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Brasília

Trilha explora o mundo dos fungos no Jardim Botânico de Brasília

A ideia é que essa trilha aconteça no período chuvoso de Brasília, época em que esses fungos se proliferam pelo solo e raízes da floresta

Redação Jornal de Brasília

21/01/2022 12h37

Estevão Souza

Amanda Karolyne
[email protected]

Com uma perspectiva diferente da floresta, a Trilha Fungi traz o conceito de procurar pelos macrofungos presentes no cerrado na época da chuva. Com várias edições programadas para o mês de janeiro, a próxima edição da Trilha acontece no Jardim Botânico de Brasília, no sábado, 22, e domingo, 23 de janeiro, das 10h às 13h. A ideia é que essa trilha aconteça no período chuvoso de Brasília, época em que esses fungos se proliferam pelo solo e raízes da floresta.

O biólogo Fábio Vieira é o organizador da trilha, que já teve edições anteriores, como em dezembro de 2021. São 15 anos que Fábio tem investigado os macrofungos que consegue observar a olho nu no cerrado. Para ele é muito importante explorar todo o potencial que se tem no Jardim Botânico. Ao andar pela área do Jardim Botânico, o biólogo comenta que essa trilha é um bom treinamento do olhar. “Olhar para a parte de baixo da mata e um novo mundo surge e começa a saltar mais aos olhos.

Para Fábio, fazer essa trilha é reconhecer a importância de catalogar e reconhecer a biodiversidade do cerrado. “Assim como a gente tá preocupado em catalogar a diversidade de plantas e de animais, nós precisamos nos dedicar à diversidade dos fungos, porque já se sabe que eles são muito importantes para o ecossistema, os fungos, os animais e as plantas estão todos conectados”, relata. O biólogo explica que o papel ecológico dos fungos é muito importante, e cita que alguns deles fazem associação com plantas, e outros são decompositores de matéria orgânica, crescem em cima de matéria e folhas de plantas, e fazem a ciclagem de nutriente, fazendo isso voltar para o ecossistema em forma de energia.

De acordo com o biólogo, é importante também que haja o embasamento da lista de preservação do cerrado. “Quanto mais diversidade puder colocar, a gente tem que mostrar todo o potencial do cerrado e engrossar a lista, porque o pessoal acha que é só árvore torta, lobo do guará e essas coisas aqui que a gente nem imagina”. “É importante atualizar as listas de espécies ameaçadas também”, frisa. Ele aponta que aqui existem estudos sobre fungos parasitas em plantas, mas que isso não é o suficiente. Para ele, é importante divulgar a ciência nas redes sociais, mesmo ele não publicando artigos científicos, ele diz que usa muito o Instagram para divulgar toda a investigação que ele faz aqui no DF, e para fazer contato também com os micólogos científicos. “A informação está circulando”.

Ele fala que o interesse pelos fungos cresceu bastante de uns tempos para cá, e depois que saiu um documentário Fantastic Fungi, cresceu mais ainda. “E aí foi nessa hora que comecei a organizar a trilha, fechei um primeiro grupo com alguns amigos, e fui vendo que o pessoal gostou”, finaliza. A capacidade máxima é de 15 pessoas, tanto pelo controle do grupo, quanto em termos de protocolos de saúde.

A Trilha conta com uma palestra introdutória sobre o Reino Fungi e suas espécies, classificações e ordens. O biólogo introduz os participantes da trilha, ao mundo dos macrofungos, que são espécies fúngicas que podem produzir frutificações visíveis a olho nu. Dentro do mundo dos macrofungos, nós podemos encontrar os famigerados cogumelos, orelhas-de-pau, ninho de passarinho ou trufas, e outras variedades morfológicas. Segundo Fábio, os estudos sobre esses fungos no cerrado são raros, e ele o faz de maneira independente, mas está sempre em contato com pesquisadores desses seres vivos no Brasil. “Eu sou só um micólogo amador, eu amo a coisa e gosto, mas têm os micólogos científicos, eles têm os focos de estudo específico, e eles são muito importantes, eles produzem os artigos de onde eu tiro meu conhecimento”, afirma.

O guia da Trilha também informa que no DF são 30 espécies de fungos comestíveis. “Apesar de serem mais comuns na mata atlantica”. Na edição da Trilha que aconteceu no dia 15 de janeiro, foi possível encontrar alguns cogumelos comestíveis como a Laccaria, mas o recomendado por Fábio é que as pessoas não saiam comendo os cogumelos, porque alguns podem ser tóxicos e venenosos, e podem ser difíceis de distinguir.

“O cerrado tem a característica da sazonalidade, a gente tem um período de seis meses de seca e um período de chuva de seis meses mais ou menos, e é na época de chuva que eles vão aparecer, os fungos gostam muito da umidade, eles vão aproveitar para crescer, se alimentar e espalhar seus esporos”, destaca Fábio. Ele vai acompanhar o clima da capital para atualizar as datas das trilhas dos próximos meses, mas pretende realizar outras edições durante o ano. O projeto acontece com o apoio da equipe do JBB.

Trilha Fungi com Fábio Vieira
22 e 23 de janeiro de 2022 (sábados e domingos) de 10 às 13 horas
Jardim Botânico de Brasília (JBB) – Smdb Conjunto 12 – Lago Sul
Valor: R$ 100,00 (Cada passeio)
Inscrições e informações: (61) 98443-7992

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