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Brasília

Três policiais foram presos por roubo de R$ 944 mil em bitcoins

De acordo com os responsáveis pela investigação do caso, o crime teria ocorrido no dia 05 de fevereiro

Evellyn Luchetta

07/02/2022 21h43

Atualizada 08/02/2022 8h19

Três policiais civis de Goiás foram presos nesta segunda-feira, 07, acusados de roubarem Bitcoins. Os agentes teriam conseguido 4 bitcoins, o equivalente a R$ 994,7 mil. O valor foi transferido por um negociador, que alega ter sido sequestrado e ameaçado pelos policiais, até que fizesse a transferência das moedas. O homem já foi investigado anteriormente pela polícia.

Ele disse que estava na companhia de mais três amigos em São Jorge, Alto Paraíso de Goiás, quando foi abordado por três pessoas em uma Land Rover preta. Segundo ele, os três indivíduos se identificaram como policiais federais e solicitaram uma revista no carro.

Após não terem encontrado nada no veículo, o homem afirma que foi levado até a pousada onde estava hospedado e lá, os policiais exigiram que ele fizesse uma transferência de 10 bitcoins, o equivalente a R$ 2.000.000,00.

De acordo com os responsáveis pela investigação do caso, o crime teria ocorrido no dia 05 de fevereiro.

No dia do crime, os policiais acusados chegaram a ser abordados por outra equipe, de policiais militares, que tinha recebido a informação de que um roubo de bitcoins havia sido feito, junto do modelo do carro em que os criminosos teriam fugido.

Desta forma, os policiais militares foram em busca dos criminosos e encontraram os três policiais civis.

Depois de abordados, os policiais civis foram liberados, pois a equipe responsável afirmou não ter encontrado nada de ilícito no carro.

Um dos policiais militares que realizou a parada afirmou que eles não retiveram os acusados no momento pois não tinham uma ocorrência registrada.

Quando a ocorrência foi de fato registrada, a equipe seguiu novamente em busca dos policiais civis e encontrou inicialmente apenas um deles.

Wiliam da Silva Ribeiro foi preso em flagrante pelo crime. No momento da prisão, ele ‘assumiu a autoria dos fatos’ e quando perguntado sobre seus comparsas, disse que ‘tomaram um rumo desconhecido’. Com ele, uma arma de fogo e 13 munições foram apreendidas.

Foto: Divulgação

Já na delegacia, Wiliam negou as acusações e afirmou que responderá em juízo.

Os outros suspeitos são Reges Alan dos Santos, de 32, e Antonnio Henrique Afonso Alves, 38, eles também são policiais civis e foram presos em seguida.

Os três acusados foram afastados de suas funções.

A vítima

O negociador que afirma ter sido roubado pelos policiais já é conhecido no mundo das criptomoedas.

Ele foi um dos investigados em uma operação que tinha como alvo um esquema de pirâmide financeira com as moedas digitais.

O caso envolveu policiais civis de três estados (PE, MG e CE), além do Distrito Federal. O esquema pode ter dado um prejuízo de pelo menos R$ 450 milhões a pessoas de dez países na America Latina.

O dia do crime

Em seu depoimento, a vítima explicou o que estava fazendo em São Jorge no dia do roubo. Segundo ele, a viagem era uma visita a um terreno que teria comprado na intenção de construir uma pousada. Ele afirma que aproveitou a estadia para fazer turismo e visitar cachoeiras e trilhas.

O homem não estava sozinho, ele contou ter ido até a Chapada dos Veadeiros na companhia de outros dois amigos. O local onde ficaram hospedados fica próximo a GO-239.

Durante o passeio, os três foram almoçar, momento em que afirmaram terem sido abordados pelos agentes. No seu depoimento, o negociador deu mais detalhes da abordagem.

‘Você acha que eu estou brincando? Eu vou te matar aqui e agora!’, esse foi o padrão do tratamento recebido pela vítima dos policiais. Ele afirma que essa frase foi dita no momento em que negou a transferência da primeira quantia exigida, de 10 bitcoins.

Além disso, ele diz ter recebido socos, chutes e pontapés dos policiais. O homem afirma que os criminosos tinham uma pasta com informações pessoais dele e fotos de sua família e amigos, e usaram o item para chantagem.

Depois de duas horas, ele diz ter chegado ao acordo de 4,485 bitcoins, o que sugere uma quantia de R$ 994,7 mil. O restante do dinheiro deveria ser transferido em até 24h. A movimentação ocorreu através de um QR Code fornecido pelos assaltantes.

A abordagem

Ao ser abordado no restaurante pelo policiais, o homem afirma que a desculpa dada por eles foi a de que eles sabiam sobre sua atuação no ‘ramo de cassinos no exterior’, e pediram que ele acessasse e mostrasse todas as contas bancárias cadastradas em seu celular.

Na ausência de internet, ele foi separado dos colegas e conduzido até a pousada, com o argumento de que lá poderia apresentar as provas exigidas pelos policiais, que se apresentaram como Policiais Rodoviários Federais (PRF) na abordagem.

Chegando na pousada, ele diz ter ficado detido pelos policiais por cerca de 2h, onde sofreu todas as violências informadas.

O outro lado

Ao chegar na delegacia, o primeiro detido, Wiliam da Silva, afirmou que nada do que foi narrado pelas vítimas é verdade.

Segundo ele, os policiais foram até lá de forma extraoficial cobrar uma dívida. Ele negou ainda qualquer tipo de intimidação ou violência, afirmando que existiam testemunhas que provassem o fato.

Até o momento, no entanto, nenhuma testemunha foi encontrada para confirmar a versão apresentada por ele.

Os demais acusados ainda não apresentaram sua versão dos fatos.

O processo:

O Jornal de Brasília teve acesso aos dados do processo, junto aos depoimentos dos citados. Confira a seguir:

Processo by Jornal de Brasília on Scribd

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