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Brasília

Sete pessoas são presas suspeitas de envolvimento em fraude no BRB

Arquivo Geral

19/10/2016 8h20

Gabriel Jabur/Agência Brasília

Jéssica Antunes
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Pelo menos 53 pessoas são suspeitas de participarem de dois esquemas que provocaram um rombo somado de mais de R$ 3,8 milhões no Banco de Brasília (BRB). Os golpes milionários aconteceram em um único dia com emissão e pagamento de boletos falsos em um posto de conveniência bancária no Gama. Na terceira fase da operação, sete envolvidos foram presos preventivamente e três estão foragidos. A polícia não descarta participação de funcionários do banco na fraude.

Segundo a Polícia Civil, os dois esquemas paralelos aconteceram no dia 19 de fevereiro, uma sexta-feira. Naquele dia, explicou Fernando César Costa, delegado de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), fizeram a simulação de depósitos nas contas correntes de pessoas ligadas aos envolvidos e emitiram boletos que não correspondiam com nenhum serviço prestado ou produto vendido. Os valores eram sempre próximo ao limite de pagamento de uma conveniência, de R$ 5 mil.

Durante todo o esquema, os proprietários estiveram presentes no estabelecimento participando da ação, mas era um funcionário fantasma que fazia as operações. Ele usava o registro civil de uma vítima de roubo e conseguiu, rapidamente, a matrícula para o serviço junto ao banco. Ele fez 22 depósitos que ultrapassaram os R$ 102 mil e pagou, com recursos do BRB, boletos falsos em benefício de várias empresas, como postos de combustíveis, distribuidora de alimentos, serviços aeroportuários de transporte e agências de turismo, além de pessoas físicas.

No fim das contas, não houve recolhimento de dinheiro do caixa da conveniência. “Os depósitos foram realmente efetivados pelo BRB, os boletos foram efetivamente pagos, o dinheiro foi transferido para a conta dos beneficiários, mas esses valores não entraram na conveniência, não foram recolhidos aos cofres do BRB”, explicou o titular da DRF.

Esquemas paralelos

Já haviam sido expedidos 26 mandados de prisões temporárias na primeira fase. Quatro delas foram convertidas em preventivas na segunda etapa da operação intitulada Revés e outros 22 suspeitos respondem em liberdade. Com as investigações, a Polícia Civil descobriu que foi criado um esquema criminoso paralelo ao que já havia sido identificado, com a participação de três empresas todas localizadas no Gama.

Empresários do Gama Auto Center, da Ferragens Guarani e da Degata Calçados, cooptados para o golpe, foram alvos dos mandados desta fase da operação e responsáveis pela movimentação de R$ 600 mil em pagamentos fraudulentos. Conforme as investigações, o segundo esquema não tinha envolvimento do articulador do primeiro, mas, juntos, chegaram ao montante de quase R$ 3 milhões. O Jornal de Brasília não conseguiu contato com as empresas.

Os investigadores ainda identificaram que havia a participação do titular da agência de correspondência bancária, Ramon Carvalho Maurício, e dos filhos dele, Ramon Filho e Letícia Dantas, que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Fernando César Costa, titular da DRF, disse que o “esquema dentro do esquema” ocorria sem o conhecimento do pai, que coordenava as ações.

Impunidade

Quando se percebeu o golpe, o BRB conseguiu bloquear R$ 600 mil. De acordo com a DRF, o empresário Luiz Carlos Reis, conhecido como Iti, candidato a deputado distrital em 2014 pelo PPS e apontado como articulador do esquema, acionou a Justiça para pedir o desbloqueio do valor. “Isso demonstra que a quadrilha tinha certeza da impunidade”, afirmou Fernando César Costa.

A DRF continua a investigar a forma como o dinheiro chegou aos idealizadores do esquema, mas considera encerrado o levantamento dos crimes cometidos pelo grupo. Segundo o delegado, parte do valor pode estar em outros países, já que Ramon viajou para fora do Brasil. A loja de conveniência foi fechada. De acordo com os investigadores, será investigado se houve participação de funcionários do BRB: “Chama a atenção a celeridade do cadastramento”.

Saiba mais

Além das sete prisões realizadas na terceira fase da operação, a polícia expediu ainda oito mandados de prisão contra os foragidos Ramon Filho os irmãos Gabriel Maurício Martins, Lourenço Maurício Martins e Daniel Maurício Martins.

A Polícia Civil apura outra fraude que teria acontecido em um BRB de Ceilândia, onde R$ 230 mil foram desviados.

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