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Brasília

Alunos do DF fazem novas ocupações

Arquivo Geral

09/11/2016 7h00

Atualizada 08/11/2016 23h02

Na entrada do CED 1, no Guará II, um cartaz ressaltava regras impostas pelos líderes do movimento. Foto: Myke Sena

Manuela Rolim
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O movimento de ocupação das escolas públicas voltou a ganhar força no DF. Depois da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no fim de semana, duas instituições, sendo uma em São Sebastião e outra no Guará II, foram tomadas por alunos contrários à reforma da educação e à PEC 241, que impõe limite aos gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Segundo a Polícia Militar, os estudantes ocuparam o Centro de Ensino Médio (CEM) 1, localizado na Quadra 203 do bairro Residencial Oeste, em São Sebastião, no início da tarde de ontem. De acordo com a corporação, somente com uma ordem judicial, a intervenção poderá ser feita. A PMDF não soube informar o número de alunos que aderiram ao movimento, mas garantiu que, até o fechamento desta edição, a situação permanecia tranquila no local.

Já o Centro Educacional (CED) 1, localizado nas Quadras 34/36 do Guará II, foi tomado no fim da noite de segunda-feira. “Eles aguardaram o fim do expediente, por volta das 23h”, explicou o diretor da unidade, Eustáquio Pessoa Júnior, acompanhado do vice Paulo César Rocha Ribeiro. Ainda assim, as aulas seguiram normalmente ontem. “Pela manhã, até aplicamos prova de Biologia. O cronograma do período vespertino também foi seguido, apesar de os alunos terem sido liberados um pouco mais cedo”, acrescentou.

Hoje, no entanto, a expectativa é de que as aulas sejam suspensas por tempo indeterminado, informaram alguns jovens. Por outro lado, a direção destaca que a interrupção dos trabalhos é imprevisível, tendo em vista que não houve nenhuma declaração oficial dos líderes da ocupação. “Os estudantes ainda estão na fase de organização do ato. Fizeram várias assembleias ao longo do dia”, disse Eustáquio.

No primeiro dia, os manifestantes levaram colchões e dormiram nas salas de aula, detalhou o diretor. “Eles se dividiram em grupos com funções determinadas. Hoje (ontem), passaram o dia limpando o colégio, fazendo comida e servindo lanche”, explicou.

Quinze estudantes tiveram a iniciativa de ocupar a instituição. Na manhã de ontem, o número subiu para 120. Até o fechamento desta edição, aproximadamente 30 permaneciam ali. “A rotatividade é grande”, frisou Eustáquio.

Regras para manter a ordem

Na porta do CED 1, no Guará II, que conta com um total de 1.250 alunos, um cartaz ressaltava algumas das regras impostas pelos líderes do movimento. Eles frisaram a proibição de drogas, relações sexuais, armas e a entrada de estudantes sem documentação na unidade. Além disso, mandaram um recado ao restante da comunidade acadêmica: “Esteja aberto a diálogos. Não confunda movimento com bagunça”.

Para o diretor Eustáquio Pessoa Júnior, a insatisfação e a reivindicação estudantil são legítimas. Porém, não há como negar que existe uma perda de conteúdo. “O que eles querem é ter voz, vez e lugar. Querem ser ouvidos dentro do santuário deles, a escola. De qualquer forma, estamos aqui para evitar possíveis confusões e orientar os pais”, afirmou ele.

Ele e o vice-diretor Paulo César Ribeiro tiveram de assinar um termo alegando que não havia necessidade de intervenção policial. “Fizemos isso pela segurança dos próprios alunos. A PM esteve aqui três vezes”, explicou Paulo.

Enquanto isso, estudantes e professores divergem de opinião. A docente Isa Maria da Cruz, 50 anos, por exemplo, afirmou ser absolutamente contrária à ocupação.

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