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Brasília

Traição entre familiares acaba em tortura e morte de idoso de 70 anos

Arquivo Geral

23/10/2018 21h47

Atualizada 29/11/2018 16h16

Foto: PCDF

João Paulo Mariano
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Um corpo encontrado completamente carbonizado no último dia 5, dentro de um carro na área dos Eucaliptos, em Brazlândia, desafiou os investigadores. Quem era aquele homem e por que foi morto daquela forma? As respostas surpreenderam a própria polícia, pois envolvem traição de pessoas de uma mesma família, vingança, morte por meios cruéis, além de prisões – duas delas ocorridas nessa segunda-feira.

O casal Daniel Pereira de Souza, 51, e Rosilene Alves de Souza, 47, é acusado de fazer uma emboscada, torturar e matar queimado o aposentado Osorino Pereira dos Santos, 70, morador da Vila Planalto. O motivo seria que, há seis meses, Rosilene e Osorino, que são tio e sobrinha, mantinham um caso, apesar de ela ser casada com Daniel há 25 anos. A vítima também era casada e com filhos.

O aposentado Osorino Pereira dos Santos, 70, foi torturado e morto. Foto: reprodução

Segundo o delegado-chefe da 18ª DP, Adval Cardoso, a prisão preventiva de ambos foi decretada pela Justiça e cumprida no fim da tarde de segunda. Isso ocorreu para que a ação não infringisse a lei que proíbe prisões nos cinco dias que antecedem as eleições, que ocorrerão no próximo domino (28).

“Não tenho dúvida nenhuma que eles são os autores do assassinato. Eles foram ouvidos separadamente e deram muitos detalhes do ocorrido. Mandamos perícia para o local onde a vítima foi torturada e para o local onde morreu. Tudo foi comprovado”, afirma.

Um homem com raiva

Em depoimento, Daniel disse que matou Osorino porque ficou com raiva dele, indignado pela traição cometida por uma pessoa tão próxima. “Ele não se mostra arrependido, mas está caindo na real, já que a pena pode ser grande. Parece que ele acreditava mesmo que ficaria sem punição. Ele cita que ‘tanta gente já teria feito coisa pior e não ficou na cadeia'”, afirma o delegado. Daniel confessou o crime assim que foi perguntado.

A esposa de Daniel, Rosilene, é sobrinha da mulher de Osorino. Daniel teria desconfiado da traição porque a vítima ligava muito para Rosilene. O marido perguntava o porquê e ela só dizia que o tio era um homem muito preocupado.

Não satisfeito, o esposo rastreou as atividades da mulher. Não demorou para ele colocá-la contra a parede e mostrar que, apesar das negativas, havia algo entre os familiares. Quando ela confessou, Daniel pediu para terminar o casamento. Porém, ela disse que estava arrependida e se propôs a ajudá-lo a se vingar do amante. Assim fizeram.

O crime

A dinâmica do crime impressiona pela crueldade. De acordo com a Polícia Civil, no dia 5 de outubro à noite, Rosilene ligou para Osorino e pediu para ter um encontro amoroso com ele. O local era um chalé de propriedade dela, a cerca de dez quilômetros de Cocalzinho (GO).

Por volta das 20h, a vítima chegou ao endereço e, logo na entrada, Daniel o abordou com uma faca. Em seguida, o idoso teve mãos e pés amarrados e ficou preso a um toco. Foi nesse momento que começou a tortura: ele foi espancado pelo homem, sempre com a presença da mulher, que, inclusive, teria limpado o sangue que ficou na cena do crime.

Depois, o idoso foi colocado, já desmaiado, no banco de trás de seu carro, um Fiat Uno, mas ainda com vida. Antes de levar o homem a Brazlândia para ser assassinado, o marido deixou a esposa em Águas Lindas.

Ao chegar cerca de 200 metros do cruzamento entre as DFs 415 e 445, Daniel parou o carro, saiu e jogou gasolina no corpo da vítima e no veículo. Em seguida, com tranquilidade, ele acendeu um cigarro, tragou e jogou no automóvel. Como o fogo se alastrou rapidamente, o autor do crime acabou tendo o braço direito queimado.

Saiba mais:
O casal morava em Águas Lindas e tem duas filhas: uma adulta e outra de 14 anos. Daniel trabalha há mais de 20 anos em um hotel no Plano Piloto e não tem nenhum registro policial.

A polícia identificou o corpo carbonizado no banco de trás do veículo a partir da placa do carro.

Segundo do delegado Adval Cardoso, eles devem pegar de 12 a 30 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada e ocultação de cadáver.

 

 

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