mais 2 milhões do modelo de 3 ml, aguardando apenas a entrega. “Há ainda um processo de compra para mais de 9 milhões de seringas e agulhas”, continuou, em nota.

Na manhã de ontem, por meio do Diário Oficial, a Ses/DF informou que um pregão eletrônico para aquisição de seringas hipodérmicas resultou em fracasso. Não ficou claro, porém, se os produtos são daqueles destinados à vacina contra o novo coronavírus. A pasta não confirmou a questão à reportagem ou se haverá outra tentativa de pregão.

A presidente do Conselho Regional de Farmácia do DF, Gilcilene Chaer, também confirmou que a busca por estoque de seringas não corresponde à realidade e que o consumo está “aparentemente normal”.

A preocupação maior da representante do Conselho, caso haja uma exacerbada a corrida sem motivos pelas seringas nas drogarias da cidade, é que “falte seringas para a administração de medicamentos essenciais para alguns portadores de doenças”. “O governo não irá disponibilizar as vacinas sem os insumos. […] Comprar seringas para a administração de vacinas é um ato precipitado e ilógico, haja vista que tanto a iniciativa privada quanto o governo fornecerão, naturalmente, as seringas para a vacinação”, ressaltou.

Cronograma nacional

A Secretaria informou ainda que o DF adotará os critérios de público-alvo estabelecidos no Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde – com meta de vacinar cerca de 600 mil pessoas nas primeiras fases. “Com o estoque atual, é possível realizar a campanha contra a covid-19 e manter as vacinações de rotina nas unidades de saúde. Considerando as campanhas de vacinação e as vacinas de rotina, são utilizadas aproximadamente 2,8 milhões de seringas e agulhas por ano no DF”, destacou.

Em coletiva de imprensa no último dia 30, a pasta declarou que as doses dos imunizantes do novo coronavírus devem chegar à capital entre os dias 20 de janeiro e 10 de fevereiro, e que, a partir daí, as aplicações poderão ser iniciadas. Os modelos que devem ser disponibilizados no PNI são Astrazeneca, Coronavac, Pfizer e Covax Facility – todas a serem aplicadas em duas doses. O Ministério da Saúde deverá comprar 330 milhões de doses para distribuição.

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