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Brasília

Sem transplante de medula, ao menos 7 pessoas por mês podem morrer no DF

Arquivo Geral

28/12/2018 16h50

Foto: Divulgação/ICDF

Brenda Abreu
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Ao menos sete pacientes por mês podem perder a vida por não realizarem o transplante de medula óssea no Distrito Federal. Pacientes que aguardam na fila para o procedimento precisarão ser remanejados para outros estados para conseguir atendimento. Isso porque o Instituto de Cardiologia do DF (ICDF) – antigo Incor – suspendeu a cirurgia, alegando falta de repasses da Secretaria de Saúde. A pasta desconhece a falta de pagamento e considera “injustificável qualquer suspensão de procedimentos”.

O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias e os linfomas. Segundo a assessoria do ICDF, o serviço está suspenso desde novembro. A unidade, que realizou 87 transplantes de medula óssea neste ano – sete por mês, em média -, relata que atende mais de 95% das demandas desse serviço na rede pública. Agora, está sem recursos para prosseguir com o atendimento.

“O desabastecimento da instituição e o incremento no nível de endividamento da instituição com fornecedores e profissionais foram motivados pelos repetidos atrasos em repasses da Secretaria de Saúde do DF, que comprometeram as finanças do hospital neste ano de 2018”, explica o instituto, em nota.

O hospital argumenta que “não consegue realizar nenhuma compra, e que os seus fornecedores se negam a realizar qualquer entrega de material ou insumo, tendo em vista a incapacidade de pagamento”. Além disso, o ICDF também buscou apoio do Ministério Público do DF e alternativas financeiras para minimizar os impactos gerados pelas dívidas.

Em outubro deste ano, a unidade enviou um ofício à Secretaria de Saúde cobrando o pagamento de mais de R$ 26 milhões, considerando os exercícios de 2016, 2017 e o ano corrente.

Em contrapartida, o órgão alega que, só neste ano, repassou R$ 110 milhões ao Instituto, e que os pagamentos estão em dia. Por sua vez, o ICDF explica que, independentemente do valor repassado, as dívidas continuam existindo, por conta de o pagamento ser feito após o serviço prestado. Isso significa que as dívidas enviadas à Secretaria se referem a procedimentos já realizados – ou seja, não há uma verba fixa ou pré-destinada ao Instituto.

O valor atualizado das dívidas que o Instituto possui não foi divulgado. A reportagem buscou junto à Secretaria de Saúde esses valores, além das notas empenhadas que ainda não foram pagas. Porém, o órgão não respondeu aos questionamentos.

“Consequências de um governo ruim”

Sobre a suspensão do transplante de medula óssea na capital, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde-DF) avalia que isso afeta a todos os pacientes que precisam do serviço. “Essas são as consequências de um mau governo. A saúde pública tem que ser prioridade, é preciso que o serviço seja mantido e não interrompido”, disparou Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde.

Continuidade do serviço

Os pacientes que estavam utilizando os serviços do ICDF e foram prejudicados pela suspensão estão sendo remanejados para outras unidades, inclusive fora da capital, segundo a Secretaria de Saúde. O Instituto lamenta o ocorrido e diz que “confia que o atendimento será prontamente regularizado já nos primeiros meses de 2019”.

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