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Brasília

Bikes compartilhadas conquistam brasilienses e custam 240 vezes menos que andar de ônibus

Arquivo Geral

02/04/2018 7h00

Atualizada 01/04/2018 21h52

Foto: João Stagherlin/Jornal de Brasília

Jéssica Antunes
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Espalhadas em 45 pontos do Plano Piloto, as bicicletas compartilhadas do Distrito Federal fizeram mais de 44 mil viagens neste ano. Foram 5.154 passes diários, mensais e anuais em dois meses, mas o plano mais usado é justamente o que permite uso livre durante 12 meses por R$ 10, que pode ser até 240 vezes mais barato que a tarifa do transporte público. O Jornal de Brasília analisou cada um dos acessos e traçou o perfil do usuário e do serviço na capital.

Em janeiro e fevereiro, os homens dominaram o uso do +Bike. Eles representaram 74% de todas as viagens e pedalaram por um período médio de 25 minutos. A maioria dos usuários tinha de 20 a 30 anos, seguidos por aqueles com até 40 anos. Grande parte reside no DF, mas também há turistas especialmente de Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

O vigilante Jefferson Oliveira, 28 anos, mora em Planaltina e, em todos os dias de trabalho, retira uma bicicleta de uma das três estações da Rodoviária do Plano Piloto, de onde segue por 1,4 km até o Bloco O da Esplanada dos Ministérios. Na volta, repete o processo. “Vale a pena. É mais rápido que fazer o trajeto a pé e mais barato que pegar o circular”, avalia. Ele encara a chuva e o sol e diz que a medida contribui para o bolso e para a saúde.

Jefferson pedala diariamente da Rodoviária à Esplanada. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília

A Rodoviária é, com folga, principal origem e destino, justificado pelo fluxo diário de 800 mil pessoas e por ter mais de um terminal. Em segundo lugar no ranking de estações está a Brasil 21, na W5 Sul, próximo à entrada do Parque da Cidade. Na Universidade de Brasília (UnB), dois pontos estão entre os cinco mais utilizados: Instituto de Artes e Centro Olímpico, separados por mais de dois quilômetros.

A UnB é destino diário do estudante de sociologia Lucas Aroucha, 22 anos. Morador da Estrutural, ele conta que costuma pedalar pelo campus, onde há cinco terminais. “É muito útil e gratificante. Além de economizar, ainda faço exercício. O passe estudantil não fornece quantidade suficiente para o percurso (ao menos quatro ônibus diários)”, considera.
Mau uso e vandalismo

Desde maio de 2014, o +Bike acumula 170 mil cadastros, além de 880 mil viagens e 157 mil passes registrados em 400 bicicletas. Somente no ano passado foram 410 mil deslocamentos. O projeto é desenvolvido pela Serttel, que indica maior utilização durante a semana: o período entre segunda e sexta é responsável por 80% das viagens.

A empresa atua em 13 estados e diz que Brasília está entre os locais com maior procura. Com o uso, casos de depredação se tornam evidentes. Pelos terminais da capital, é possível ver danos a espelhos e retrovisores, além de pneus furados e correntes soltas. Segundo o governo e a administradora, os casos de vandalismo no DF estão “dentro da normalidade”.

Os autores podem ser identificados. Conforme o Termo de Uso, a taxa de “danos à bicicleta” custa R$ 50 e será cobrada se comprovados danos “por fato ou ato atribuído ao usuário”. A Serttel não informou qual é o gasto mensal ou as estações que mais sofrem com vandalismo. A empresa também não esclareceu quantas pessoas já foram responsabilizadas.

Jefferson e Lucas, que usam diariamente o sistema, reclamam da deficiência de conservação e de falhas no aplicativo. “Falta manutenção e controle de distribuição. Há muitos casos de bicicletas e terminais danificados, seja por vandalismo, seja por tempo de uso”, diz o vigilante. Para o estudante, há constantes problemas na devolução por lotação das estações e ausência total do transporte nos pontos.

De uso público, as bicicletas também são alvos de criminosos. Há duas semanas, duas foram localizadas pela Polícia Militar em uma casa na Estrutural. Os órgãos de segurança do DF não têm dados sobre crimes envolvendo especificamente as bikes compartilhadas.

Economia na ponta do lápis

O valor do passe é de R$ 3 por um dia, R$ 6 por mês e R$ 10 por ano. Comparada com a taxa máxima de transporte público da capital, R$ 5, o valor pago no acumulado no ano pode ser 240 vezes menor com bicicletas compartilhadas no plano anual. Isso porque, considerando o uso do ônibus duas vezes ao dia e cinco vezes na semana, o usuário gastaria R$ 2,4 mil em 12 meses.

Viagens de até 60 minutos podem ser feitas gratuitamente em quantidade ilimitada no mesmo dia, mas é preciso ter intervalo mínimo de 15 minutos. O usuário paga R$ 5 por cada hora extra. O aplicativo que dá acesso aos terminais pode ser baixado gratuitamente para smartphones. A ferramenta permite acompanhar estações próximas e quantidade de bicicletas.

O pagamento é feito exclusivamente por cartão de crédito. Para a copeira Ana Célia, 24 anos, a desvantagem é justamente essa. “Dependendo do ônibus, pagaria R$ 2,50 por viagem duas vezes ao dia. Seria mais de R$ 700 ao ano. Com a bike, gasto R$ 10. O problema é que restringe o acesso para quem não tem cartão de crédito. Minha mãe, por exemplo, não consegue”, diz.

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