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Brasília

Suposta confissão de gestor sobre contratos superfaturados mobiliza metroviários

Arquivo Geral

29/08/2016 7h32

Hugo Barreto

Francisco Dutra
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Hoje, o Sindicato dos Metroviários (SindMetrô-DF) fará uma reunião de emergência para analisar o polêmico áudio no qual, supostamente, o presidente do Metrô, Marcelo Dourado, teria admitido a existência de contratos superfaturados na empresa pública. Os trabalhadores pretendem ter acesso a toda a gravação do diálogo e confirmar se Dourado teria sido ou não o responsável pela controversa confissão.

A denúncia foi a público pelo portal de notícias Guardian DF, em reportagem assinada por Elton Santos. No áudio, o personagem da polêmica, citado como Marcelo Dourado, disse: “Meu amigo, não tenho dúvida. Tamo junto. O que eu quero é que servidor concursado tenha aqui dentro do Metrô. Quanto menos terceirizado tiver, melhor. Rapaz, esses contratos estão tudo superfaturados”.

O diálogo teria ocorrido no ano passado. Estranhamente, os contratos terceirizados continuam em vigor e receberam aditivos nos últimos meses.

O diretor do SindMetrô, Ronaldo Amorim, espera ter acesso à conversa completa para ter certeza do teor do diálogo. “A impressão que dá é que foi o Marcelo Dourado quem falou mesmo. Mas vamos averiguar. Tudo isso causa bastante estranheza. Acabamos de sair de uma greve de mais de dois meses. Perdemos uma guerra na qual buscávamos contratar concursados. Se essa fala for do Dourado, será uma tapa na cara dos trabalhadores”, ponderou Amorim.

Independentemente de haver ou não contratos superfaturados, o diretor do SindMetrô ressaltou que a contratação de terceirizados para serviços de vigilância fere a legislação. Segundo Amorim, a Lei 6.149/74 estabelece que todo corpo de segurança deste tipo de serviço deve ser concursado. Atualmente, conforme cálculos do SindMetrô, 204 terceirizados são responsáveis pela vigilância de estações e trens.

O Jornal Brasília tentou falar com o presidente do Metrô, Marcelo Dourado, para colher sua versão do caso. No entanto, as chamadas não foram atendidas. A reportagem buscou a assessoria da empresa pelo celular. Mas também não conseguiu contato até o fechamento desta edição.

Categoria pode acionar a Justiça

Caso seja confirmado que a controversa fala partiu de Marcelo Dourado, os metroviários planejam entrar com representações no Ministério Público e na Justiça do Trabalho. A categoria ainda se recupera da recente derrota judicial, na qual se viu impedida de seguir em frente com uma greve.

“Se for verdade, o Metrô não deve explicações apenas para nós. Deve para toda sociedade. Esses contratos vieram de governos passados. Até entendemos. Mas, se estavam superfaturados, era obrigação do gestor público agir imediatamente para suspendê-los. E o que aconteceu foi o contrário. Esses contratos receberam aditivos”, desabafou Ronaldo Amorim.

Na greve deste ano, os metroviários pediram recomposição salarial e contratação de concursados. A paralisação afetou profundamente a mobilidade no DF.

Saiba mais

Nos momentos finais da greve, os metroviários chegaram a tentar um acordo com o GDF. Em troca da volta ao trabalho, o governo não cortaria o ponto. O Palácio do Buriti não aceitou, mas a Justiça definiu que parte seria abonada.

Dentro do governo, muitos personagens importantes consideravam que o pleito dos metroviários era justo. Mas, em função da crise e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), não seria possível atendê-los.

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