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Brasília

Secretaria do Meio Ambiente conduz pesquisa sobre capivaras no Lago Paranoá

A pesquisa do SEMA com a Universidade Católica segue sendo feita e com foco no principal objetivo, que é ter material de estudo para embasar políticas públicas para o cuidado animal e ambiental e encontrar soluções para a situação

Redação Jornal de Brasília

16/09/2021 18h56

Por Arthur Ribeiro
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Na última segunda-feira (13) um homem foi atacado por uma capivara enquanto nadava no Lago Paranoá, na área do Clube da Aeronáutica. Com a relevância do assunto e a comemoração da Semana do Cerrado, cujo Dia Nacional foi celebrado no dia 11 deste mês, a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), com apoio do Projeto CITinova, realizaram um webinário no qual um dos painéis foi a respeito de um estudo sobre capivaras na orla do lago.

A SEMA está realizando uma pesquisa em conjunto com a Universidade Católica de Brasília para estudar sobre a espécie, visando a identificação e o monitoramento desses animais na região do Lago Paranoá. A coordenadora do estudo, Helga Wiederhecker, diz que parte do objetivo é que se conheça mais sobre as capivaras, principalmente para a população reconhecer que são animais selvagens, e por mais que na maioria das vezes não demonstrem um comportamento agressivo, ainda assim devem ser observadas com distância.

Wiederhecker também afirmou que esta é a primeira semana da coleta de dados sobre a quantidade de indivíduos da espécie que se encontram no DF. O pesquisador José Roberto Moreira aproveitou para esclarecer que possivelmente não há uma superpopulação aparente de capivaras, mas somente uma impressão, já que os bichos estão mais acostumados com as pessoas e por isso são mais vistos.

Ele também abordou sobre as opções de controle populacional, que é um tema muito mais complexo por ser algo para sempre, não apenas uma solução breve para um problema. “Temos que lembrar que a população (de capivaras) está com recursos do ambiente disponíveis para ela, seja em alimentos, áreas de abrigo ou acesso para acasalamento, e quando você reduz o número de indivíduos da população, você está aumentando todos esses recursos para aqueles que ficam. Então, geralmente quando se tenta fazer um controle de população, o que acontece é uma explosão no número de indivíduos, porque aqueles que ficam lá tem o aumento da fertilidade, pois aumentam os recursos do ambiente disponíveis para eles. Um controle é algo constante e permanente, por isso que temos que ver a disponibilidade e disposição dos governos em fazer esse tipo de ação”, disse.

Além do controle populacional, o pesquisador salientou que a ideia de eliminar ou transferir membros da espécie também são cenários complicados, já que o primeiro cenário é suscetível ao repovoamento e o segundo requer um estudo para achar um outro local adequado, mas ainda assim é difícil pois seria apenas uma mudança do lugar do problema e não uma solução.

Thiago Silvestre, membro do Brasília Ambiental, explicou que, apesar de ser artificial, o Lago Paranoá é abastecido por diversos afluentes, que, por sua vez, trazem com eles, além de água, alguns animais como peixes, jacarés e as próprias capivaras. A presença desses bichos de maneira mais concentrada na Orla também se dá pela presença dos condomínios no local, que acabam diminuindo os espaços para os animais ficarem.

O biólogo também pediu a conscientização das pessoas para o convívio mútuo com os bichos. “Toda orla do Lago Paranoá é uma área de preservação da vida silvestre. Várias dessas áreas estão ocupadas, mas era um espaço para a fauna e flora estarem ali. Essa harmonia entre as pessoa que frequentam essas áreas, como o Pontão do Lago Sul, é muito importante, pois é um privilégio muito grande estarmos vendo esses animais, não podemos simplesmente querer que eles vão para algum lugar e a gente fique lá a vontade, porque é o lugar deles também”, avisou.

Sobre os cuidados, os discursantes avisaram que as capivaras são dóceis por natureza, mas que os animais silvestres costumam atacar quando se sentem ameaçados, então reforçam a importância das interações serem sempre a distância. Além disso, também pedem o discernimento de, quando as pessoas estiverem em uma área com capivaras, observar o local para ver se os bichos estão ali ou se tem pegadas, para poder se precaver. Ainda assim, não significa que elas sempre irão atacar caso passe perto delas.

A pesquisa do SEMA com a Universidade Católica segue sendo feita e com foco no principal objetivo, que é ter material de estudo para embasar políticas públicas para o cuidado animal e ambiental e encontrar soluções para a situação. Por fim, Helga reforça: “O Distrito Federal abriga a capital de um dos países mais ricos em biodiversidade, e essa posição demanda uma forte responsabilidade em relação à proteção das nossas espécies. Este trabalho permitirá identificar onde a espécie ocorre, qual o tamanho dos grupos e relacionar estas informações com estudos anteriores para a orla do lago. Com isto, conseguiremos descobrir as melhores formas de evitar acidentes como o ocorrido esta semana e promover políticas públicas para uma cidade sustentável”.

Recapitulando, nesta segunda-feira, um homem foi atacado por uma capivara enquanto nadava no Lago Paranoá. O momento foi flagrado por uma outra pessoa que registrava o momento. No vídeo, é possível identificar o animal nadando em direção ao banhista, que estava mergulhando, até que a capivara sobe em suas costas e o morde próximo ao ombro e depois sai pela água. O ocorrido foi na área conhecida como “piscina dos barcos”, local onde as embarcações ficam ancoradas.

Em fevereiro, outro caso semelhante também ocorreu no Lago Paranoá. Um homem praticava exercícios dentro da água até que foi surpreendido por uma capivara, que o mordeu na perna e na mão, resultando em 40 pontos. O caso ocorreu no condomínio Life Resort.

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