Menu
Brasília

Setor industrial do DF sente falta de profissionais qualificados

Para contornar necessidade, mais de 100 mil cursos de capacitação serão ofertados para que haja o aprimoramento de habilidades e capacitação

Vítor Mendonça

11/06/2022 5h24

Atualizada 10/06/2022 18h34

Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil

A Indústria no Distrito Federal está com falta de mão de obra qualificada para preencher vagas de emprego no setor manufatureiro. É o que indica o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, coordenado pelo Observatório Nacional da Indústria, que estabeleceu a missão de qualificar, até 2025, mais de 100 mil profissionais no setor industrial. No parâmetro brasileiro, a demanda é de aproximadamente 9,6 milhões de pessoas.

De acordo com o levantamento, a expectativa é que sejam habilitadas cerca de 25 mil pessoas em formações iniciais e outras 75 mil em formações continuadas, para que haja o aprimoramento de habilidades, conhecimentos e competências dos profissionais. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos da produção industrial, mas que também estão presentes em outros setores da economia.

Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), braço da CNI, a demanda na capital federal por formação industrial será para a qualificação, para a área técnica e para a capacitação em nível superior. As maiores necessidades são nas áreas da Tecnologia da Informação – em crescimento, considerada uma das profissões do futuro –, Construção Civil, Logística e Transporte, e Metalomecânica – ramo da metalurgia.

Há ainda as chamadas ocupações transversais, isto é, as que permitem que o trabalhador articule com diferentes áreas técnicas e de conhecimento, como as posições com temáticas de Segurança do Trabalho, Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento, e Metrologia – ramo que analisa as medidas necessárias para a completude de um projeto específico, além de apontar erros no processo de produção ou construção.

Conforme explicou o diretor da Tecna Construtora, João Carlos Lopes, são nas profissões mais tradicionais da Construção Civil que falta mão de obra qualificada. As principais carências são de engenheiros civis e eletricistas confiáveis para as demandas da empresa, justamente por falta de um aperfeiçoamento técnico prático para muitos dos profissionais.

Ele explica que a empresa teria a capacidade para empregar cerca de 50 novos profissionais imediatamente, mas que, pela falta de qualificação, a contratação é inviável. A construtora está à frente de obras que empregam entre 600 e 700 pessoas e, portanto, o número de novas contratações equivaleria a quase 10% do total de trabalhadores.

“Avaliamos que temos dificuldade para as contratações das formações de eletricistas, carpinteiros, bombeiros hidráulicos, e também estamos com falta de bons mestres de obras. Temos visto uma quantidade aquém do que o mercado demanda hoje”, relatou. Além disso, os que possuem formação superior também deixam a desejar.

Segundo ele, até existem muitos engenheiros civis e arquitetos no mercado, mas muitos ou possuem pouca experiência ou não têm nenhuma vivência com o acompanhamento de um ciclo completo de obras. “Com isso, temos impacto no prazo da obra e ainda um aumento no custo para o acompanhamento e fiscalização das construções. A falta de qualificação significa que precisamos gastar mais com inspeções e análises de segurança, por falta de confiança”, destacou.

O que resta a fazer é contratar aqueles com baixa experiência, sendo necessário investir também nos ciclos de obras dos engenheiros. “Isso acaba tendo gente menos experiente e exigindo um maior acompanhamento e controle de qualidade. Acabamos assumindo essa responsabilidade. Por um lado é bom para alinharmos tudo de acordo com a nossa cultura, mas por outro falta de experiência.”

João explica que a qualidade da formação também caiu, sendo o padrão de hoje bem abaixo do de anos atrás. Além disso, parte do déficit está relacionado com a crise pela qual o setor imobiliário passou entre 2014 e 2018, quando havia muitas pessoas da área desempregadas.

Para ele, depois do reaquecimento iniciado em 2018 e 2019, o mercado teve uma expansão muito significativa, o que exige atualmente mais mão de obra. “Acredito que [os cursos do Senai] possam ajudar muito o setor. Essa união de esforços é fundamental para apoiar o processo de qualificação e de formação de pessoas”, afirmou. Vejo essa união de forças também junto com as universidades como sendo o principal vetor para diminuirmos o déficit no nosso setor.”

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado