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Brasília

Pós-Ramadã: Sheikh do Centro Islâmico diz que não presencia preconceito no DF

Neste mês, os fiéis que tiverem condições de saúde para isso demonstram sua devoção praticando um jejum do nascer até o pôr do sol

Agência UniCeub

23/04/2023 10h12

Foto: Fernanda Ghazali

O Ramadã, que se iniciou neste ano no dia 22 de março e se encerrou na quinta-feira ao início da noite, é o nono mês no calendário lunar islamico, considerado sagrado para a religião.

O mês do Ramadã é importante para os muçulmanos por ser o mês em que o profeta Muhammad (Maomé) recebeu suas revelações sobre a palavra do deus Allah por meio do anjo Gabriel.

Neste mês, os fiéis que tiverem condições de saúde para isso demonstram sua devoção praticando um jejum do nascer até o pôr do sol.

Líder religioso do Centro Islâmico de Brasília, o Sheikh Muhammad Zidan nasceu no Egito e mora no Brasil há quase 40 anos, tendo conseguido nacionalidade brasileira.

Ele diz acreditar que o país trata os membros de sua religião com respeito, chegando a declarar que sente como se vivesse em um país islâmico.

“Estou aqui há 37 anos e nunca sofri algum preconceito. Me considero vivendo em um país islâmico mesmo”

O Sheikh veio para Brasília chamado pela embaixada da Arábia Saudita para trabalhar no Centro Islâmico e diz que os membros da mesquita estão sempre abertos para aqueles que tiverem dúvidas e quiserem conhecer mais sobre o Islã.

A religião no Brasil

O Islamismo chegou ao Brasil ainda no periodo do tráfico de escravos, com seguidores do Islã sendo trazidos para trabalho forçado no país. Com muitos deles tendo sua religião oprimida, o crescimento do Islã no país foi ter um aumento considerável apenas no começo do Século XX, com a imigração de sírios e libaneses durante as guerras mundiais.
Com cerca de 1 milhão de muçulmanos de acordo com a Federação das Associações Muçulmanas no Brasil, o islamismo ainda tem um numero pequeno de seguidores no país em relação as religiões cristãs. O Sheikh Muhammad diz acreditar que é difícil essa proporção crescer como vem acontecendo em países europeus, devido ao vasto número de católicos e evangélicos que constituem por volta de 80% da população brasileira.

Cinco pilares

O Islamismo possui cinco pilares obrigatorios para sustentar sua fé, com o jejum do Ramadã sendo um deles. O primeiro desses pilares é a Shahada, porta de entrada para a religião, onde o religioso demonstra seu credo em Allah como deus único proferindo a frase “Não há divindade além de Allah e Muhammad é mensageiro de Allah“ durante orações todos os dias.


O segundo pilar é o Salat, orações feitas cinco vezes ao dia de acordo com a posição do sol. O terceiro é o Zakat, que é um processo de purificação espiritual por meio da doação de 2,5% da quantia que possuir como ato de caridade uma vez ao ano para aqueles que possuírem riquezas equivalentes ou superiores a 85 g de ouro.

Mesquita fica localizada na SGAN 912, na Asa Norte; foto por: Wikimedia Commons

O quarto pilar da religião é justamente o Ramadã, o jejum que deve ser feito ao longo do dia durante o nono mês do calendário lunar. E o quinto e último pilar é o Hajj, peregrinação à Meca que deve ser feita ao menos uma vez na vida para aqueles que tiverem condições financeiras de realizá-lo.


O Sheikh Muhammad explica que existe bastante tolerância para a prática do jejum durante o ramadã para aqueles que não tiverem condições físicas de realizá-lo.
“Crianças, mulheres grávidas, mulheres amamentando, idosos ou pessoas que estão tomando remédio controlado não precisam fazer o jejum. Há muita tolerância dentro desse pilar, vai depender da situação de saúde da pessoa.”

Calendário Islâmico

Existem diversos calendários ao redor do mundo e os muçulmanos seguem o calendário hegírico, que possui doze meses de 29 ou 30 dias e se inicia com a Hégira, a fuga do profeta Muhammad de Meca para Medina no ano 622 do calendário gregoriano. O calendário islâmico atualmente se encontra no ano 1444, com seu mês de Ramadã se encerrando nesta semana.


O Sheikh Muhammad explica que o calendario do Islamismo se diferencia do gregoriano, mais utilizado ao redor do mundo, por ser um calendário lunar. O começo de cada mês é marcado pelo início da fase de lua nova.
Com a modernidade, novas ferramentas foram feitas para ajudar os muçulmanos a professar sua fé. O Sheikh conta sobre um aplicativo em seu celular chamado Muslim Pro, que dá aos fiéis a oportunidade de ter fácil acesso ao calendário e os horários em que se deve começar e encerrar o jejum em cada dia do Ramadã.

A mesquita do Centro Islâmico permite aos fiéis realizar suas orações diárias; foto: Fernanda Ghazali

Conversão

Para se converter ao Islã é necessário primeiramente realizar a Shahada, afirmando sua fé de que Allah é o único deus. Após isso aquele que quiser se converter deve passar a seguir os pilares do islamismo. O Sheikh Muhammad explica que as tradições são as mesmas para aqueles que nasceram dentro da religião e aqueles que se converteram e que eles orientam os recém-convertidos sobre o que se deve fazer.


O Sheikh conta ainda que existem diversos muçulmanos convertidos não só na mesquita do Centro Islâmico mas também ao redor do Distrito Federal como em Taguatinga e Samambaia e em outros estados como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e mais

Para conhecer mais sobre o Ramadã e o Islamismo, contate o Centro Islâmico de Brasilia

Por: Henrique Sucena e Fernanda Ghazali

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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