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Brasília

Projeto de inclusão e acessibilidade para a comunidade surda ganha destaque em incubadora

O projeto VozLibras é um aplicativo que pretende utilizar inteligência artificial para fazer transcrições, em tempo real, de libras para texto e áudio e vice-versa

Redação Jornal de Brasília

23/08/2022 18h42

Foto: Divulgação

Marcos Nailton
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O projeto VozLibras ganhou o primeiro lugar e foi destaque na segunda turma do Cocreation Lab do Distrito Federal, iniciativa de pré-incubação de negócios da capital federal. A ideia é produzir um aplicativo que trará uma melhor qualidade de vida de pessoas com deficiência auditiva, capaz de fazer tradução de texto e áudio para libras e vice-versa.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população brasileira é surda, representando 10 milhões de pessoas em todo o país, sendo que 2,7 milhões não conseguem ouvir nada.

A iniciativa do VozLibras começou a ser pensada dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em 2018, após uma assistente administrativa surda que trabalhava em uma biblioteca do SENAI sentir dificuldades em se comunicar com os alunos, por não saberem libras e não ter a presença de um intérprete. Com isso a biblioteca acabou ficando inutilizável devido a esse impedimento.

De acordo com a equipe do projeto, o objetivo é conectar os alunos e a comunidade surda utilizando essa comunicação de duas vias, no qual há essa troca de informações através do aplicativo. O que existe no mercado hoje não é efetivo e desaprovado pelas pessoas surdas, pois o que existe são glossários que fazem sinais.

No aplicativo você vai digitar uma frase e você digitando e enviando o áudio, a inteligência artificial com o banco de dados que terá incluído, ela vai processar esse texto e áudio e vai conseguir fazer a tradução onde um avatar 3D vai fazer o movimento. A partir disso, esse movimento do avatar 3D vai ser a tradução do texto e áudio para que o surdo consiga compreender.

Outro diferencial é a capacidade de o aplicativo estar presente 24h por dia, não necessitando da presença de um intérprete para a comunicação. A proposta é também desenvolver uma escolaridade e comunicação melhor, para incluir as pessoas surdas em todos os âmbitos da sociedade. Vale destacar que o projeto ainda está em fase de incubação, os empreendedores estão em busca de investidores para conseguirem contratar programadores e desenvolver o aplicativo.

Para a instrutora e idealizadora do projeto, Isabel Fernanda, 61 anos, a criação do aplicativo é uma solução social para a comunidade surda. “Antes de ser um empreendimento ela é uma solução social para uma dor social que vem desde os espaços educacionais, desde o professor e passa pelas empresas que são hoje obrigadas por lei a contratar deficientes, não somente surdos, mas deficientes de toda ordem”, conta.

Isabel Fernanda conta que através de uma pesquisa feita por alunos do SENAI, ficou aparente que a adaptação do posto de trabalho para o surdo, implica mais em despesas para a empresa do que em qualquer outro tipo de deficiência. Ela conta que a ideia do aplicativo é de amenizar a desigualdade presente na sociedade, profissionalizando as pessoas surdas para que cheguem no mercado de trabalho com qualificação.

“A ideia foi de integrar essa metodologia num treinamento desses termos técnicos em inteligência artificial dentro dos espaços educacionais profissionalizantes e esse banco de dados migrar para o mercado de trabalho aumentando a oportunidade de chegar ao mercado com qualificação dessa comunidade surda, e por fim, no final desse surdo dando ao surdo plena convivência social através dessa aplicação”, ressalta.

A mentora do projeto destaca que não é um aplicativo fácil de fazer, principalmente por causa da adaptação de termos técnicos, sinais e traduções que ainda não existem na Língua Brasileira de Sinais. Eles contam que estão desenvolvendo junto com a comunidade surda para que tenha sinais específicos dentro do aplicativo de diversas áreas, como metalmecânica, medicina, e várias outras tecnologias existentes na indústria, escolas e universidades.

“Não é um aplicativo fácil de fazer, se fosse fácil já existiria, […] Nós temos o interesse de inovar nesse sentido, de fazer algo realmente efetivo que vai beneficiar não só a comunidade surda, mas vai beneficiar a sociedade como um todo em função dessa interação social que esse projeto oportuniza”, conclui Isabel Fernanda.

Perspectivas futuras

Como o projeto ainda está em fase de incubação, os empreendedores estão em busca de investidores para desenvolver o aplicativo. Uma função que eles querem trazer para o futuro é a capacidade de programar a emocionalidade no avatar 3D, a língua de sinais só é entendida 100% pela pessoa surda a partir do momento em que consegue-se realizar o movimento das mãos e as expressões não manuais. pois certos sinais comunicativos necessitam trabalhar em conjunto.

A capacidade de trazer a acessibilidade para sites por meio de “plugins” dentro de sites de instituições é outro objetivo, no qual o avatar 3D vai estar traduzindo o site de empresas, escolas, universidades, entre outros. De imediato o público-alvo serão as instituições educacionais e empresas. Com uma possível conquista do mercado, os empreendedores pretendem focar nos consumidores finais.

É importante ressaltar que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), é a segunda língua oficial do país, utilizada pela comunidade surda brasileira, reconhecida pela Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002

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