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Brasília

Ambulantes torcem por vendas de Natal

Fim de ano é oportunidade para recuperar o prejuízo provocado pela pandemia, Presentes e decorações são os itens mais procurados

Vítor Mendonça

09/12/2020 6h05

Após um ano de muitas perdas econômicas, um dos setores que tenta se recuperar durante as festas de fim de ano é o do comércio ambulante no Distrito Federal. Este período representa, segundo o economista e professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-DF), William Baghdassarian, a oportunidade para retomar perdas durante o período inicial da quarentena, entre março e junho pelos comerciantes do setor.

“Nesse fim de ano, sentimos uma retomada do setor da economia informal. O camelô, por exemplo, já percebe uma melhora. Não será como antes da crise, mas já mostra uma melhora. Além disso, a expectativa é que o Natal, por ser uma época de grande movimento econômico, tenha um crescimento da atividade econômica, gerando emprego, ainda que aquém do ano passado”, avaliou o especialista do Ibmec ao Jornal de Brasília.

Ele lembra que este grupo de pessoas foi um dos mais afetados pela crise causada pelo novo coronavírus. “Os pequenos comerciantes, muitas vezes, nem registrados formalmente estão e compõem um grupo de renda mais baixa”, comentou. “O período de isolamento fez com que elas vivessem com reservas de emergência ou entrassem em cheque especial.”

Oportunidade de retomada

Presentes de Natal e decorações típicas do período são os itens mais procurados. Quem exemplifica o cenário é o comerciante ambulante do Setor Comercial Sul, Marcos Menezes da Cruz, de 45 anos. Das 52 guirlandas natalinas que colocou à venda nesta semana, até o fim da tarde de ontem, apenas cinco estavam disponíveis para negociações. Em poucos minutos de conversa com a reportagem, três pessoas interessadas pararam para perguntar sobre o produto. Ele vendeu 20 em 4h de trabalho ontem.

“Está saindo a R$ 30,00, minha senhora”, respondeu Marcos a uma possível cliente. “Só tenho mais essas cinco que estão na caixa disponíveis; todas as outras já estão reservadas”, continuou para tentar fechar o negócio. Neste fim de ano, o comerciante afirmou que, apesar da quantidade de vendas não ser a usual para este período, ele notou um aumento de 30% em comparação às vendas dos meses anteriores. Todos os dias, o morador de Ceilândia chega por volta das 8h no SCS e sai por volta das 19h.

“Minha renda caiu 40%”

O crescimento é relevante principalmente para ajudar na recuperação dos quatro meses em que não saiu de casa para preservar sua saúde. “Não tenho do que reclamar, só a agradecer a Deus. Antes da pandemia eu vendia bem, mas minha renda caiu em cerca de 60%. Caiu bastante mesmo. Agora que está dando uma alavancada boa, há um maior fluxo de pessoas por aqui. As guirlandas ajudam porque o Natal é chamativo e inspirador, simboliza a possibilidade de uma vida melhor”, comentou. “Nesse Natal eu só espero maravilhas e estar com saúde.”

As vestimentas também chamam a atenção da clientela que circula pelos corredores do SCS, normalmente indo ou vindo do shopping Pátio Brasil, na 501 Sul. Hélio Alves Monteiro, 44, vende roupas no local desde 1994 e entende que este período é um dos melhores do ano para garantir melhores rendimentos, principalmente neste ano de crise. A venda em seu comércio também tem crescido na ordem de 30%.

“Normalmente as pessoas chegam aqui pedindo roupas para presentear. Escolhem, pedem indicação. Sai bastante roupa para quem pratica esporte em geral – ciclismo, musculação, entre outros -, é o nosso forte”, destacou. Apesar do aumento na procura, as vendas estão aquém das realizadas no ano passado. Enquanto em anos anteriores o lucro diário era de cerca de R$ 600,00, a média agora não ultrapassa os R$ 400,00. O preço dos produtos varia entre R$ 25,00 e R$ 35,00.

“O fluxo de pessoas também era maior. Agora [em dezembro] melhorou; aos poucos está voltando”, continuou. “Mas muitas pessoas não param por medo também [de contrair o vírus]. Mas o shopping ajuda no fluxo de pessoas aqui”, comentou. Durante este período, também característico pela quantidade de chuvas, o comerciante também vende guarda-chuvas, o que garante faturamentos maiores.

Saiba Mais

Desde de julho, a retomada econômica brasileira, segundo o economista William, tem acontecido gradativamente. No terceiro trimestre, a retomada foi de 7,7% em nível nacional. “O problema é que, além de não ter retomado o que era antes da economia, temos uma assimetria muito grande entre os setores – alguns são muito mais afetados do que outros”, disse.

William avalia que com a chegada da vacina, principalmente em São Paulo, e posteriormente em Brasília, o medo da pandemia tende a acabar. A expectativa é de uma demanda reprimida em alguns setores, justamente pela grande repressão neste ano. Por outro lado, o fim do auxílio emergencial, que acontece em dezembro, pode trazer maiores preocupações, principalmente para os informais.

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