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Brasília

Um Natal cheio de reencontros

Espírito natalino retorna as casas do DF e famílias voltam a se reunir depois de quase dois anos

Mayra Dias

24/12/2021 5h46

Família, comida gostosa e abraços. Assim será o Natal de Julia Santos neste ano. Diferentemente do ano passado, quando, por causa da pandemia, esteve impedida de se reunir com seus familiares, a estudante de 22 anos está ansiosa para voltar a confraternizar ao lado das pessoas que ama. “Ano passad não me senti segura. Além de querer proteger minha mãe, pensei também no restante da família”, comenta a moradora de Sobradinho.

Em 2020, ela e Josefa Alves dos Santos, de 51 anos, optaram por passar a data em casa, apenas com a vizinha e com Jade, a cachorrinha, todas pessoas que já faziam parte das suas rotinas. “Minha mãe tem muitos irmãos, então, geralmente, todos se juntam na casa de uma das minhas tias, às vezes até com alguns amigos também, mas, ano passado, isso não aconteceu”, compartilha a jovem.

Para esse 2021, a família da jovem se prepara para uma confraternização especial, de modo a matar a saudade que todos estavam de um belo natal em família. “Para mim essa data significa reunião, estar perto de quem você gosta, da sua família, partilhar de um momento junto a pessoas que você ama. Tanto eu quanto a minha mãe sentimos muita falta de estar junto do restante dos parentes. Já tínhamos passado o ano inteiro longe, sem poder estar perto, e passar o Natal, um dia tão emocionante, distante, mexeu um pouco com a gente”, desenvolve a estudante. “Será um momento importante para todos pois nossa família sempre foi muito unida. Nossa bagunça fez falta”, comenta Julia.

A estudante conta que, mesmo sem a pandemia ter acabado, todos concordaram em se reunir devido a vacinação e a significativa redução no número de casos de covid-19. “Ano passado realmente foi impossível. Era muito arriscado para todos. Não tínhamos vacina e temos muitas pessoas mais velhas na familia”, completou. De acordo com o que ela relata, foi a primeira vez que eles não se reuniram.

Assim como Julia e Josefa, muitas pessoas também não se sentiram confortáveis em confraternizar no Natal de 2020.

Foi o caso de Carla Gabriela, de 31 anos. Ela conta que, no último ano, por ter passado por momentos difíceis com alguém próximo que pegou a doença poucas semanas antes da data, optou por ficar apenas com quem compartilha a casa, pensando em evitar passar por isso de novo. “Meu sogro tem uma fazenda, bem isolada. Decidimos passar o Natal lá, apenas eu, meu marido e meus filhos. Nem com meus pais eu pude reunir, mas foi por opção e amor a eles”, conta a autônoma que revela ainda que, no réveillon do mesmo ano, repetiu o feito. “Fizemos nossa comida e ficamos por ali mesmo. O lugar é lindo, agradável e estávamos cercados de muito amor”, desenvolve Carla.

No entanto, compartilhando do mesmo sentimento de Julia Santos, a saudade de ter toda a família em volta também bateu na moradora do Noroeste. “Passar o Natal longe dos meus pais foi algo novo pra mim, principalmente em um momento em que milhares de pessoas estavam perdendo pessoas queridas para o vírus”, diz.

Momentos de grande valor

São relatos como o de Carla e de Julia que farão do Natal de 2021 um natal de reencontros e ressignificados. Depois de quase dois anos de isolamento, celebrações virtuais e ligações pelo celular, a data ganha, hoje, um valor e significado ainda maiores. “Estou muito ansiosa para reencontrar todo mundo e estar junto das pessoas que eu gosto.

Minhas expectativas estão bem altas para esse dia tão especial. Ter esse momento, me sentindo um pouco mais segura em poder compartilhá-lo com a família realmente me anima”, expõe a estudante de Sobradinho. “Já fomos comprar os presentes, fizemos a divisão das comidas da ceia, decidimos o local. Estamos, de fato, esperando muito por esse dia”, finaliza Júlia.

Momentos como esse, na visão da psicóloga Stela de Lemos, do Hospital Anchieta de Brasília, são extremamente importantes de serem vividos e mantidos. “Estar perto de quem se ama e ter momentos de afeto interfere na nossa saúde mental”, comenta a profissional. Ter vínculos de qualidade, como ela explica, são fatores contribuintes para formar um ser social. “Fazer-se presente para os nossos entes queridos, mesmo neste momento delicado, é fundamental para nos sentirmos apoiados e nos fortalecer”, declara a psicóloga.

Como relembra Stela, o caos e o medo vivido no último ano devido a crise sanitária que se instalou no país, impactou drasticamente a mente das pessoas, mas também as ensinou a valorizar ainda mais momentos junto com familiares e amigos. “Aprendemos, com essa situação, que o mais importante é estar presente. Tomando os devidos cuidados, é importante confraternizar e viver essa experiência fraterna”, ressaltou a profissional.

Cuidados permanecem

Mesmo com esse relaxamento, que é normal e esperado, Roberto Valente, pneumologista que também atua no Hospital Anchieta, reforça algumas medidas que devem ser tomadas para festejar sem correr riscos. “Se toda a família estiver vacinada com as duas doses, na minha avaliação, a confraternização pode ser feita”, sinaliza.

Conforme salienta o especialista, se não forem realizadas precauções básicas, o cenário pode se agravar novamente. “Para esse momento, minhas dicas são checar se todos os membros da família que participarão estão vacinados, evitar ambientes com pouca ventilação e orientar aos familiares que estiverem com sintomas respiratórios, inclusive os vacinados, a não participarem do encontro”, diz Roberto.

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