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Brasília

Relíquias de até 11 mil anos ajudam a contar a história de Brasília

Arquivo Geral

25/07/2016 7h33

Divulgação

Douver Barros
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Reconhecida pela modernidade representada nas criações de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, Brasília guarda tesouros arqueológicos ainda desconhecidos pelo grande público. Mais de 50 sítios, que datam até 11 mil anos, conversam com o presente e revelam comportamentos e vivências dos antepassados.
Pinturas rupestres espalhadas pelas 67 cavernas da capital também marcam a presença humana em outros períodos. E é com o objetivo de compartilhar essa parte da história que a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no DF lançará a exposição Patrimônio Arqueológico do Planalto Central, nesta sexta-feira.

A mostra é resultado de escavações iniciadas na criação de Brasília e reúne mais de 20 mil peças em seu acervo, incluindo objetos de cerâmica; ferramentas líticas, como pontas de flecha e lascas; além de um crânio de sambaqui, adornos e fragmentos de mandíbula.
Parte desses objetos foi encontrada na região de Taguatinga durante a construção da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), onde foram realizadas escavações por arqueólogos, como ocorre nos grandes empreendimentos.

“Esses tesouros permaneciam abrigados em Goiânia, em consequência da inexistência de uma instituição de guarda no DF. Com essa exposição, também queremos sensibilizar o Governo de Brasília a criar uma guarda para esses artefatos e valorizar a nossa história”, ressalta a arqueóloga do Iphan Margareth Lourdes de Souza. “Temos uma história muito rica e queremos dar visibilidade a tudo isso”, completa.

A mostra inclui peças encontradas pelo arqueólogo e padre Alfredo Rohr, em Santa Catarina, doadas à Academia Nacional de Polícia Federal nas décadas de 1970 e 1980. É a primeira vez que o público terá acesso à coleção, tombada pelo Iphan.

Fonte de descobertas sobre antepassados

Os sítios arqueológicos encontrados no Planalto Central – região que compreende Goiás e o DF – são divididos em líticos, cerâmicos, cemitérios, de arte rupestre e do período colonial. Eles são a única fonte de informação sobre os antepassados e, no Brasil, são protegidos pela Constituição e pela Lei Federal 3.924/1961. É o Iphan quem fiscaliza e difunde todo esse patrimônio.

O evento faz parte das comemorações de 15 anos da Superintendência do Iphan no DF e marca os 80 de atuação da autarquia no Brasil. O acervo ficará disponível para visitação até 30 de setembro. Após isso, deve seguir para o Museu de Geociência da UnB.

Outro destaque é o lançamento de dois livros sobre a história de Brasília. Um dos volumes, intitulado Superquadra de Brasília: preservando um lugar de viver, aborda a criação do projeto idealizado por Lucio Costa. Em quase 100 páginas, a obra incentiva a preservação e trata do tombamento.

“Procuramos valorizar o trabalho original e estimular a preservação. Mostramos que essas modificações nem sempre trazem valor para o objeto. Esses projetos urbanísticos, quando se mantêm o estado original, até agregam mais valor comercial”, explica o superintendente do Iphan e doutor em planejamento urbano pela UnB Carlos Madson Reis.

O outro livro, GT Brasília e a memória da preservação do patrimônio cultural da cidade, é resultado de dados coletados do estudo do Grupo de Trabalho para a Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Brasília (GT/Brasília), realizado na década de 1980. Este dossiê era restrito e, portanto, desconhecido pela população. “É um estudo muito consistente, atual. Ele embasa diversos outros trabalhos nossos e acadêmicos”, diz Carlos Madson.

Conforme a mestre em arquitetura e urbanismo e coordenadora técnica do Iphan Sandra Bernardes Ribeiro, a história contada “é muito rica e mostra que Brasília vai além do tombamento”. Ela prevê que o “livro cumprirá o seu papel de educar e, por isso, é importante que chegue às escolas”.

Serviço

Exposição arqueológica
e lançamento de publicações sobre Brasília e o Planalto Central
Data de abertura: 29 de julho (sexta-feira), às 18h
Local: Sede do Iphan
Endereço: SEPS 713/913, Bl. D, Edifício Iphan

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