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Brasília

Após mais de dois anos, shopping Top Mall não reabre e comerciantes sofrem com prejuízos

Arquivo Geral

02/04/2016 7h30

Ingrid Soares

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Após dois anos e sete meses, o shopping Top Mall, na CNB 12, em Taguatinga Norte, continua fechado. A interdição ocorreu no dia 12 de agosto de 2013 por conta de um incêndio. A previsão era de que fosse reinaugurado em novembro do ano passado, mas, mesmo após a liberação da Defesa Civil e reforma interna, as portas não foram abertas. Comerciantes e moradores reclamam da demora e pedem a reabertura do estabelecimento.

O comerciante Arno Atz, de 73 anos, trabalha em uma banca de livros na Galeria Comercial Center, (antiga Vasp), que fica ao lado do shopping. Segundo ele, após o ocorrido, o movimento caiu. “Aqui ao lado, funcionavam bancos, lotéricas e cinemas, que atraíam as pessoas para esse ponto também. Com certeza, o comércio está mais fraco”, observa.

A costureira e vendedora de roupas Lenir Aires, de 70 anos, conta que, quando o shopping funcionava, havia até lista de espera de empresários interessados nos boxes. 

“Antes, a briga era grande para ficar aqui. Todo mundo queria um espaço por conta da localização. Agora, a maioria está fechando as portas porque o movimento caiu muito. Se reabrissem logo, seria bem melhor”, afirma a costureira Lenir.

Mesmo problema

Dona de uma loja de lingeries, Nilceia Burlamarque passa pelo mesmo problema dos comerciantes locais. “O comércio aqui na região está praticamente acabado. O shopping está fazendo muita falta”, constata.

Para Ivoneide de Cardoso, de 60 anos, dona de uma papelaria, o jeito é procurar outro local para tentar subsistir. Segundo ela, desde que o shopping fechou as portas, o movimento caiu 50%. 

“Estou procurando outro local, cogitei até ir para o Top Mall, mas eles não reabrem. A situação está cada vez mais complicada. Os bancos saíram, assim como o cartório, a lotérica e o Na Hora. A gente dependia deles para a circulação de pessoas”, conta Ivoneide.

Espera pela reabertura

Para a empresária, os comerciantes estão praticamente sem nada. “Isso sem falar dos que foram prejudicados e ficaram sem emprego. Muitos esperam pela reabertura, já que investiram o que tinham, perderam mercadoria e estão há tempo parados, sem ganhar nada. Precisam agilizar essa situação”, analisa.

Empresários enfrentam dificuldades

Em um dos corredores da Galeria Comercial Center, a reportagem do Jornal de Brasília contabilizou que, dos 35 boxes, apenas nove estavam em funcionamento. Entre prestadores diretos e indiretos, o shopping contava com cerca de 600 funcionários.

De acordo com o presidente da Associação Comercial do Distrito Federal, Cléber Pires, os empresários enfrentam muitas dificuldades para se refazer. 

“Iniciar uma obra não é fácil, imagina reiniciar. Sem dúvida, os comerciantes tiveram e ainda têm um grande prejuízo, principalmente pelo tempo que deixaram de funcionar ”, afirma o presidente da associação.

Deslocamento

Moradora das proximidades do shopping, Maria Fátima Saraiva, de 43 anos, conta que, na ausência do estabelecimento, precisa ir mais longe para tentar resolver pequenas obrigações diárias. 

“Nos prejudica muito porque facilitava o nosso dia a dia. Qualquer coisa que precisava resolver, era só dar um pulinho ali. Agora temos que nos dirigir ao centro ou ir além. É muito ruim”, conta Maria Fátima.

A também moradora Maria das Dores Silva, de 47 anos, conta que por diversas vezes foi dada uma  previsão para a reabertura, que não se cumpriu até o momento. 

“Para quem não dispõe de transporte particular, a situação é ainda pior. Já era para ter reinaugurado, sempre falam, mas nada acontece. Enquanto isso, nós é que pagamos o pato”, reclama a moradora Maria das Dores.

Desinterditado

Segundo o coronel Sérgio Bezerra da Defesa Civil, o local foi desinterditado há mais de um ano, e a questão estrutural do prédio não oferece mais riscos. 

“Eles readequaram a infraestrutura do prédio, reformaram a laje comprometida e as escadas. Ou seja, possuem licença para abrir o lugar”, assegura o coronel.

Comerciantes em queda

Segundo Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), o incidente gerou desequilíbrio nas contas dos comerciantes. Apesar disso, muitos tentam prosseguir nas proximidades da galeria. 

“Todos tiveram quedas drásticas nas vendas, e isso tem acarretado prejuízos irreparáveis. Sabemos que muitos tentam subsistir pelos arredores do shopping, mas até quando? A nossa expectativa é a de que haja uma solução rápida para esse quadro”, afirma.

Em nota, a equipe de advocacia do prédio Top Mall relata que não há previsão para a reabertura por conta de uma divergência quanto à extensão da cobertura de seguros, estimada em R$ 15 milhões.

O Shopping Top Mall entende que a responsabilidade do incidente é integralmente da Caixa e se declara tão vítima do infortúnio quanto à comunidade de lojistas.

Histórico

Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio do dia 12 de agosto de 2013 se originou nas instalações elétricas da agência da Caixa Econômica, no 1º andar. Na época, foram empregados cerca de 140 bombeiros e 27 viaturas. 

Por motivos de segurança, o trânsito foi desviado, e a energia da quadra desligada. Moradores de prédios vizinhos tiveram que deixar as residências por conta da fumaça. Não houve registro de feridos, pois o shopping estava fechado no momento do ocorrido.

Na Hora

Para tentar atender à população, em outubro de 2013, um posto do Na Hora foi instalado no Pistão Sul. Cerca de 3,5 mil pessoas eram atendidas diariamente. Uma agência bancária foi aberta na CNB 9/10. 

Pouco antes, em 29 de junho de 2013, um princípio de incêndio foi detectado no shopping. O fogo teria começado por conta de um problema na fiação de um terminal em um dos bancos do segundo andar do prédio. Não houve vítimas, mas as atividades do posto do Na Hora, tiveram que ser suspensas.

Saiba mais

No último dia 15, um letreiro comercial ameaçou cair e atingir a rede elétrica da via Comercial Norte, em Taguatinga. 

A placa fica em frente à Galeria Comercial Center, ao lado do shopping Top Mall, na quadra CNB 12.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para verificar a situação da placa, que oferecia riscos também aos pedestres. 

A corporação efetuou a amarra da peça, evitando a possibilidade de queda.

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