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Brasília

Preocupação com saúde, educação e pautas sociais moldam o voto dos brasilienses

Há mais ou menos duas semanas para o primeiro turno das eleições, moradores do DF contam o que os influenciam na hora de escolherem seus candidatos

Mayra Dias

19/09/2022 18h12

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Preocupação com o coletivo e com as minorias e alinhamento com valores importantes. Essas são algumas das características que o brasiliense busca na hora de escolher seu candidato. Há cerca de duas semanas para o primeiro turno das eleições deste ano, as pessoas estão focadas no processo de escolher aqueles que irão representá-las pelos próximos 4 anos. 

Estando, ainda, se recuperando da pandemia que tirou a vida de quase 700 mil brasileiros,  a prioridade da grande maioria dos eleitores quando forem às urnas é a saúde. “Vivemos uma experiência extremamente negativa nos últimos três anos e, hoje, temos consciência de como nossa saúde é frágil. Precisamos de pessoas que tenham a melhoria desse setor como prioridade”, defende Maria Aparecida de Oliveira, moradora de Planaltina DF. Aos 43 anos, ela conta que pesquisa minuciosamente as propostas dos candidatos que chamam sua atenção, seja nas redes sociais ou nas propagandas eleitorais. Sua preferência, será por aqueles que valorizam o Sistema Único de Saúde (SUS), um programa que, de acordo com ela, é o maior sistema de saúde pública do mundo e foi fundamental para evitar que ainda mais vidas fossem perdidas na tragédia que foi os anos de ápice da covid-19.

Assim como Maria, Luiz Cláudio Ferreira também se preocupa em pesquisar detalhadamente as propostas de seus candidatos. “Espero que seja alguém sensível à tragédia social provocada pela pandemia de covid. Para decidir, sinceramente, levarei em conta as propostas que se opunham à política negacionista”, afirma. 

Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no último dia 2, entre os 5.734 entrevistados em 285 municípios do país, 34% afirmaram ver a saúde como a primeira preocupação na decisão de voto. Em segundo lugar vem a educação, com 24% da preferência, e, em terceiro, o emprego e renda que são prioridades de 17% do eleitorado. Já a corrupção, tema esse que foi foco das eleições de 2018, aparece na quarta colocação, com 10% das citações. De acordo com o IBGE, um dos efeitos da pandemia foi a queda de de 4,4 anos na expectativa de vida dos brasileiros, após 80 anos de crescimento. 

Mas esses não são os únicos temas que os brasilienses estão levando em consideração. Rafaela Oliveira, de 24 anos, por exemplo, conta que acha ser importante analisar todo o cenário. “Busco um candidato que esteja alinhado com os meus valores e pensamentos, que tenha um olhar voltado para um todo e não apenas para uma parte da população”, diz. “Um candidato que priorize investir na saúde e educação, que lute pelas minorias, que seja transparente em sua gestão”, completa a autônoma. Ela compartilha ainda que a primeira coisa que observa é a forma como o candidato se comporta e toma atitudes, assim como seu histórico. “Hoje em dia, felizmente, temos acesso a várias mídias sociais e canais de busca que nos permitem pesquisar tais assuntos, é de extrema importância saber sobre o passado do candidato e ir a fundo para descobrir se o seu pensamento está alinhado ao dele”, argumenta a jovem. 

Redes sociais como formadoras de opinião 

Uma pesquisa de opinião do Instituto DataSenado, intitulada “Redes Sociais, Notícias Falsas e Privacidade na Internet”, realizada em parceria com as Ouvidorias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal aponta a influência crescente das redes sociais como fonte de informação para o eleitor. Quase metade dos entrevistados, 45%, afirmaram ter decidido o voto levando em consideração informações vistas em alguma rede social. A principal fonte de informação do brasileiro hoje, de acordo com o levantamento, é o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp. Das 2,4 mil pessoas entrevistadas, 79% disseram sempre utilizar essa rede social para se informar. 

Quem também utiliza as redes sociais para se informar e moldar sua decisão é Matheus Augusto, de 26 anos. “Como trabalho fora o dia todo e não tenho tempo de assistir televisão, o que me mantém informado é o celular. Utilizo muito o instagram e twitter para me informar mas também acompanho as notícias por aplicativos de jornais, afinal, nem tudo que está na internet é 100% confiável”, compartilha o estudante. Ele conta ainda que não decidiu quem são todos os seus candidatos, e está em processo de pesquisa. 

O levantamento do DataSenado traz também a frequência com que os diversos meios de comunicação e redes sociais são usados como fonte de informação e, entre os entrevistados, além do Whatsapp, 50% disseram que sempre recorrem à televisão e 49% se informam pelo YouTube. De acordo com os números, quanto mais alta a faixa de idade, maior o percentual de pessoas que dizem utilizar sempre a TV. Para o Instagram e YouTube, acontece o inverso, quanto mais baixa a faixa etária, maior o percentual daqueles que se informam por esses meios. 

Educação e pautas sociais 

Mãe de três crianças em idade escolar, Nayara Monteiro tem a preocupação com a educação como principal fator de decisão. “Sempre que assisto as entrevistas e debates fico esperando perguntas relacionadas a esse tema virem à tona”, diz. Sou mãe, tenho que me preocupar com o futuro dos meus filhos e, sem dúvidas, a educação é a base de tudo”, conclui a fotógrafa. 

Assim como Nayara, Nathália Araújo, empresária e moradora de Sobradinho, também tem a educação como preocupação, mas não é o único tema que ela considera relevante na sua escolha para qualquer cargo do governo. “A preocupação do candidato com as minorias também influenciam muito a minha decisão. Saber se aquele candidato está pensando em políticas voltadas às mulheres, às pessoas com deficiência, LGBTs e aquelas que se encontram em vulnerabilidade social é importantíssimo para decidir meu voto”, comenta. 

Ana Luiza de Paula também tem as minorias como protagonistas de sua escolha. “Sou LGBT, certamente irei querer saber o que cada um dos candidatos vai fazer pela minha comunidade. Vivemos em um momento onde não somos enxergados e, nessas eleições, temos a oportunidade de mudar isso, escolhendo pessoas que nos vêem e pensam em nos incluir”, compartilha a estudante de 22 anos. Ela conta ainda que, esse ano, está vendo esse tema ganhando mais espaço. “Estou esperançosa com o futuro pois vejo muitos concorrentes citando essa pauta nos seus projetos de governo, coisa que não víamos em eleições anteriores. Acredito que, finalmente, estamos sendo vistos e caminhando para um tratamento minimamente  igualitário. Estamos na reta final, então precisamos analisar com consciência a nossa escolha”, finaliza.

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