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Brasília

Alerta da UnB: podem faltar leitos no DF

Estatístico aponta para risco de colapso no sistema de saúde caso a pandemia continue a avançar na proporção que tomou nos últimos dias em Brasília. Doença vitimou mais 14

Redação Jornal de Brasília

19/06/2020 7h19

Foto: Divulgação/Agência Saúde

Há risco de colapso “se os casos aumentam e a quantidade de leitos continua a mesma“

Catarina Lima e Larissa Galli
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O Observatório da Covid-19, formado por um grupo de cientistas independentes, que utiliza em suas avaliações os dados disponibilizados pelo ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Johns Hopkins e a Organização Mundial de Saúde (OMS), prevê uma média diária de 1.579 novos casos de coronavírus no Distrito Federal nos próximos cinco dias. Ontem foram diagnosticadas 1.381 pessoas infectadas por covid-19 na cidade.

Com base nos números do Observatório e nos casos graves de coronavírus no DF, que ontem pela manhã eram 50, segundo o Painel Covid-19 da Secretaria de Saúde, o professor de estatística da Universidade Brasília (UnB), Jhames Matos, prevê a necessidade de uma média de 63 leitos por dia para pacientes que desenvolverem a doença de forma grave.

O quadro de ocupação de leitos na capital e nas regiões administrativas na rede privada de saúde até a última quarta-feira (17) era de 74,6%. O segmento dispõe de 212 leitos de Unidade de Terapia Intensiva reservados para tratamento da covid-19, dos quais 162 estavam ocupados, restando apenas 49 disponíveis. Na rede pública existem 392 leitos em UTIs reservados para pacientes com coronavírus. Destes, 269 (57,65%) estavam ocupados até a última quarta-feira, restando 123.

O professor Jhames Matos alertou para o fato de os casos de coronavírus aumentarem de forma exponencial. Embora não seja possível dizer se vai haver um colapso no sistema de saúde do DF — falta de leitos para atender aos pacientes que precisarem —, Matos frisou que, enquanto houver aumento de casos da covid-19, haverá risco de colapso. “Se os casos aumentam e a quantidade de leitos continua a mesma, pode acontecer de faltarem leitos, sim”, explicou.

O médico José David Urbaéz, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e que também trabalha no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), disse que não é possível dizer com precisão quanto tempo uma pessoa com coronavírus fica na UTI, mas a média de ocupação de um leito é de 15 dias por paciente.

Os casos confirmados continuam aumentando. No dia 1 de junho o Distrito Federal contabilizava 10.510 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. Dez dias depois, o número dobrou: em 11/6 haviam 20.507 pessoas contaminadas na capital. Ou seja, dez mil novos casos foram registrados em apenas dez dias.

Até a última quarta, o DF tinha 27.140 casos confirmados da doença. Foram 17 mil pessoas infectadas só no mês de junho. Para chegar a marca de 17 mil casos, o DF levou aproximadamente três meses.

Flexibilização

A preocupação com o crescimento exponencial do coronavírus faz com que os profissionais da área de saúde sejam contrários a reabertura a economia do DF neste momento. Sucessivos decretos do governador Ibaneis Rocha determinaram a reabertura de shoppings, comércios de rua, parques e feiras. A previsão é que na próxima quinta-feira sejam retomadas as atividades dos bares e restaurantes da cidade. Na última quarta-feira, primeiro dia de funcionamento da Feira dos Importados, chamou a atenção a aglomeração que se formou no local. A fila para entrar chegava a 300 metros.

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