Lígia Vieira
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Mudar a mentalidade dos brasilienses e ocupar uma parte da cidade que funciona apenas em horário comercial. Com essa ideia, três sócios se uniram e criaram, no início do ano, o coletivo No Setor. A iniciativa promove eventos, auxílio administrativo e divulgação de projetos no Setor Comercial Sul (SCS) com ajuda dos mais diversos parceiros, que também atuam na região.
“Nosso objetivo é gerar um negócio social, atuar de forma ampla e requalificar o Setor Comercial Sul”, afirma Felipe Velloso, um dos criadores da iniciativa junto aos colegas Caio Dutra e Ian Viana.
Atualmente, o No Setor possibilita festas, palestras, feiras orgânicas, passeios turísticos e até partidas de futebol com moradores de rua.
Os idealizadores ressaltam que a região é de fácil acesso e traz várias oportunidades. “O próprio pessoal daqui vê o Setor Comercial Sul como um local de criminalidade. Nós agimos também para diminuir esse preconceito”, comenta Viana.
O coletivo começou a agir no Carnaval, quando transformou o SCS no Setor Carnavalesco Sul e oito blocos fizeram a festa. A ação vai se repetir em 2019. “O foco é facilitar que manifestações culturais venham para cá. A gente vai atrás dos alvarás e de tudo o que os organizadores precisam. Dizemos ‘foquem em treinar os instrumentistas, e resto é com a gente’”, diz Velloso.
Esporte para todos
O Festuc, que começou como um churrasco na casa de um amigo, virou uma pelada social. Os organizadores chegam com a bola na mão e chamam quem estiver por perto para jogar até as 22h no Beco da CAL, na Quadra 4. Entre os jogadores dos times estão moradores de rua e trabalhadores.
“A partida de futebol é um espaço democrático. Depois a gente senta e conversa. É impressionante como eles ficam felizes”, ressalta o idealizador do Festuc, Vitor Tucci.
Algumas edições têm música, comida e um espaço para tomar banho. Inclusive, é uma forma de combate às drogas – um problema na região. “A gente percebeu que depois do jogo os moradores daqui vão dormir e esquecem as drogas”, contou Tucci.
Outra vontade do No Setor é consolidar o SCS como um centro histórico. Por isso a ideia do Walking Tour – modalidade de turismo em que os visitantes conhecem a região caminhando – em parceria com estudantes de Turismo da Universidade de Brasília. O passeio é gratuito.
Nesta região, estão localizados o Museu dos Correios, a Casa de Cultura da América Latina (CAL), o Sesc e a Fundação Palmares, mas a intenção é mostrar mais que azulejos de Athos Bulcão e prédios de Oscar Niemeyer. “O Walking Tour passa não só por lugares óbvios. Os turistas veem galerias a céu aberto, que são os becos com grafite de grandes artistas, e veem Brasília de outra forma”, lembra Felipe Velloso.
Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.
Local de disseminar a cultura
Há dois anos foi criado o Espaço Cultural Canteiro Central, na Quadra 3 do SCS, que atualmente é um dos parceiros do No Setor. Uma realização pessoal do proprietário Erico Grassi, que fez do espaço mais que um local de promoção das diversas culturas brasilienses.
“O Canteiro Central tem três objetivos: uma casa de eventos que ressignifica o SCS e pode receber o público que ficou sem lugar para ir depois que o Balaio e o Gate’s Pub fecharam; um local que não só apresenta a cultura, mas que produz; e que dure mais de dois anos, que é a vida útil das casas noturnas da cidade”, explica Grassi.
Porém, um fator que ele ainda quer melhorar é a relação do espaço com os trabalhadores do SCS. Por isso, criou eventos como o “Dia de botecar”, às quarta-feiras, com uma roda de samba e transmissão de partidas de futebol. “A gente quer dialogar com a comunidade diurna, o pessoal que ainda vê esse ambiente apenas como local de trabalho”, ressalta.
O que vem por aí
Hoje, 19h – Festuc – Beco da CAL
Amanhã, às 22h – Happy Hour da L2, no Canteiro Central
30/11, às 16h20 – SCS Tour. Cadastro em: bit.ly/InscricaoSCSTour
30/ 11, às 23h – Madness 2, no Canteiro Central
Saiba mais em facebook.com/NoSetor
