Larissa Galli, Olavo David Neto e Vítor Mendonça
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Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, é morador do Vale do Amanhecer. Cozinheiro, estava desempregado desde junho de 2018, quando deixou a empresa terceirizada onde trabalhava. Há um mês arranjou um trabalho em um restaurante na Asa Norte. Apesar de não ter antecedentes ou processos judiciais, ele confessou o assassinato de Genir Pereira de Sousa, 47 anos, em junho deste ano. Funcionária de uma pizzaria, ela desapareceu em 2 de julho e, dez dias depois, o corpo foi encontrado.
Marinésio é casado e pai de uma adolescente de 16 anos, que deixou no colégio antes de dar carona a Letícia. O homem negou fazer transporte clandestino na Chevrolet Blazer prata que usou no crime. No carro, os agentes encontraram o celular da advogada atrás do banco e, no porta-luvas, relógio, fichário e material de estudo da vítima. Entre o momento que deixou a filha no colégio e o assassinato de Letícia Curado, Marinésio esteve na casa da irmã.
Assassinato repercute
A deputada distrital e Procuradora Especial da Mulher, Júlia Lucy (Novo), lamentou a morte de Letícia Curado e caracterizou o assassinato como “triste e revoltante“. Segundo ela, mais uma mulher foi vítima de uma “cultura assassina“.
“Está evidente a necessidade de se trabalhar a mudança cultural do machismo que vivemos no Brasil”, afirmou.
A parlamentar, que chegou a compartilhar a notícia do sumiço da servidora, não entende que houve uma “falha do Estado”, mas enfatizou a importância de uma política de prevenção para evitar novos casos.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, por meio de uma rede social, comentou a crueldade do caso. “Letícia Curado saiu de casa para trabalhar no MEC, mas a crueldade e a violência interromperam seu trajeto. Presto minha solidariedade e apoio à família da vítima, que deixa um filho de 3 anos.” Ele cobra uma resposta severa das autoridades competentes.
“Espero que a Polícia e o Poder Judiciário punam o culpado dessa barbárie!”
O deputado distrital Fábio Felix (Psol) declarou tristeza a mais um caso de violência contra a mulher. “Mais uma vítima de feminicídio. Meus sentimentos à família”, afirmou. “Letícia, como muitas mulheres, disse não a um assédio sexual e isso bastou para que ela fosse assassinada“.
Em nota, a diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) e da Subseção de Planaltina declarou que “lamenta profundamente a perda da advogada Letícia Curado, jovem profissional recém inscrita nos quadros da instituição, com um futuro brilhante, infelizmente interrompido de forma trágica“. A organização nacional do órgão também se mobilizou: “Reafirmamos mais uma vez nosso compromisso inarredável com o enfrentamento à violência contra mulheres. Não podemos aceitar que mulheres continuem morrendo por serem mulheres.”
A Comissão Nacional da Mulher Advogada também declara que “lamenta profundamente que mais uma mulher, dessa vez uma colega advogada, tenha sido vítima de violência de gênero em nosso país”.
Vítimas em 2019
Patrícia Alice de Sousa
04/01
23 anos
Vanilma dos Santos
05/01
30 anos
Diva Maria Maia da Silva
28/01
69 anos
Veigma Martins
30/01
56 anos
Cevilha Moreira dos Santos
11/03
45 anos
Maria dos Santos Gaudêncio
17/03
52 anos
Edileuza Gomes de Lima
29/03
68 anos
Isabella Borges
31/03
25 anos
Luana Bezerra da Silva
14/04
28 anos
Elaine Maria Sousa
21/04
49 anos
Jacqueline dos Santos Pereira
06/05
39 anos
Cacia Regina Pereira da Silva
09/05
47 anos
Maria de Jesus do Nascimento Lima
09/05
29 anos
Débora Tereza Correa
20/05
43 anos
Genir Pereira de Sousa
22/06
47 anos
Joyce O. Azevedo
22/07
21 anos
Letícia Sousa Curado
26/08
26 anos