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Brasília

Com reciclagem que só chega a 3%, DF sedia evento sobre Lixo Zero

Arquivo Geral

05/06/2018 18h52

São Sebastião lidera a quantidade de lixões a céu aberto no DF. Foto: João Stangherlin

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Raphaella Sconetto
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Reduzir o lixo encaminhado a aterro sanitário em até 90% é possível. A meta faz parte do conceito do Lixo Zero, que tem conquistado adeptos.  Nesta semana, Brasília sedia o 1º Congresso Nacional Cidades Lixo Zero, que apresenta as melhores práticas e tecnologias em gerenciamento de resíduos sólidos.

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Estima-se que o volume de material destinado à reciclagem no Distrito Federal seja de 127 toneladas por ano. Ou seja, apenas 3% do lixo produzido. De acordo com Rodrigo Sabatini, presidente do Instituto Lixo Zero, o conceito envolve uma meta ética e econômica. “Ética porque cada um assume a responsabilidade pelo consumo. Econômica porque o lixo é o terceiro maior gasto da cidade, sendo que faz parte da indústria da urgência: pode deixar de pagar professor, médico, mas não pode deixar de pagar lixo porque se transforma num problema público”, afirma.

A própria Política Nacional de Resíduos Sólidos é considerada uma “lei lixo zero”. No entanto, os objetivos não são claros. “Faltam metas mais agressivas. Existe a corresponsabilização em quatro níveis: governo tem seu papel de ordenar as coisas; a indústria de recolher o que produz; o comércio de recolher aquilo que vende; e o consumidor sobre o que consome”, destaca.

Rodrigo Sabatini. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília

“Quem fiscaliza deveria ser o governo, que está sendo leniente em não pressionar as grandes indústrias. Todos estão empurrando com a barriga, menos o consumidor. O governo não está exercendo o poder, a indústria está jogando para frente, e o comércio espera algo acontecer. O único ator que está exercendo a função é o consumidor. Cada vez mais pessoas fazem sua parte sem ter o suporte dos outros atores da cadeia”, completa Sabatini.

Para ele, caso a lei fosse colocada em prática, atitudes do dia a dia seriam compartilhadas por todos. “Permitiria, por exemplo, que eu chegasse ao mercado com as embalagens da última compra e o comerciante seria responsável. Assim com uma indústria de carro, geladeira, bastaria eu ligar e dizer ‘quebrou, não funciona mais e quero te devolver’”, exemplifica.

Se utilizado de maneira eficiente, reduzindo cada vez mais o desperdício, o lixo pode apresentar quatro oportunidades: “geração de renda e emprego, atrair investidores, incentivar empreendedores e incrementar a arrecadação de impostos”, aponta Sabatini.

A primeira edição do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero (Zero Waste Cities) vai até amanhã no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O evento reúne representantes de todos os continentes para apresentar casos de sucesso. Entre eles, Akira Sakano, presidente do Conselho de Administração da Academia Zero Waste no Japão, selecionada como Global Shapers do Fórum Econômico Mundial.

Outros grandes nomes que estarão em Brasília são Richard Anthony, presidente e fundador da Aliança Internacional Lixo Zero nos Estados Unidos; Charles Moore, capitão do navio de pesquisa Alguita, que descreveu as ilhas de lixo no Pacífico; e Leslie Lucaks, responsável pelo programa Lixo Zero em grandes estádios nos Estados Unidos.

Serviço
Congresso Internacional Cidades Lixo Zero

Data: Até esta quinta-feira (7)
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães , Eixo Monumental.
Inscrições: gratuitas pelo site

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