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Brasília

“Se ele estiver armado, ele vai até o fim”

Sargento Valter Lourenço, que comandou a caçada a Lázaro, em Barra do Mendes, em 2008, diz que criminoso não vai se entregar pacificamente

Vanessa Lippelt

16/06/2021 18h51

“Lázaro não vai se entregar de mão beijada e não vai se deixar ser capturado. Se ele estiver armado, ele vai até o final.” O sargento da Polícia Militar da Bahia, Valter Lourenço dos Santos, fala com a propriedade de quem comandou, em 2008, a caçada a Lázaro Barbosa de Souza, de 32 anos, após assassinar dois homens em Barra do Mendes, cidade situada a 543 km de Salvador. À época, a polícia caçou o criminoso por 15 dias na caatinga que só conseguiu prendê-lo porque ele se entregou.

“Quando se sentir cansado e gastar todos os recursos que tem, talvez ele procure alguém para ajudá-lo a se entregar, sem correr o risco de ser morto”, aponta o sargento que testemunhou esse mesmo desfecho em 2008.

Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, o militar que hoje está aposentado, revela como foram os dias de cerco ao criminoso mais procurado atualmente no Distrito Federal e no Goiás. Há sete dias, uma força tarefa está na região de Cocalzinho na captura de Lázaro que assassinou quatro pessoas da mesma família no Incra 9, em Ceilândia, no dia 8.

“Lázaro se movimenta muitíssimo bem no mato, é caçador. Ele conhece o mato como a palma da mão dele. Na época dos crimes, descobrimos um rancho que era dele no meio do mato, onde ficava por dias. Tinha caldeirões, um colchão velho e cobertas”, conta o sargento Valter. “Esse conhecimento dele atrapalhou muito as buscas. Tivemos que contratar dois vaqueiros que conheciam bem a caatinga para ajudar a rastreá-lo. Acredito que essa seja a mesma dificuldade da polícia daí.”

Para o cerco a Lázaro a polícia baiana contou com 15 policiais. Quatro deles eram de Barra do Mendes, e os demais de Ibipeba, Barro Alto, Irecê e também agentes da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Caesa).

A fuga

Logo após o assassinar José Carlos Benício de Oliveira, mais conhecido como Carlito, Lázaro se embrenhou no mato fugindo da polícia. “ Quando já estávamos no sétimo dia de buscas, ele invadiu uma casa onde roubou uma espingarda e uma picape D20. Na fuga, bateu o veículo ao se deparar com a guarnição da polícia”, relembra o militar. “Ele, então, passou na casa de um dos padrastos dele e pediu comida para levar. Dali, voltou a sumir na caatinga.”

Depois de 15 dias de perseguição, de acordo com o sargento Valter, Lázaro se viu acuado pelos policiais e decidiu buscar ajuda junto a Alberic Martins, um morador muito bem visto na cidade, e pediu que o ajudasse a se entregar para a polícia.

“Antes disso, numa das passagens dele a Barra do Mendes, durante a fuga, ele procurou a minha esposa, Ronita, que foi professora dele. Ele foi pedir que fosse eu a prendê-lo, para que não o matassem”, revela o militar.

Alberic, então, ligou para o sargento que efetuou a prisão de Lázaro. Como não havia delegado em Barra do Mendes, o criminoso foi levado para a Penitenciária Estadual de Irecê. “Não ficou nem 15 dias e já tinha fugido novamente”, conta.

Conterrâneos temem volta

O terror tomou conta dos conterrâneos de Lázaro, moradores de Melancia, um povoado perto de Barra do Mendes. De acordo com o o militar, ao saberem que o criminoso estava em fuga, muitos começaram a temer o retorno dele ao local. “As pessoas estão com medo e muitas já estão saindo de lá, deixando suas casas e vindo morar em Barra.”

Por causa da vida de crimes de Lázaro, o sargento Valter fica incomodado ao falar de como era o rapaz aos 19 anos, quando eram vizinhos. “Ele morava na frente da minha casa, numa república com outros estudantes. Era um rapaz que não fala va muito, mas era educado, dava ‘bom dia’ a todos”, revela. “ Mas virou bandido, não dá para elogiar bandido.”

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