Menu
Brasília

Visibilidade: “já me negaram trabalho por ser trans”, diz moradora do Gama

A ONG adiciona também que o maior desafio para pessoas transexuais é a inserção no mercado de trabalho

Redação Jornal de Brasília

31/03/2022 21h18

FOTO: DREW ANGERER/AFP

Por Maria Luiza Castro e Milena Dias
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

Izabella Martins, 19, sofre por ser uma pessoa trans e expõe que, a comunidade transexual como um todo, quando não está sendo assassinada, está cometendo suicídio. No dia 31 de março é comemorado o Dia Internacional da Visibilidade Transgênero, quando é claro o desejo de inserção total na sociedade por esse grupo.

Segundo a ONG Transgender Europe (TGEU), o Brasil é o país que mais mata transexuais, sendo que só no ano de 2021 foram 140 mortes, de acordo com o Dossiê “Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras de 2021”.

Dificuldades

Izabella conta que a polícia e a população no geral não fazem nada a respeito dessa violência e ela se sente aterrorizada. Sempre ao sair de casa, pensa se conseguirá voltar. “Aqui, no Gama, já teve mais de 4 casos de travestis que foram mortas”, revela. Juntamente, ela desabafa que, devido a todo esse ódio, ela teme a violência, pelo simples fato dela ser ela mesma.

“O maior desafio é vencer o preconceito e a discriminação que permeiam o convívio social da comunidade trans, sobretudo, com o desafio de conseguir gerar emprego e renda”, afirma o presidente Christiano Ramos, da ONG Amigos da Vida. A finalidade é disponibilizar atendimento jurídico e psicológico para as comunidades mais vulneráveis, contando com cerca de 800 transgêneros.

A ONG adiciona também que o maior desafio para pessoas transexuais é a inserção no mercado de trabalho. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), o número de mulheres trans e travestis, vivendo da prostituição como única fonte de renda, chega a 90%. De acordo com Izabella, o mais importante a se considerar no Dia Internacional da Visibilidade Transgênero é o desemprego.

A maioria das instituições nega vagas às pessoas transexuais, sem motivações reais, além do preconceito. “Algumas empresas em que eu já fiz entrevista, me negaram e disseram que era pelo fato de eu ser trans”, atesta ela.

Apoio

Tratando sobre o SUS, Izabella relata uma grande facilidade na retificação no seu nome e gênero e no atendimento médico com tratamentos hormonais pelo ambulatório trans, que faz parte da rede pública. Para ter acesso, basta solicitar encaminhamento na unidade básica de saúde mais próxima.

“Acredito ser importante que exista essa rede de apoio que acolhe pessoas trans e faz com que elas vejam que não estão sozinhas e que podemos lutar e mudar toda essa triste realidade”

Por outro lado, Izabella conta que não se sente acolhida por nenhum grupo, especialmente pela comunidade LGBTQIA+. “Acredito que falta muito apoio de todo mundo, sempre falam pouco sobre as questões e dificuldades de pessoas trans”, relata. Ela também assegura que se sente privilegiada por ser acolhida e aceita pela sua família, entretanto sabe que isso não é a realidade da maioria das pessoas trans.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado