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Brasília

Reservatório do Descoberto cai cerca de 25% em dois meses

Lago que abastece regiões mais populosas do DF está com 75% da capacidade

Vítor Mendonça

27/07/2022 5h40

Gabriel Jabur/ Agência Brasília

A estiagem no principal reservatório de água do Distrito Federal chegou mais cedo neste ano. O volume útil do Lago Descoberto, que abastece três das quatro Regiões Administrativas (RAs) mais populosas da capital, está caindo desde o dia 21 de abril e baixou o nível para 75% da capacidade total neste último domingo (24), de acordo com os dados da Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa).

Abrangendo as cidades de Ceilândia, Taguatinga, Sudoeste, Samambaia, Riacho Fundo, Guará, Águas Claras e Recanto das Emas – que reúnem mais da metade da população de Brasília –, portanto, o volume de água caiu 25% em aproximadamente dois meses. No mesmo dia 24 do ano passado, o volume estava em 88,6%; em 2020, 98,8%; e em 2019, 96,7%.

Desde quando atingiu a capacidade máxima após a crise hídrica, em 2019, o reservatório do Descoberto não ficava abaixo dos 86,3% de capacidade durante o sétimo mês do ano – este último valor foi registrado no dia 31 de julho do ano passado. Em 2022, porém, o mesmo mês começou com o nível em exatos 83% da capacidade total.

Em relação à perda do volume de água no mesmo período – do dia 1º ao dia 24 de julho –, em 2021, a quantidade total no reservatório do Descoberto caiu cerca de 6,1%. Já neste ano, a queda do volume de água foi mais rápida, caindo cerca de 9,6% em 24 dias. A baixa acontece principalmente em decorrência dos dias quentes e de seca vividos atualmente no DF – período no qual os reservatórios de água da capital tendem a esvaziar com maior facilidade.

Por outro lado, o reservatório de Santa Maria, que abastece as RAs do Plano Piloto, Lagos Norte e Sul, Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Jardim Botânico, Itapoã, Paranoá e Taquari, ainda segue acima dos 90%. O cálculo mais atualizado, também feito no último domingo (24), indicou o volume em 90,6%.

Uso consciente

Para estimular o uso racional dos recursos hídricos no DF, a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) recomenda algumas dicas importantes para usar a água de maneira consciente. Os mais fáceis de se aderir são os tempos de torneira aberta, que podem ser diminuídos com pausas na hora de lavar a louça, escovar os dentes ou regar as plantas – neste caso optando por um bico de mangueira de “esguicho-revólver”.

Também entre elas, está o banho mais rápido e com menos tempo debaixo da ducha. De acordo com o órgão, durante a atividade, gasta-se aproximadamente de 3 a 6 litros de água por minuto. Isso significa que um banho de 10 minutos pode gastar cerca de 60 litros d’água.

“O banho ideal é de 5 minutos, o que equivale a 30 litros de água”, destacou a Caesb, com pausas no chuveiro para se ensaboar. Neste caso, também se economiza na conta de energia elétrica, uma vez que o gasto para esquentar a água será menor.

Outra opção de economia é na hora de limpar as áreas externas, lavar o carro ou as roupas sujas. “Planeje as lavagens. Utilize a máquina de lavar com menos frequência, acumulando roupas sujas para, só então, ligá-la. Esta deverá ser usada somente quando estiver completamente cheia”, aconselhou a Caesb.

Maior economia

Em momentos de seca, é importante evitar o consumo excessivo de água não apenas para preservar os níveis dos reservatórios, mas também para garantir maior economia dentro de casa. Para aproveitar a água da máquina de lavar roupa, Claudiane Soares Leite, de 30 anos, conta que reutiliza a água da máquina de lavar para pelo menos três funções dentro de casa.

Moradora da M Norte, em Taguatinga, com o eletrodoméstico, a operadora de caixa faz três tipos de lavagem e, para cada uma, consegue reaproveitar o que foi gasto direcionando o recurso para três tambores diferentes. Com a primeira, normalmente com a água mais suja, ela costuma usar na sujeira mais grossa do quintal ou calçadas. A segunda, mais limpa, ela reutiliza para lavar outros tecidos como tapetes. A última, com menos impurezas, é para dentro de casa, muito aproveitada, segundo ela, para dar descargas no vaso sanitário.

“Também colocamos a água debaixo do chuveiro para aproveitar [a água que vai caindo durante o banho]”, acrescentou Claudiane. Ela afirma que tem esses hábitos desde a crise hídrica entre 2017 e 2018, quando o racionamento foi instituído no DF para evitar o consumo excessivo. “A gente ficava sem água, então tínhamos que fazer essa economia”, disse.

No lote que divide com outras duas residências, ela destaca que a economia vista naquela época acontece até hoje. “A conta de água ficou R$ 100,00 mais barata por mês. Então, toda vez que a conta chega, vemos que valeu a pena”, continuou. Na casa com o marido e um filho de 10 anos, Claudiane diz que o pequeno é quem mais os lembra de economizar.

“Ele é até mais consciente que eu e meu marido às vezes. Sempre avisa de que temos que economizar e usar a água corretamente”, afirmou. “Ele já tem plena consciência de cobrar com relação à descarga”, finalizou.

A Caesb ressalta que é importante que o usuário tenha o cuidado de jogar a água no ralo, para que ela vá para a rede de esgoto e seja tratada antes de cair em córregos e rios. “O descarte da água na rua faz com que ela vá para a galeria de águas pluviais e não receba o tratamento necessário, poluindo assim o meio ambiente”, destacou o órgão.

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