Por Caroline Purificação
A exclusão de crianças e adolescentes no ambiente escolar continua sendo um problema no Distrito Federal. A rede de ensino público da capital possui atualmente 27.164 estudantes com deficiência cadastrados, segundo informações da Secretaria de Educação (SEEDF). Já o número de monitores e educadores sociais para o auxílio a esse público chega a 1.391, ou seja, esses funcionários conseguem atender a apenas 5,1% das demandas de atendimentos.
De acordo com dados da Secretária de Pessoa (SEPD-DF) com Deficiência passadas ao Jornal de Brasília, a pasta registrou neste ano 44.285 pessoas com deficiência (PCD) cadastradas no total. No entanto, informações do “Censo Demográfico 2022: Pessoas com Deficiência e Pessoas Diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista” do IBGE apontam um total de 2.757.844 pessoas de dois anos ou mais nessas condições residentes do DF.

Willian Ferreira da Cunha, secretário da Pessoa com Deficiência, informou ao Jornal de Brasília sobre a importância de comunicar às autoridades legais quando uma instituição de ensino não estiver ofertando a inclusão dos PCDs no ambiente escolar por meio da Ouvidoria do GDF, que irá direcionar ao órgão responsável e assegurar o acompanhamento do caso. As práticas escolas são de responsabilidade da SEEDF e a SEPD atua apenas de forma colaborativa.

A respeito da acessibilidade e apoio especializado dentro das escolas, o secretário comenta: “Há escolas que ainda demandam adequações, como ocorre em qualquer rede pública de grande porte. A cada necessidade identificada as áreas trabalham articuladas para planejar ou executar melhorias, priorizando o atendimento às pessoas com deficiência”.
“Sem apoio, não é inclusão, é abandono”, diz mãe de três crianças autistas

Cibelle Lopes é mãe atípica de três autistas, um rapaz de 13 anos e gêmeos de 8 anos, e falou ao Jornal de Brasília a realidade que vive com os filhos no ambiente escolar. Coordenadora das Frente Parlamentares do Autismo, presidida pelo deputado distrital, Eduardo Pedrosa (União-DF), Cibelle relata que a rede de ensino particular dispõe de uma melhor estrutura física, mas carece de sensibilidade.
“Em relação ao atendimento, à sensibilidade e ao formato de inclusão, muitas escolas públicas acabam sendo mais preparadas e mais comprometidas com a realidade das crianças com deficiência, especialmente as crianças autistas”, expõe ela.
O monitor e o educador social são profissionais fundamentais para assegurar um ambiente escolar tranquilo e mais seguro, tanto para as crianças atendidas como para os pais que depositam sua confiança nas instituições de ensino.
“Como mãe de 3 filhos autistas, eu sei: a terapia trata, mas é o monitor e o educador social que sustentam a rotina, a dignidade e a permanência daquele aluno no ambiente. Sem eles, não é inclusão, é abandono disfarçado”, afirma a coordenadora.
Para Cibele, o DF ainda carece de suporte para as famílias de crianças com deficiência na educação, principalmente de crianças atípicas: “Existem iniciativas e avanços, sim, mas eles ainda não alcançam todas as famílias de forma contínua, humanizada e integrada”.
“As conquistas mostram que estamos abrindo um caminho. Mas a verdade é que ainda dependemos muito da força das famílias e das frentes parlamentares para que as coisas avancem. Isso, por si só, já prova que a visibilidade do Estado, sozinha, ainda não é suficiente”, finaliza ela.
SEEDF atende 570 crianças cadeirantes no transporte público escolar
A subsecretária de Apoio às Políticas Educacionais da SEEDF, Fernanda Mateus, explicou para o Jornal de Brasília como a instituição de ensino pode realizar a solicitação de um veículo para transportar crianças e adolescentes para atividades extraclasses.

A solicitação deve ser feita pela escola junto a Regional de Ensino da região, para que a Regional demande a SEEDF ou fretar um ônibus adequado para atender o pedido da escola. Contudo, a pasta não consegue garantir o acesso à mobilidade quando o fretamento é feito de maneira particular pela própria escola. Em casos assim, a pasta abre uma análise de caso juntamente à Corregedoria do DF.
Fernanda também informou que a pasta atende hoje mais de 70 mil crianças com o transporte público escolar, e entre este número cerca de 570 são cadeirantes.
Os ônibus são ofertados em todas as regiões do DF para levar e buscar os pequenos em suas instituições de ensino. Para que o aluno seja contemplado com este benefício é necessário que os pais procurem a secretaria da escola e façam o pedido.