Menu
Brasília

Símbolo de Brasília, Hotel Nacional vai a leilão até a próxima segunda-feira

Arquivo Geral

06/11/2018 7h00

Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Rafaella Panceri
[email protected]

O Hotel Nacional, inaugurado em 1960 para ser o maior hotel da cidade à época, será leiloado até a próxima segunda-feira pelo lance mínimo de R$ 129,6 milhões. A venda foi iniciada há uma semana no site Mega Leilões, mas ainda não atraiu nenhum investidor em potencial. O valor arrecadado pagará parte das dívidas adquiridas com a falência da Petroforte, que já foi uma das principais distribuidoras de combustível do País.

De acordo com a 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo, responsável pelo leilão, o empreendimento foi avaliado em R$ 185,2 milhões em dezembro de 2017.

Para a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih-DF), a venda representa a vinda de novos investimentos para o setor hoteleiro da cidade. “O investidor ou o grupo de investidores que arrematar vai investir ali e atualizar a estrutura”, avalia a presidente da associação, Adriana Pinto. “O principal valor do Hotel Nacional é o endereço”, pontua.

Com vista para monumentos como a Torre de TV, o Estádio Nacional Mané Garrincha, a Catedral Metropolitana e a Esplanada dos Ministérios, ele foi erguido em uma área estratégica e passou a ser uma alternativa para os eventos da alta sociedade à época, que se concentrava no Brasília Palace, primeiro cinco estrelas brasiliense.

“Mas a estrutura física está muito defasada”, pondera a presidente da Abih-DF, e sugere que uma implosão seja mais vantajosa do que uma reforma. “Imagino que o investidor não o compre para continuar a operação do jeito que está”, opina. O edifício foi inaugurado em 1960 para abrigar o primeiro hotel de luxo de Brasília e, desde então, preservou a mobília, a decoração e a estrutura da época.

Além da hotelaria, o hotel serve ao comércio há mais de meio século. No térreo, casas de câmbio, salões de beleza e lojas de aluguel de veículos dividem espaço. O prédio tem 368 apartamentos e área total de 73,6 mil m². Conta com 17 salões para eventos, piscina, sala de chá e sala vip com entrada exclusiva para autoridades. A suíte presidencial tem 260 m² e quatro quartos de apoio, com vista para a Praça dos Três Poderes.

Glamour e dívidas milionárias

Há 60 anos, celebridades, políticos e diplomatas tinham destino certo. Eventos sociais e baladas tomavam conta dos salões do Hotel Nacional. O primeiro dono do empreendimento era argentino, José Tijurs. Quando ele faleceu, a administração passou para filhos e netos. Assim, o hotel começou a passar por dificuldades financeiras. No auge, porém, o empreendimento hospedou a rainha Elizabeth II, quem usou a suíte presidencial pela primeira vez. Depois dela, o presidente francês Charles De Gaulle, os presidentes dos Estados Unidos Jimmy Carter e Ronald Reagan e o primeiro-ministro de Portugal, Cavaco Silva, passaram por lá.

O hotel foi casa dos ex-presidentes Itamar Franco e José Alencar. Era frequentado por Fernando Collor e recebeu Xuxa, Roberto Carlos e Sílvio Santos, seguidos por multidões. Além deles, Nelson Gonçalves e Herivelto Martins foram alguns a fazerem shows épicos.

Em 1994, o Hotel Nacional foi vendido para a família de Wagner Canhedo, também dono da Vasp. Os problemas financeiros não acabaram: em 2007, 310 hóspedes foram despejados durante os desdobramentos de disputa judicial com a Securinvest Holdings S/A. A empresa alegava um calote de R$ 46,5 milhões em parcelas da compra do hotel e conseguiu uma decisão de reintegração de posse. Com 60 anos de vida, o hotel recebe executivos e conferências de empresas e órgãos públicos durante a semana. Passou pela última reforma antes da Copa do Mundo de 2014, quando os carpetes foram trocados.

Saiba Mais

Apesar de figurar entre os principais ícones da arquitetura e da história de Brasília, o Hotel Nacional não é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Porém, está inserido no conjunto urbanístico da cidade — este, sim, tombado como patrimônio nacional e distrital. “Por ser um edifício icônico dentro do conjunto, as intervenções sobre ele requerem cuidados”, informou o instituto, e acrescentou que está “à disposição para orientar e contribuir na qualificação de qualquer projeto de intervenção do prédio, ressaltando que deve-se sempre cumprir as regras de tombamento, de manutenção da volumetria dos edifícios”.


Serviço

O leilão do Hotel Nacional será encerrado às 15h da próxima segunda-feira (12). Os lances estão disponíveis no site www.megaleiloes.com.br.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado