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Brasília

Apesar da proteção, máscaras dificultam comunicação de pessoas com perdas auditivas

Verônica Cavalcante, deficiente auditiva que precisa da leitura labial, embora entenda e respeite a necessidade do uso da máscara, descreve o utensílio como um empecilho a sua comunicação

Catarina Lima

24/09/2020 18h14

mascaras

Foto: Reprodução

A máscara que salva vidas e demonstra nosso respeito com o próximo nesses tempos de pandemia, pode impedir que algumas pessoas se comuniquem com o mundo, como é o caso dos surdos, que fazem leitura labial. A servidora pública, Verônica Cavalcante, deficiente auditiva e que precisa da leitura labial para se comunicar, embora entenda e respeite a necessidade do uso da máscara, descreve o utensílio como um empecilho a sua comunicação. “Eu uso aparelho auditivo, mas não é suficiente, preciso fazer leitura labial, porque não escuto nada com o ouvido esquerdo e apenas apenas 40% com direito”, explicou.

Verônica acha em setembro, mês da Visibilidade da Comunidade Surda, deveria ser feito um trabalho junto à sociedade para que as pessoas tenham mais paciência com os que não escutam ou escutam pouco. “As pessoas não gostam quando pedimos que elas repitam alguma coisa que disseram. Também acho que o ensino de libras nas escolas deveria ser para todos, isso facilitaria muito a comunicação”, avaliou.

Os profissionais que tratam a surdez no dia a dia, aproveitam o mês da Visibilidade da Comunidade Surda para alertar aos que abusam dos decibéis de que a surdez é irreversível. A fonoaudióloga Erica Bacchetti, que trabalha com audiologia, disse que exposição a barulhos pode causar problemas sem solução. “Os idosos são os mais atingidos pela surdez, mas os que abusam do barulho podem ter problemas de audição, independente da idade. A Organização Mundial de Saúde hoje coloca a perda auditiva como um problema de saúde mais grave que o infarto”, disse a profissional. Erica relatou que os profissionais têm alertado as pessoas para façam check-up auditivo regularmente, como fazem em relação a outras doenças.

Assim como Erica, a também fonoaudióloga Tatiana Deperon, especialista em audiologia, reforça a necessidade de não abusar dos decibéis. Segundo tabela por ela apresentada alguém que esteja ouvindo som de 85 decibéis pode ficar exposto por oito horas. Se o som aumentar para 88 decibéis, o tempo de exposição deve cair para quatro horas. Se isto não for respeitado, as células auditivas podem adoecer e morrer – o que é irreversível.

Tatiana Deperon destaca que o Hospital Universitário de Brasília (HUB) e o Centro Educacional da Audição e Linguagem / Ludovico Pavoni (Ceal-LP) prestam assistência gratuita para pessoas com problemas auditivos. “Aparelho e até implantes cocleares são custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tatiana destaca o exame da orelhinha, realizado em recém-nascidos, como um grande avanço na detecção e tratamento de doenças auditivas.

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